Como saber se sua empresa está pronta para o futuro?

Jaqueline Weigel

CEO da W Futurismo, Futurista Global, Estrategista, especialista em Foresight, em Comportamento Humano e em Gestão Positiva de Mudanças. Faz parte da comunidade da UNESCO em Futures Literacy.

Escreve a coluna Futurismo

Como saber se sua empresa está pronta para o futuro?

Publicado em 18/07/2022

Saiba por que as empresas estão perdendo seus talentos e atraindo cada vez menos gente competente

Em 2017, apresentei na W Futurismo as possíveis rotas de futuro dos negócios. O que eram hipóteses estão se confirmando agora, e o futuro está sendo antecipado. Em 2018, publicamos tendências até 2025, todas estão em andamento acelerado. O que nos mostra que a mudança leva um tempo, mas tem levado menos tempo agora, na era da velocidade transformadora radical.

Estudar o futuro não é sobre previsões, e sim sobre usar instrumentos para analisar de forma organizada os sinais de mudança, explorar possibilidades e voltar para o presente com uma fotografia ampliada para, então, responder de forma inteligente e antecipada às novas demandas do mundo.

Executivos industriais foram treinados para trazer resultado no curto prazo, e por isso, poucos têm de fato habilidade para visualizar o futuro que, tecnicamente, precisa ter um horizonte de no mínimo 10 anos.

Tenho assistido muita narrativa sobre o futuro sem fundamentos sólidos e penso que agora é hora de tratarmos este assunto de forma madura.

No planeta, tudo está em transformação, radical e acelerada. Não tenho preocupações com os jovens e com as crianças, porque elas são naturalmente preparadas para as próximas décadas, que será delas.

As gerações mais velhas, cada vez mais numerosas no planeta, continuam insistindo em modelos obsoletos que já se provaram bons para poucos e ruis para muitos, e a sociedade já declarou que não está mais disposta a investir no velho jeito de fazer negócios.

Organizações globais impondo suas regras ao mercado, empresas esquizofrênicas adoecendo seus trabalhadores, líderes focados em metas que continuam insistindo no comando e controle, além de projetos vazios, confusos, sem perspectiva além do crescer ou faturar mais. Crescer como antes talvez não seja a toada desta década.

Empresas que estão prontas para o futuro consideram o longo prazo em todas as suas discussões, têm indicadores de como a visão de futuro se alinha com as estratégias do presente, medem sua reputação de forma precisa, questionam as rotas alternativas do negócio, saem na frente em seu segmento, apreciam a mudança radical, encorajam as pessoas a explorar, investem em seus agentes de mudança, lidam bem com a complexidade e têm uma comunicação voltada ao que pode ser, não ao que foi ou existe agora.

Trabalho com empresas de diferentes segmentos e tamanhos, e as visões de futuro são raras, pouco robustas, pouco conectadas às ambições que põem como desejo central os problemas da sociedade e não o lucro dos acionistas. Decretos frágeis, óbvios, pouco objetivos que não engajam a força de trabalho para um esforço fora do comum.

O resultado disso é a perda massiva de talentos, a baixa atratividade no mercado, o baixo engajamento dos colaboradores e o caos extremo interno, que causa sofrimento a quem trabalha neste tipo de ambiente tóxico.

Jovens talentos têm citado frequentemente que não querem mais trabalhar para empresas confusas que tomam toda sua energia no dia a dia e que parecem não ter destino algum, senão o resultado financeiro. Dizem, ainda, que os executivos fingem ouvir, e que o que eles falam pode ser bacana, mas é completamente diferente do que fazem na realidade rotineira.

O choque de cultura e de gerações está em seu auge. Poucos seguirão, muitos surgirão para ocupar o espaço. Olhar para o longo prazo de forma sustentável vem se tornando cada vez mais importante e é isso que fazemos por aqui, usando as melhores metodologias de futuro do mundo. Ameniza os impactos, mitiga riscos e traz para a administração um novo olhar: nada de controle, nem de planejamento óbvio. Muita imaginação aliada a boas estratégias. Esta é a melhor receita de futuro que uma empresa pode experimentar em tempos revolucionários como os de hoje.