ENCOAD 2023 alcança mais de 14 mil visualizações em dois dias de evento - CRA-SP
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ENCOAD 2023 alcança mais de 14 mil visualizações em dois dias de evento

A 14ª edição do Encontro do Conhecimento em Administração reuniu 4.508 inscritos interessados em saber mais sobre O Algoritmo da Empregabilidade

O Encontro do Conhecimento em Administração - ENCOAD 2023 chegou ao fim na última quinta-feira (14) após dois dias de muito conhecimento e interação entre o público presente. No total, foram quase 20 horas de transmissão ao vivo pelo Canal A Serviço da Administração, 4.508 pessoas inscritas e 14.120 visualizações em tempo real. 

Para debater O Algoritmo da Empregabilidade, o evento, realizado em parceria com os Grupos de Excelência do Conselho, recebeu 43 especialistas, que participaram de mesas de debates, entrevistas e também palestras, ocupando as 25 faixas da programação do ENCOAD e abordando temas como saúde mental, universo ESG, desenvolvimento humano, diversidade, empreendedorismo, tecnologia e inovação, sempre sob o prisma da empregabilidade. 

A realização do evento, que este ano chegou a sua 14ª edição, faz parte do objetivo social do CRA-SP de levar conhecimento gratuito e de qualidade não só aos profissionais e estudantes de Administração, mas também a toda a sociedade, colaborando para o desenvolvimento das organizações. 

Assim como nos anos anteriores, o ENCOAD 2023 contou com a tradução simultânea em libras e forneceu certificados de participação àqueles que fizeram a inscrição no evento e acompanharam as apresentações ao vivo. 

Confira, abaixo, tudo o que foi destaque no segundo e último dia de programação. 

Foto de Thalita Gelenske

Thalita Gelenske

Faixas especiais

Iniciando a programação do dia, o ENCOAD recebeu em sua primeira faixa especial a fundadora da Blend Edu e LinkedIn Top Voice Thalita Gelenske. No bate-papo, a especialista falou que, embora exista diversidade no País, ela ainda não está presente em todos os lugares, como em posições de tomada de decisão. “Quando olhamos para os ambientes corporativos, apesar do País ter mais da metade da população composta por mulheres, nos cargos de alta liderança das 500 maiores empresas brasileiras há apenas 13% delas na composição de colaboradores. O mesmo vale quando olhamos para pessoas negras, que são maioria na população do Brasil: a gente vê um percentual de 4% nos cargos de destaque e, se forem mulheres negras, o percentual é de 0,4%. O cenário se repete quando analisamos as pessoas com deficiência e LGBTQIA+”, explicou.

Com o tempo, segundo Thalita, as empresas começaram a perceber que a desigualdade que existe no Brasil também se reproduz no ambiente de trabalho. E o primeiro insight que fez com que as empresas entendessem que elas têm um papel importante para mudar essa desigualdade foi o argumento moral. Já o segundo movimento surgiu quando as organizações entenderam que quanto maior a diversidade no seu ambiente, melhor elas conseguem desenhar os produtos e serviços para atender clientes diversos. “As organizações entenderam que ter diversidade nos seus quadros de colaboradores proporciona maior inovação, colaboração, conexão com o mercado consumidor e construção de marcas mais fortes”, esclareceu a CEO.

Foto de Mórris Litvak

      Mórris Litvak

Em seguida, o convidado especial foi Mórris Litvak, CEO & founder da Maturi, que abordou os desafios e preconceitos enfrentados pelos profissionais 50+ no mercado de trabalho. Ele comentou que o País ainda está despertando para a realidade do envelhecimento populacional e que as organizações estão em diferentes estágios de preparação e conscientização. “Hoje há cases interessantes de contração e manutenção de pessoas 50+ no Brasil, principalmente nas multinacionais, que estão mais avançadas na agenda de diversidade e inclusão e, por isso, também olham para a diversidade etária. De modo geral, esse assunto ainda não é prioritário, não há metas relacionadas a isso, mas há um crescimento e um interesse maior nesse tema”, disse Litvak. 

