Os primórdios do mercado de carbono até hoje no agronegócio! - CRA-SP
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Marcos Fava Neves
Marcos Fava Neves

Professor da FEARP/USP e da EAESP/FGV. Membro do Conselho da Associação Mundial de Alimentos (IFAMA) e criador da plataforma DoutorAgro.com. Publicou, com sua equipe, mais de 50 livros em 10 países.

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Os primórdios do mercado de carbono até hoje no agronegócio!

Publicado em 18/07/2022

O Mercado de Carbono foi mencionado pela primeira vez no Protocolo de Kyoto, considerado uma forma de aumentar a ambição entre os países para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e garantir os objetivos de longo prazo. 

Historicamente, a origem do Protocolo de Kyoto vem de negociações realizadas em 1992 durante a Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que culminaram nos quatro documentos essenciais originados no encontro: a Declaração do Rio, a Agenda 21, a Convenção Quadro sobre Mudanças Climáticas e a Convenção sobre Diversidade Biológica.

Graças ao desenvolvimento da temática de mudanças climáticas e esforços de várias organizações pelo mundo, foi possível o desenvolvimento de metodologias para inventariar emissões, sendo possível conhecer as emissões de CO2 específicas. No entanto, pesquisas realizadas mostram que não foram suficientes para lidar com as dificuldades que emergiram ao longo do Protocolo de Kyoto no panorama das negociações internacionais a exemplo:

  • A situação particular da Rússia que utilizou como moeda de troca a ratificação do Protocolo de Kyoto negociando destravar seu ingresso na Organização Mundial do Comércio;

  • A não ratificação do Protocolo de Kyoto pelos Estados Unidos;

  • A saída do Canadá das negociações em 2011;

  • Os conflitos sobre as metas obrigatórias de redução de gases de efeito estufa pelos países emergentes.

Em 2015, iniciou-se o período “pós-Kyoto”, tendo o Acordo de Paris como linha de largada. O grande diferencial neste momento está no fato da caracterização dos perfis de emissores ser feita com recursos tecnológicos, tendo os dados coletados a partir da fonte Climate Analysis Indicators Tool (CAIT), disponibilizada pelo World Resources Institute (WRI), que constitui a principal e com maior reputação base de dados sobre o assunto.

Nesse tempo, segundo a WRI, o mercado de carbono, desenvolveu maior credibilidade por conta dos avanços ocorridos ao longo dos anos e com isso surgiu a necessidade de regras robustas, bem estruturadas e ágeis para atender a urgência climática. Assim, surgem oportunidades para o mercado de crédito de carbono, seja na categoria regulada ou na categoria voluntária.

Com os bancos com capacidades restritas de empréstimo e os orçamentos públicos sofrendo pressões em diversos países, as fontes de capital do setor privado precisam ser estimuladas e, nesse sentido, os chamados títulos verdes podem contribuir, pois estão entre os principais instrumentos que podem mobilizar recursos financeiros privados para a descarbonização da economia mundial, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, OCDE.

No Brasil, as finanças verdes oferecem uma oportunidade para melhorar a desafiadora perspectiva macroeconômica do país. Por sua força no agronegócio, os mercados também começaram a ganhar força nesse setor. Os “Títulos Verdes de Obrigações Gerais” (Exemplo, Letras de Crédito do Agronegócio -LCA) e de “Securitização verde ou tranches verdes em contratos de ABS (Asset Backed Securities) e MBS (Mortgage Backed Securities)” (Exemplo, Certificado de Recebíveis do Agronegócio - CRA); uma classificação de crédito independente é feita por uma agência de avaliação de risco., são os instrumentos de dívida verde aplicáveis no setor.

No agro, as mudanças climáticas e a relação com o mercado de carbono se dão de diversas atividades dentro e fora da porteira. O capital investido pode envolver aquisição de terras, maquinários, instalações de facilidade de armazenagem, celeiros, estábulos e o capital investido vinculado pode envolver plantio e gestão de custos, custos de treinamento em práticas favoráveis ao clima, pesquisa e custos de serviços consultivos, segundo a Climate Bonds Initiative.

Estudos mostram que ter informações bem documentadas sobre a percepção dos agricultores acerca das mudanças climáticas é necessário para desenvolver políticas e estratégias que promovam adaptação bem-sucedidas.  Essa documentação também pode ajudar a identificar lacunas na percepção dos agricultores e áreas onde formuladores de políticas, tomadores de decisão, cientistas e outras partes interessadas podem contribuir com insumos vitais.

Para direcionamentos, órgãos como a Climate Bond Iniciative podem ser importantes nesse sentido. A Climate desenvolveu alguns critérios que julga essenciais para a agricultura estar nos padrões ideais no que diz respeito às emissões e certificação. 

Diferente do que muitos pensam, o produtor rural, se preocupa bastante com o clima e atua de maneira sustentável e, para argumentarmos a favor disso propomos uma reflexão final para nosso texto de hoje: as mudanças climáticas aumentam o risco e as incertezas para muitos setores, mas principalmente para o agronegócio, pois desencadeia aumento/diminuição brusca das temperaturas, variação no índice de chuvas, podendo ser um volume excessivo ou extremamente escasso, levando as secas ou geadas, tudo isso acarreta perdas de produção, consequentemente gerando prejuízo ao produtor e desperdício, por conta do que não será comercializado, além de todos insumos e tecnologias utilizados no processo. Pensando mais além, várias famílias não receberão o alimento no prato, essencial para a nutrição da população mundial.

E aí, já pensou por esse lado?

Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio. Confira textos, vídeos e outros materiais no site doutoragro.com

  Leticia Franco Martinez

Leticia Franco Martinez é mestre e doutoranda na Faculdade de Administração da USP em Ribeirão Preto, professora no Centro Universitário Barão de Mauá e especialista em sustentabilidade no agronegócio. Confira seus materiais no Instagram Tripé Sustentável e Linkedin.x’

                                       Gabriel de Oliveira Teixeira

Gabriel de Oliveira Teixeira é graduado em ciências econômicas e mestrando em administração de organizações ambos na USP de Ribeirão Preto. É também consultor e pesquisador na área de agronegócios, especialista em bioenergia e sustentabilidade. Confira seus materiais no Linkedin.




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