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Agronegócio: o gerador de caixa brasileiro

Traçando um paralelo entre agricultura e agronegócio, com foco na importância que  cadeia agroindustrial brasileira possui no mercado mundial, Marcos Fava Neves, professor da FEARP/USP e da EAESP/FGV, deixou claras as razões que alçaram o setor ao título de “menos impactado” durante a crise causada pelo novo coronavírus no Brasil, o que transformou a tão aguardada live “O agro não para”, realizada na última terça-feira, 7 de julho, em uma experiência única de imersão na realidade do segmento.

Acompanhado por cerca de 470 espectadores, ao vivo, no Canal A Serviço da Administração, o especialista destacou fatores essenciais para o sucesso do agronegócio brasileiro no cenário de pandemia, tais como o fato de o alimento ser a última coisa que as famílias cortam em processos de restrição de renda; a desvalorização da nossa moeda, que tornou nossos produtos mais competitivos; e a colheita de uma safra recorde de 250 milhões de toneladas de grãos. Para ele, a impressionante demanda vinda da Ásia, principalmente da China, sintetiza a importância que o nosso Agronegócio vem adquirindo como fornecedor de alimentos para o mundo: “As importações estão sendo excelentes. Talvez fechemos este ano com 100 bilhões de dólares exportados em produtos do Agro, o que significa 530 bilhões de reais ou 1,5 bilhão de reais por dia ajudando na manutenção do Brasil neste momento.”

Outro recorde, de acordo com Fava, virá da renda do campo (produto X preço recebido), com previsão de passar dos 720 bilhões de reais, praticamente 2 bilhões por dia. “O Brasil, nesta área, conquistou um respeito internacional que não se vê em nenhuma outra área econômica de negócios no nosso País”, explicou o professor, sem esconder a sua torcida para que oscilações políticas que ocorrem ao redor do mundo afetem as relações entre os EUA e a China, em benefício do Brasil: “Quanto mais confusão houver entre americanos e chineses, melhor para o Brasil, porque eles disputam a hegemonia mundial e nós somos uma alternativa ao abastecimento da China.” 

Agricultura é viva

Apesar de comemorar o ótimo desempenho do Agronegócio no mercado internacional, Fava também lamentou as perdas sofridas por alguns setores como, por exemplo, o de flores que, com o isolamento social, viu sua produção se perder, uma vez que  quase metade seria destinada ao setor de eventos e o varejo, que representa os outros 50%, não deu conta de absorver a produção.

Isso demonstra, segundo ele, o aspecto “muito” diferente da atividade industrial da agricultura, quando comparada a uma cadeia produtiva: é uma fábrica a céu aberto, impactada diretamente por fatores climáticos, estocagem e perecibilidade. “Como você está lidando com coisas vivas e perecíveis, o planejamento no setor é muito mais sofisticado para entender a cadeia de suprimentos e tentar antecipar os impactos que ela vai ter com os mais distintos riscos”, detalhou. 

Nesse sentido, o professor acredita que a tecnologia vem para agregar. De acordo com ele, os aplicativos permitem juntar produtores e compradores em uma única plataforma, com custo de transação muito menor e possibilidade de maior eficiência e menor desperdício.  

Protagonismo, competitividade e oportunidades

Com a mudança comportamental promovida pela pandemia, o professor se mostrou animado com o ganho de competitividade: “O Brasil tem uma chance muito grande de protagonismo. Já é líder mundial de muitos produtos que são consumidos, como a soja, que é energia pura. Serve para alimentação humana e animal e para biocombustível. O Brasil domina 50% do mercado mundial de soja”, exaltou Fava, complementando que, para que mais caminhos de sucesso sejam trilhados, o governo poderia ajudar a resolver a questão do crédito agro, uma vez que a agricultura tem um nível de endividamento elevado, advindo do “desencaixe” entre o momento do investimento e o de realmente ter o produto: “Se você quer ter cana para fazer açúcar e etanol, será preciso investir um ano e meio antes dela ficar pronta. Se o clima não ajudar, ela não fica pronta. A laranja leva três anos, até que venha uma fruta que você possa vender. Então envolve uma questão de engenharia muito sofisticada para o futuro, especialmente para as questões de financiamento e de crédito do setor.”

Além disso, o especialista enfatizou o papel protagonista do agronegócio brasileiro, também, na arrecadação de caixa para o País: “No final de mês de junho, de tudo o que o Brasil exportou, 61% foi do agronegócio e 39% dos outros setores da economia. Antes de mais nada, o agronegócio brasileiro é o gerador do nosso caixa, de parte importante dos nossos tributos, que depois serão investidos na melhoria social. Então, é importante respeitar quem paga a sua mesada”, declarou.

Para aproveitar as oportunidades do pós-pandemia, Fava pediu atenção às exigências por qualidade e sanidade, afirmando que a crise sanitária irá elevar a régua dos setores produtivos, não só no Brasil, mas em todos os lugares do mundo. E destacou a “sorte” do Brasil de conseguir abertura de mercado em economias emergentes, como Egito e Tailândia, que nos últimos meses passaram por problemas de abastecimento e abriram seus mercados para a exportação de produtos de empresas brasileiras. “Uma vez feito negócio, é difícil voltar atrás. Temos a oportunidade até de reduzir um pouco a nossa dependência pela China, desenvolvendo esses outros mercados extremamente populosos, que estão se organizando e demandando mais. Tudo tende a beneficiar o crescimento do Brasil nos próximos anos”, disse.

Para finalizar, Fava sentenciou: “Não há outra chance aberta para a nossa sociedade no mundo, que não a de fornecedor mundial sustentável de alimentos.”

Se você perdeu a transmissão ou quer rever alguns trechos desta live, basta acessar o vídeo abaixo. Fique atento ao portal do CRA-SP e, também, às redes sociais do Conselho para acompanhar os próximos eventos, bem como as lives promovidas durante esse período de quarentena.


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