De acordo com o CEO da Maturi, há estudos que comprovam que a diversidade traz inovação e que equipes multigeracionais são mais criativas e produtivas, elementos cruciais para qualquer negócio prosperar. “A organização que não insere o profissional 50+ no seu time tem muito a perder, porque ele é mais comprometido, enquanto para os mais jovens é natural trocar de emprego; vai trazer um olhar mais holístico, por já ter passado por diversas crises; é mais calmo para lidar com as diversidades; tem jogo de cintura, olho no olho, paciência; é mais atento para lidar com o cliente; vai ajudar os jovens a lidarem com momentos de ansiedade, que é cada vez mais comum; e também conhece o público consumidor 50+, que já é muito grande e vai ser cada vez maior”, enfatizou Litvak.

Foto de Whiny Fernandes

Whiny Fernandes

Na terceira faixa especial do dia, o bate-papo foi com a especialista em Employer Branding e mentora de startups e carreira Whiny Fernandes, que iniciou a sua fala esclarecendo a dúvida de muitas pessoas: o que significa Employer Branding? Ela disse que o conceito está relacionado ao gerenciamento da marca empregadora da organização, ou seja, como atrair e reter os melhores talentos. 

Whiny contou que no processo de seleção, em um primeiro momento, as organizações analisam a parte técnica e as expertises específicas dos candidatos, porém, o que faz a pessoa ser selecionada é a vontade que ela tem de fazer as coisas acontecerem. “É o nosso lado pessoal, o potencial de adaptação e o desejo de descobrir novas oportunidades que vai nos diferenciar de robôs, de dados e da inteligência artificial”, ponderou.

Por outro lado, atualmente, o candidato também pode escolher a empresa que mais tem a ver com o  seu perfil. A especialista relembrou que, anos atrás, para saber se uma organização era legal para trabalhar ou não, era preciso perguntar para as pessoas que lá trabalhavam. Agora, há várias formas de descobrir como é a empresa. Como exemplo, Whiny citou as redes sociais, pois nelas dá para saber se os colaboradores interagem ou não com a marca; o site Reclame Aqui, para saber como eles tratam os clientes; e  também verificar as avaliações realizadas no Glassdoor, plataforma em que o profissional pode colocar avaliações anônimas de como foi ou está sendo trabalhar naquela empresa. “A dica é pesquisar na internet de maneira geral o comportamento daquela organização. Essa é a melhor maneira de ser protagonista da nossa carreira”, orientou. 

Foto de José Vicente

      José Vicente

Logo após, foi a vez do reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente, falar sobre a empregabilidade dos profissionais negros na atual sociedade. Na entrevista, ele comentou que apenas 5% dos 115 milhões de negros do Brasil assumem cargos executivos em empresas brasileiras, multinacionais e governamentais. Para o ele, essa realidade deve-se ao racismo estrutural, que ainda define e delimita os postos e espaços que os negros podem acessar no ambiente corporativo. 

Outra questão que também justifica esse percentual, segundo Vicente, é a qualificação e preparação desse público para integrar os espaços corporativos “Temos esse viés racial, que atravessa a gestão do nosso País, a exclusão e a intolerância racial e, tudo isso junto, se manifesta como racismo estrutural. Ele permite que os negros cheguem, pelo menos, até os cargos intermediários e depois colocam a “trava” e não deixa que eles acessem os cargos mais prestigiados de liderança e gestão”, revelou.

Na opinião do reitor, para quebrar essas barreiras as empresas precisarão ter a convicção de que trata-se de uma situação insustentável e que produz danos e prejuízos não só para os negócios, como também para a sua comunidade colaborativa, para o ecossistema, cidade, estado e país. “Sabendo disso, que elas tenham o compromisso e a disposição de iniciar as mudanças que tornam esse espaço plural, democrático e que todos possam acessá-lo indistintamente da sua cor, raça, credo e do território em que reside. Para fazer isso, significa, em primeiro lugar, conhecer qual é o impacto desse racismo estrutural na empresa. Segundo, construir ações e políticas que possam combater e tirar esses limites e obstáculos que impedem o acesso desse público. E, por último, preparar o ambiente para que ele seja acolhedor, agradável, prazeroso e fortaleça essa diversidade e todas as suas manifestações”, declarou. 

Foto de Andrea Alvares

Andrea Alvares 

Encerrando as faixas especiais do dia, o ENCOAD apresentou, em primeira mão, a entrevista com a Administradora Emérita de 2023, Andrea Alvares. Eleita pelos profissionais registrados no Conselho como a profissional do ano, ela falou um pouco sobre a sua trajetória, sobre os desafios enfrentados e, claro, o que ela considera ser um diferencial de empregabilidade no mercado de trabalho. 

