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A revolução na agricultura

Nunca se falou tanto sobre a qualidade dos alimentos ao redor do mundo quanto atualmente. Essa preocupação, no entanto, ainda não é suficiente para que a comida produzida no planeta seja adequada e, de fato, saudável para os seus habitantes. Para Caleb Harper, pesquisador-chefe e diretor da Open Agriculture Initiative (OpenAG), do Media Lab do MIT, o que temos hoje é uma grande desconfiança com relação ao que é produzido e esse é um cenário que precisa mudar através da educação e da informação. 

Harper, que é responsável pela criação do Food Computer, ambiente controlado de tecnologia agrícola, esteve recentemente no Brasil para falar sobre o assunto em um painel no evento HSM Expo. Ele vê na projeção do clima a possibilidade de se produzir mais e melhor por meio de “receitas” que envolvem níveis de oxigênio, umidade e dióxido de carbono, por exemplo. “A pergunta que fazemos é: como o geneticista pode adaptar uma planta para ela ser produzida em outras condições climáticas? A partir desse questionamento, acredito que no futuro, ao invés de vermos lugares bons ou ruins para a agricultura, trabalharemos com catálogos climáticos”, comentou.

Essa mudança tecnológica, embora possa parecer muito futurista para algumas pessoas, na verdade já é uma tendência diante das mudanças pelas quais passa a sociedade. “Aquele fazendeiro que está há anos no campo não está transmitindo o seu conhecimento para a nova geração. É essa experiência e conhecimento que o fazendeiro digital precisa ter, pois é isso que irá se perpetuar por anos”, explicou Harper.

Computador de clima

O Food Computer, desenvolvido pela equipe de Harper no MIT, tem entre as suas funções mais importantes a projeção do clima para forçar as plantas a produzirem mais e melhor. O processo do computador alimentar é realizado, basicamente, em três etapas: transformação do físico em digital; entendimento de como o digital funciona e, por último, o recode, que se trata da implementação de uma nova tecnologia no mundo todo.

Atualmente, milhares de pessoas estão trabalhando a partir do Food Computer, uma vez que o código de todo o estudo feito pelo MIT Media Lab é aberto.  “Há crianças de 12 anos testando tudo isso. Esse é o poder do que estamos criando”, ressalta Harper, que trabalha para que os jovens das próximas gerações sejam fazendeiros digitais capazes de plantar ‘’coisas incríveis”. “Estamos desbloqueando o potencial humano e utilizando ele para algo que realmente importa”, completa.

Liberdade de produção

Além da desconfiança com relação a qualidade dos alimentos, o pesquisador lembrou a necessidade de se conseguir produzir comida em qualquer lugar do planeta, o que acabaria com a escassez de alimentos em determinadas regiões e, também, com a fome mundial. Ele citou o caso de uma fábrica que está produzindo alface no Japão, o que, em um primeiro momento, pode parecer estranho para nós. “Veja pela perspectiva de um japonês. Eles não têm condições climáticas e boa parte do solo é contaminado. Para eles, essa alface produzida fora dos campos é premium, porque eles sabem de onde vem, com o que se relacionaram e, por isso, são seguras para seus habitantes”. 

Segundo Harper, a produção de comida em qualquer lugar do planeta acabaria com a escassez de alimentos em determinadas regiões e, também, com a fome mundial.

Essa liberdade, inclusive, pode chegar a qualquer canto. Harper ressaltou que a partir da fabricação do clima seria possível produzir alimentos dentro da nossa própria casa e, até mesmo, no espaço. A projeção controlada da comida também traria recompensas para a saúde em geral. “Se eu projetar minha comida em 150% mais nutrientes, eu serei melhor como humano, viverei mais e desenvolverei menos doenças”, disse.

A utilização adequada de recursos cada vez mais raros no meio ambiente também seria um benefício decorrente dessa digitalização do setor e ele explicou que a tecnologia permitirá aumentar a velocidade de crescimento dos alimentos e utilizar a menor quantidade de água possível. “A agricultura é o que há de mais imprevisível e o futuro da comida tem a ver com criar dispositivos que ajudem as pessoas”, disse Harper.   


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