Transformações aceleradas

Maurício Magalhães

Administrador com pós-graduação em Marketing. CEO da Giros Filmes, sócio da Mundo Real e ex-CEO da Agência TUDO. Um dos mais reconhecidos profissionais de Marketing do País

Escreve a coluna Marketing aplicado

Transformações aceleradas

Publicado em 10/07/2020

Na minha trajetória profissional, o meu território de atuação e interesse foi o Marketing e, especialmente, o Marketing Estratégico. Hoje, vejo desafios enormes em tudo o que nos rodeia. Vejo, também, um cenário de muita insegurança e pitadas de desesperos nas empresas e em todos nós indivíduos.

As inseguranças aparecem, especialmente, em relação à falta de domínio de “futuros”, pois, de fato, a tecnologia chegou atropelando tudo e todos. Na prática, temos a sensação de que estamos desatualizados por alguém do nosso lado ou pelo que vimos nas redes sociais, nas diversas fontes de informação. Tudo nos passa a sensação de que estamos ultrapassados.

Um novo olhar pode ajudar muito na compreensão disso tudo, e reposicionar a percepção sobre o momento, a vida e sobre como transitar nesse novo mundo, se é que ele existe. Assim, fiz reflexões com base na história da humanidade que me ajudaram a entender o momento por meio de analogias, as quais podem clarear a realidade sobre o cenário que estamos vivendo e sobre o que estamos lendo de forma errônea no presente.

As caravelas do século XV e XVI foram uma espécie de Facebook. Gutemberg, quando criou a imprensa, sem dúvida, causou impacto igual ou maior que a internet. O satélite, que nos tornou imediatamente global, foi um tipo de Instagram, há apenas poucas décadas. E podemos dizer que os Beatles, em seu surgimento, se assemelham aos famosos youtubers de hoje como grandes influencers. Em todos esses exemplos tivemos pontos de virada da humanidade.

Essa percepção histórica relativiza a ideia de um mundo AD e DD - Antes do Digital e Depois do Digital. Mas, se as inovações que levaram a Revoluções e a Evoluções sempre existiram no trajeto da humanidade, do que estamos falando então?

Estamos falando de velocidade, de aumento de rotação, provocadas pela tecnologia. Das inovações que passaram a ser quase diárias. O ponto de compreensão é esse. A compreensão do conceito velocidade, e não da inovação como mantra. Inovação está no DNA da humanidade, só que agora no contexto de uma velocidade acelerada, ou seja, o que aumentou foi a rotação.

Um ponto de atenção importante provocado pelo aumento de rotação é a confusão entre velocidade e pressa. É fundamental entender a diferença. Tem um ditado que adoro: “Vamos devagar para ir depressa?” ou “Vamos depressa para ir devagar?”. Pressa implica em velocidade sem estofo de conceito ou planejamento mínimo, o que importa é correr, pois estão todos correndo. Enquanto velocidade é uma aceleração planejada.

Com isso, o desafio será esse, conviver com velocidade dentro de um mundo VUCA (Vulnerável, Incerto, Complexo e Ambíguo). Precisamos descartar a realidade passada onde futuros eram “previsíveis”.

Nesse cenário, novos conhecimentos serão gerados de forma exponenciada. E o que aprendemos, continua valendo? Uns sim, outros não, porém alguns conhecimentos são eternos como, por exemplo, juros compostos e planejamento estratégico, valores necessários ao bom funcionamento das organizações.

Mudam os fundamentos do alicerce do Marketing? Não, de jeito nenhum. O que muda são as novas ferramentas, como sempre ocorreu, e muda a visão de tempo. E o maior dos desafios passa a ser a capacidade de cada Administrador, de cada organização, em fazer a tal Transformação Digital para esse mundo veloz.

E aqui sugiro como obrigatório o livro Gestão do Amanhã, de autoria dos pensadores brasileiros do management José Salibi Neto e Sandro Magaldi. Além da genial contextualização da história, traduz e dá luz para criação de modelos de reinvenção e transformação. Esclarecem a diferença entre mudança e transformação.

Na mudança, você pode voltar ao seu estado original como, por exemplo, a mudança de hábitos na alimentação com propósito de se cuidar ou emagrecer. Transformação não tem volta, é como rasgar uma folha de papel, vira outra coisa. Todos teremos que nos transformar, sem dúvida alguma. Será fácil? De jeito nenhum, porém será uma vantagem competitiva para quem o fizer, no tempo certo.

Para terminar, vão aqui dois olhares que podem ajudar a exercitar o conceito de tempo e a necessidade de se transformar, e servem como dica para criação do seu roteiro.

Ouvi de um amigo que trabalha em uma organização global que mudaram os conceitos de curto, médio e longo prazo. Curto prazo se ressignificou para os próximos dois meses, médio prazo para próximos 10 meses e longo prazo para os próximos 12 a 24 meses.
Na Marinha do Brasil, com a qual convivi na minha ida ao Polo Sul, na Estação Comandante Ferraz, os oficiais (todos) têm a pauta do Hoje, até o final do ano; do Amanhã, próximos 5 anos; e do Futuro, próximos 30 anos. E, sem cumprir as metas, não há promoção de cargo.

A questão é: como o fazer o seu conceito de tempo na sua transformação digital? Planejar é um bom começo.

Finalmente que tal colocar o nome da Revista em ADM PRO FUTURO?

Até a próxima.

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