No bate-papo, Andrea comentou que se sentiu honrada em receber o prêmio concedido pelo CRA-SP. “Sou administradora de empresas e, de certa forma, escolhi esse caminho. E 30 anos depois, receber esse reconhecimento e fazer parte dessa galeria de pessoas tão interessantes que ocuparam esse lugar no passado, particularmente as três mulheres que me antecederam (Luíza Helena Trajano, Claudia Costin e Deborah Vieitas), que admiro e tenho o privilégio de conhecer, é uma honra enorme. É importante também porque sinaliza uma vontade de que a profissão evolua, de que esse espaço inclua mais representatividade. Espero que no futuro vejamos negros e negras sendo reconhecidos nesse lugar”, pontuou. 

Foto de Thiago Ferrarezi

       Thiago Ferrarezi

Áreas específicas 

O segundo dia do ENCOAD 2023 também trouxe palestras específicas sobre áreas da Administração. A primeira apresentação do dia, promovida pelo Grupo de Excelência em Administração Pública do CRA-SP, contou com a participação dos administradores públicos Thiago Ferrarezi e Murilo Lemos de Lemos. Na palestra, Ferrarezi comentou sobre as transformações que vivenciamos com o avanço das tecnologias e os impactos que elas geram na sociedade. Um exemplo que ele mencionou são as cidades inteligentes, também conhecidas como cidades digitais  ou sustentáveis, que adotam a tecnologia conforme as suas necessidades e aprimoram a qualidade de vida da população.  

De acordo com o administrador, o objetivo das cidades inteligentes é criar um ambiente urbano mais acessível, oferecendo serviços melhores e mais eficientes para seus cidadãos. “As cidades digitais melhoram a qualidade da gestão e governança para a sociedade e permite uma conexão com o futuro, afinal, diversos lugares do mundo estão aderindo ao conceito e se digitalizando. A digitalização permite que a cidade seja plural e também tenha uma participação mais efetiva da população. No Brasil, São Paulo, Curitiba e São José dos Campos são exemplos de cidades inteligentes”, explicou Ferrarezi.


Foto de Jociliano Montibeler

Jociliano Montibeler

Em seguida, foi a vez do Grupo de Excelência de Administração em Saúde receber Jociliano Montibeler Leonel, especialista em Gestão Administrativa e Financeira e em Gestão em Saúde. Em sua palestra, Leonel abordou a empregabilidade na área da saúde e explicou que o administrador que deseja atuar no setor precisa conhecer bem o ambiente interno, suas operações e fluxos, além das normas gerais e específicas. 

Leonel ressaltou, ainda, que o gestor deve entender também o ambiente externo, ter uma visão estrategista para se conectar com diferentes players e ficar de olho no cenário global. “Na pandemia, por exemplo, faltou produto, o preço subiu, a inflação disparou, iniciou a guerra, faltou alimentos e tudo tem interferência em um organismo de saúde, porque ele não adquire só remédio e material hospitalar, ele compra alimento, serviços, materiais administrativos, contrata mão de obra de todos os ramos, etc. O gestor tem que ter um olhar global e uma visão sistêmica o tempo todo e, principalmente, saber gerenciar processos e cuidar de pessoas, porque elas transformam processos em resultados”, esclareceu.

Ainda em sua apresentação, o especialista mostrou que o cenário da saúde está estruturado em quatro sistemas: público (SUS), de saúde complementar (iniciativa privada junto ao SUS), de saúde suplementar (operadoras e seguradoras de planos privados), e privado (hospitais, clínicas, laboratórios etc). Diante dessa divisão, Leonel mencionou que há várias opções de players nos quais o profissional da Administração pode atuar, como: redes de hospitais, clínicas especializadas ou gerais, redes de diagnóstico, laboratórios, centros de pesquisas, startups, saúde pública, entre outros.

Foto de Elubian Sanchez

       Elubian Sanchez

Para falar sobre o tema central do ENCOAD 2023, o Grupo de Excelência em Gestão de Micro e Pequenas Empresas convidou Elubian Sanchez, coordenadora de soft skills na FECAP. Em sua apresentação, ela explicou como é possível quebrar o algoritmo da empregabilidade. Para tanto, ela se baseou na teoria que consta no livro Work Without Jobs: How to Reboot Your Organization''''''''''''''''s Work Operating System, dos autores Ravin Jesuthasan e John W Boudreau, que aborda sobre como pensar no trabalho sem os cargos.

