Com o decreto da OMS (Organização Mundial da Saúde) em março de 2020 sobre o início da pandemia de Covid-19, devido a emergência a nível internacional sobre o vírus de alto contágio, o mundo entrou em um estado de alerta com um cenário diferente do que fora vivido por qualquer um anteriormente. A pandemia da Covid-19 mudou o modo de trabalhar de milhares de profissionais no Brasil e no mundo. A partir desse decreto, foram realizadas inúmeras medidas por parte dos governos para frear a disseminação do vírus. Dentre elas, o distanciamento social, que obrigou as empresas de maneira urgente a reestruturar seu modelo de trabalho para continuar realizando suas atividades.

O trabalho remoto emerge como uma das soluções adotadas pelas empresas dentre as novas configurações idealizadas para manter a operação em andamento. Houve um grande boom e, em curto prazo, os executivos e equipes modificaram o locus do trabalho. A pandemia operou como um grande catalisador desta tendência, que desde muito tempo ronda o imaginário das relações de trabalho: o trabalho remoto. Ele sempre esteve aí, contudo era timidamente implementado. Este texto aborda tal discussão, ao apontar alguns efeitos identificados nessa transição. A partir de dados coletados em 2021, os principais insights e boas práticas desse período foram levantados e analisados sob diversos recortes dentro das empresas

Primeiro, empresas que já utilizavam o home office antes da pandemia tiveram um período mais equilibrado de adaptação para desenvolver este modelo. Já nas que implementaram posteriormente, nota-se que houve um grande avanço em estruturar o home office em suas realidades. Dentre a amostra analisada, apenas 4% das organizações disponibilizaram equipamentos ergonômicos com o intuito de adaptar o ambiente doméstico à realidade do trabalho. Algumas empresas realizaram o fornecimento de notebooks para colaboradores que não possuem um computador pessoal, o que permite o uso adequado das ferramentas de trabalho remoto. Diante das necessidades impostas, coube principalmente aos colaboradores buscar adequar a realidade doméstica às demandas impostas pelo trabalho remoto. 

Devido às mudanças geradas pela pandemia de Covid-19 e, consequentemente, as adaptações feitas por parte das empresas, foi possível observar diferentes maneiras de organizar os profissionais e seus processos para conseguirem continuar alcançando seus objetivos. A principal ferramenta utilizada são as plataformas de reunião virtuais (44%), seguido por emails (22%) e ferramentas de acompanhamento do fluxo de atividades (11%). 

A partir da pesquisa é possível observar que os funcionários passaram por grandes desafios no período de adaptação, sendo intensificados pelo distanciamento social. Todavia, o home office mostra alcançar alguns impactos positivos. Um ponto indicado é poder passar mais tempo junto com a família (18%), seguido pela redução no tempo gasto no deslocamento ao local de trabalho, com 27% das pessoas tendo percebido esse benefício. Esses aspectos estão diretamente relacionados com a qualidade de vida no trabalho, aspecto desafiador no equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Outro ponto positivo identificado foi a menor preocupação com a aparência física e vestimenta (21%), seguido do benefício de ter mais tempo para realizar outras atividades (18%), passar mais tempo com a família (18%) e flexibilidade de horário (16%).

Assim, o home office desponta como uma tendência de modelo de trabalho para acompanhar a evolução dos cenários na sociedade. Para isso, as empresas devem se manter atualizadas e tomar suas decisões de maneira estratégica pensando no bem-estar dos funcionários, da organização e da sociedade como um todo. A forma com que o trabalho foi estruturado tradicionalmente no decorrer dos anos foi baseada na concentração de funcionários localizados no ambiente físico da empresa. Portanto, este experimento mostra que é possível para as organizações adaptarem as suas estruturas e ferramentas de gestão para continuar obtendo sucesso com o colaborador trabalhando em outro local.