Oportunidades e Desafios para o Futuro

Marcel Domingos Solimeo

Economista e consultor. É diretor do Instituto de Economia da Associação Comercial de São Paulo, onde também atua como superintendente institucional. Autor dos livros "O Plano Real Para ou Continua" e "O Plano Real Acabou?".

Escreve a coluna Economia

Oportunidades e Desafios para o Futuro

Publicado em 19/09/2022

O Brasil comemorou, no dia 7 de setembro, 200 anos de sua Independência, sem que tivesse atingido o ideal dos que sonhavam com uma nação desenvolvida econômica e socialmente a partir da soberania do país.

Embora tenhamos tido avanços significativos, ficamos longe de realizar aquilo que o seu imenso potencial permitiria. Problemas do passado que impediram o aproveitamento pleno dos recursos naturais e humanos do Brasil ainda persistem, como o patrimonialismo e o corporativismo, que resultam no intervencionismo, burocracia, ineficiência e concentração da renda. Por isso, o país ficou velho antes de ficar rico, com uma concentração de renda inaceitável e uma dívida social enorme a ser resgatada.

Precisa agora crescer não apenas rápida e fortemente, mas com inclusão social. Aumentar a produtividade é a solução, o que exige investir em pesquisa, tecnologia e inovação, combinadas com a melhora da educação, da saúde e das instituições.

O Brasil possui condições para recuperar o terreno perdido: território extenso, abundância de recursos naturais e população expressiva. Basta mobilizar esse potencial enorme, aproveitando as oportunidades que a situação internacional e as circunstâncias internas oferecem.

A crise desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, que se seguiu à pandemia, criou um cenário preocupante com relação ao mercado mundial de alimentos e agravou os problemas de energia nos países desenvolvidos, especialmente da Europa que, por preocupações ambientais, haviam desativado fontes poluentes.

Mesmo que os russos voltem a suprir os europeus com combustíveis, o preço da energia limpa vai crescer de forma significativa. As fontes alternativas vão depender de minerais não metálicos, cujos preços já subiram fortemente.

O Brasil está em uma posição privilegiada na produção de alimentos, podendo vir a ser o celeiro do mundo. Além das safras crescentes, ainda dispõe de terras degradadas equivalentes às plantadas atualmente, o que lhe permitirá dobrar a produção, sem necessitar desmatar novas áreas.

A Amazônia, com seus gigantescos problemas, oferece possibilidades imensas para soluções que conciliem a proteção do ambiente com a exploração racional das riquezas de seu bioma. Por iniciativa do professor Carlos Nobre foi criado, com apoio de empresas e organizações, o AMIT - Amazônia Instituto de Tecnologia, para desenvolver produção sustentável que permita ocupar e gerar renda para a população da região.

Temos água, que segundo muitos especialistas será o bem mais escasso e valioso. Temos sol, vento e um mar tranquilo que, com o avanço da tecnologia, nos permitirá produzir energia eólica e solar e nos dará condições excepcionais para produzir o hidrogênio verde que, complementado com o álcool e o gás, criará condições para o Brasil liderar a produção de energia limpa no mundo.

Devemos usar a energia limpa, em um primeiro momento, para aumentar o valor adicionado da agroindústria, da mineração e de produtos industrializados de forma sustentável, para, no futuro, exportar a própria energia.

O país possui reservas dos principais minerais demandados, como cobre, níquel e outros, e é possível, com uma legislação adequada, explorar esse enorme potencial e, como dizia Roberto Campos, transformar recursos em riquezas.

Devemos, contudo, lembrar da advertência de Roberto Campos de que “o Brasil não perde uma oportunidade de perder oportunidades” e fazer um grande Projeto de Nação, que vise acabar com a miséria e a pobreza, crescer com inclusão e oferecer à juventude perspectivas de progresso material e social.

Para isso é preciso que, passadas as eleições, governantes, autoridades em geral e grupos sociais procurem pacificar a sociedade, para de forma cooperativa se unir na tarefa de construir o Brasil do amanhã

Marcel Domingos Solimeo é economista , consultor e superintendente do Instituto de Economia "Gastão Vidigal” da ACSP

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