Para mudar os paradigmas em relação à forma de pensar a empregabilidade, Elubian apresentou quatro etapas sugeridas pelos autores: desconstrução, reconstrução, opções e perpetuidade do modelo desconstruir e reconstruir. A docente disse, ainda, que o profissional precisa entender que sua identidade não é o seu cargo e sim como ele se vê. “Eu sou professora e isso tem a ver com o meu jeito de ser. Mais do que o cargo de professora, eu, de fato, adoro ver o outro aprendendo. Para mim isso é o fundamental. A gente precisa procurar em nós o que, de fato, aquele cargo tem a ver com o nosso propósito”, explicou Elubian.

Foto de Fátima Motta

Fátima Motta 

A última palestra do dia ficou sob responsabilidade do Grupo de Excelência em Gestão do Esporte, que recebeu Fátima Motta, sócia-diretora da F&M Consultores e professora na ESPM. Fátima explicou que a liderança esportiva influencia, motiva e orienta atletas, equipes e membros da comunidade esportiva em direção à metas compartilhadas. Além disso, o segmento envolve também fatores como a capacidade de inspirar confiança, comunicação eficaz, tomadas de decisões estratégicas, além da promoção de um ambiente de equipe positivo. “As pessoas que gostam de esporte simplesmente param seus afazeres para assistir uma Copa, seu time ou a modalidade que mais apreciam. A gente se influencia pelo time que gostamos e sofremos o impacto de qualquer coisa que o técnico faça ou não. Porém, nós também influenciamos essa liderança, pois hoje os membros de uma comunidade, cidade ou time, seja de uma torcida organizada ou não, têm um impacto grande, até de tensão, se o técnico não estiver adequado”, explicou.   

A professora enfatizou, ainda, que para dosar a razão e emoção, o líder esportivo precisa usar sua inteligência emocional e, para isso, o ponto básico é o autoconhecimento. “O líder precisa se conhecer. Se, por exemplo, é uma pessoa com vício emocional focado na raiva, ele precisa saber disso, porque assim conseguirá lidar com as suas dificuldades. Agora, se não se conhece, ele terá sequestros emocionais, que é o que a gente vê acontecer a todo momento e isso acaba com o time”, explicou. 

Foto de Marcelo Boeger

       Marcelo Boeger

Mesas de debate 

Para abordar grandes temas sob diferentes perspectivas, o ENCOAD 2023 também contou com algumas mesas de debate em sua programação. O primeiro painel do dia, realizado pelos Grupos de Excelência em Segurança, Franquias, Gestão de Projetos, Administração Hoteleira e Gestão da Qualidade, discutiu os “Setores Estratégicos para a Administração Profissional” e recebeu Tatiana Scatena Valle, Safety & Security Director na 99; Raquel Castro, gerente de Desenvolvimento de Competências na Michelin; Othon Silva, coordenador do curso de pós-graduação em Gestão de Projetos - IBE; Marcelo Boeger, consultor e gestor em Hotelaria e Facilities; e Leonardo Ferreira, consultor organizacional e gestor de Melhorias e Inovação. 

A mesa contemplou cinco áreas distintas da Administração e cada convidado comentou, entre outros assuntos, sobre o que o    profissional do seu setor precisa fazer para se destacar no mercado de trabalho e aumentar a sua empregabilidade. 

Segundo Boeger, a administração hoteleira não se resume a hotéis, ela engloba também diferentes meios de hospedagem, como pousadas, resorts, residenciais de terceira idade, hospitais, navios, entre outros. Para se destacar nesse cenário, o consultor disse que o profissional precisa saber lidar com dois pontos cruciais: gestão de pessoas e gestão ambiental. “Gerir pessoas sempre foi algo desafiador e, hoje, atravessamos um momento em que há muitas gerações trabalhando juntas, além da questão da distância em razão dos trabalhos remotos, que também acontecem na hotelaria. Outro ponto é o impacto ambiental que um hotel ou um meio de hospedagem acaba gerando. Por exemplo, se vai lavar a roupa, como é gerida a caldeira dessa lavanderia? Ela usa lenha de reflorestamento? O que faz com o resíduo sólido gerado pela instituição? As compras são sustentáveis? Enfim, há uma série de questões envolvidas e nenhum hóspede quer estar associado a um serviço que não olha para o meio ambiente”, elucidou Boeger.

Foto de Raquel Castro

Raquel Castro

Raquel explicou que o franchising tem suas especificidades, legislação própria e é um ecossistema muito robusto. Para se destacar no setor, ela afirmou que o profissional precisa se qualificar no ecossistema da franquia. “Além das soft e hard skills, o profissional precisa entender de franchising para poder ser o melhor suporte para a franqueadora e para o franqueado e, de verdade, entregar excelência”, esclareceu.

Já Silva disse que o gestor de projetos, que tem por característica a alta adaptabilidade a cada cenário diferente no qual tem que atuar, deve saber gerar resultados, ou seja, melhorar os custos, o tempo e, principalmente, gerar valor ao cliente e às partes envolvidas. “Além disso, o profissional que deseja se diferenciar nesse segmento precisa saber se relacionar com todos os seus stakeholders”, orientou.

Em relação à gestão de qualidade, Ferreira comentou que o gestor precisa ter mais do que as habilidades técnicas, ele deve ter atitude. “Percebemos que falta atitude de tomar à frente, de vestir a camisa da empresa e participar efetivamente dentro da organização, independente do nível hierárquico em que ele se encontra”, sugeriu. 

E no segmento de segurança, segundo Tatiana, há muitas oportunidades de trabalho para profissionais capacitados em empresas que são prestadoras de serviços, terceirizadas e no setor corporativo. Além disso, o profissional também pode atuar na segurança patrimonial, de pessoas, da informação, entre outras. “Tem N oportunidades dentro da área e cada uma delas acaba abrindo novas portas. Por exemplo, os profissionais que trabalham com a segurança de produto, com a parte de combate à pirataria e falsificação, investigação, têm novas portas abertas, inclusive, junto ao poder público”, explicou a diretora. 

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Foto de Rogerio Goes

   Rogerio Goes

O segundo debate do dia contou com a presença de Rogerio Goes, cofundador e diretor do Instituto Articule; e Michel Freller, vice-presidente do Conselho Deliberativo da ABCR e fundador e diretor da Criando Consultoria. No bate-papo, que discutiu “A Força do Terceiro Setor” e foi promovido pelos Grupos de Excelência em Administração Legal e Administração do Terceiro Setor, os especialistas explanaram sobre o panorama do terceiro setor atualmente no País.

Para tanto, Freller comentou sobre uma pesquisa desenvolvida pela Fipe, a partir da demanda feita pelo Movimento por uma Cultura de Doação, na qual foi mapeado o poder econômico do terceiro setor, chegando à conclusão de que 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do País está neste segmento, que hoje emprega 6 milhões de pessoas. “Tem organizações que podem remunerar até mais do que a iniciativa privada e outras, com menos capacidade financeira, que pagam um pouco menos. No site da ABCR está cheio de vagas de captador de recursos e não conseguimos preenchê-las, a demanda é muito grande”, contou. 

Já o diretor do Instituto Articule afirmou que o terceiro setor é o reflexo de qualquer segmento da economia, isto é, há entidades muito bem estruturadas, com governança corporativa e estrutura de captação, assim como existem organizações intermediárias e pequenas. Segundo Góes, quanto melhor a estrutura da entidade, mais atrativa ela se torna para os financiadores do processo de trabalho. “Vejo que tem muito espaço para crescer, principalmente capacitando as entidades que ainda não estão vivenciando esse momento de governança corporativa e do ESG; bem como ajudando a se equipar, estruturar e contratar profissionais da Administração, para que possam estar à frente da gestão dessas entidades”, disse Goes.

Foto de  André Nardy

       André Nardy 

Em seguida, o assunto principal das discussões foi “Tecnologia e Inovação”, no painel que recebeu Paulo Carvalho, CEO da XPER Brasil; André Nardy, vice-diretor acadêmico de Educação Corporativa da Saint Paul; e Edison Fontes, Cybersecurity Evangelist NTT DATA. Promovido pelos Grupos de Excelência em Empreendedorismo e Inovação, Trabalho na Sociedade em Transformação e Estudos em Tecnologia Digital, o debate girou em torno das habilidades que o profissional da Administração e as organizações precisam dominar para serem consideradas inovadoras.

Segundo Carvalho, é preciso ter a capacidade de reinventar, entender atividades e processos e  pensar em uma forma de otimizá-los ou mesmo encontrar uma forma de trazer a tecnologia que ele usa no dia a dia para dentro dos negócios. “Para ser considerado inovador, o profissional precisa mudar seu modelo de pensamento em relação ao trabalho que faz. O que percebemos é um profissional que se acomoda em determinadas funções, que podem rapidamente sofrer um processo de inovação. É óbvio que as atividades que geram um padrão de comportamento repetitivo estão sujeitas à automação ou à utilização de robôs. O profissional precisa entender qual o nível de atividade ele atende, quais problemas consegue resolver e, se essas atividades forem de baixa complexidade e repetitivas, ele se tornará inovador se buscar para a sua vida profissional a capacidade de trazer tecnologia que substitua essas atividades".

Foto de Edison Fontes

Edison Fontes

No que diz respeito à inovação nas organizações, Fontes trouxe em sua abordagem duas questões relevantes: a primeira delas sugere que as empresas façam um trabalho de transformação digital, seja ele mais ou menos formal. “Na medida em que a tecnologia começa a mudar alguns procedimentos e controles, é muito importante que haja a mudança também na sua cultura, porque isso vai permitir que tanto o profissional da Administração como os demais tenham um respaldo para a utilização dessa tecnologia.”

Já no segundo ponto, Fontes disse que é preciso encarar a tecnologia como tecnologia. “Muitas vezes, ela é encarada como fim e, na realidade, ela é um meio para se alcançar um determinado objetivo. A gente vê algumas tecnologias que dão um boom, como o Metaverso, como se isso fosse o fim. Anos atrás, tive a oportunidade de acompanhar a automação bancária no Brasil, que mudou organizações e os usuários, e a tecnologia foi apenas um meio”, completou.

Nardy relembrou que, historicamente, o profissional que possuía um conhecimento profundo do negócio, do setor e da organização, tinha uma vantagem competitiva. Como o mercado não mudava muito, essa vantagem em uma empresa nos anos 90 demorava 20 anos para desaparecer. “A GM, por exemplo, teve a liderança no mercado americano por 70 anos. Hoje, temos setores que a cada três meses muda o líder, há uma volatilidade maior, por isso, as empresas têm que se organizar e ser muito mais ágeis em seus processos e concepções”, relatou.

Foto de Márcio Shoiti Kuniyoshi

      Márcio Shoiti Kuniyoshi

A última mesa de debate do dia foi composta por Márcio Shoiti Kuniyoshi, chefe de departamento do curso de Administração da PUC/SP; e Marcelo Zambon, coordenador geral do Curso de Administração da UNIP - Brasil, que abordaram “O mercado acadêmico”, na faixa programática promovida pelos Grupos de Excelência de Pesquisa Aplicada em Administração e em Gestão de Instituições de Ensino Superior.

De acordo com Zambon, o mercado acadêmico é bastante dinâmico, porém é preciso respeitar algumas características do que é ser um professor. Segundo ele, é necessário ter uma boa formação, que leve à especialização, como o mestrado e o doutorado, embora este último não seja uma exigência. “Há muitos profissionais de Administração, mas administradores com mestrado e doutorado na área acadêmica ainda não são tão numerosos assim. Para o meio acadêmico é requerido domínios conceituais, domínios da compreensão prática aplicada da área e, eventualmente, experiências internacionais e de pesquisas que venham colaborar”, definiu. 

Kuniyoshi complementou dizendo que a área acadêmica é um mercado consolidado e existe uma demanda constante por professores qualificados, tanto no Brasil quanto em outros países. Para ele, ter uma experiência profissional relevante é importante para que o docente ou pesquisador consiga levar exemplos e casos reais para a sala de aula. “Esse conhecimento pode ser obtido por meio de atuação em consultoria, projetos e em cargos de liderança. Tudo isso passa a ser importante para a formação do profissional que deseja atuar na área acadêmica da Administração”, pontuou.

Recados institucionais

Além da sua extensa grade que falou sobre a empregabilidade dos profissionais da Administração, o segundo dia do ENCOAD 2023 também trouxe dois momentos institucionais importantes, nos quais as áreas de Fiscalização e Comunicação do CRA-SP puderam explicar como funcionam as ações que visam valorizar e dar mais visibilidade aos profissionais e estudantes da área. 

Todas as apresentações, entrevistas e painéis do dia estão disponíveis na íntegra no canal do CRA-SP no YouTube



Revista Administrador Profissional - ADM PRO
Publicação física com periodicidade trimestral
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