Inovação caminha intimamente com a sustentabilidade para as empresas do agro seguirem competitivas no mercado - CRA-SP
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Marcos Fava Neves
Marcos Fava Neves

Professor da FEARP/USP e da EAESP/FGV. Membro do Conselho da Associação Mundial de Alimentos (IFAMA) e criador da plataforma DoutorAgro.com. Publicou, com sua equipe, mais de 50 livros em 10 países.

Escreve a coluna Agronegócio


Inovação caminha intimamente com a sustentabilidade para as empresas do agro seguirem competitivas no mercado

Publicado em 15/12/2020

O Brasil deverá produzir cerca de 4,6% a mais de grãos na temporada 2020/21, ou seja, 268,9 milhões de toneladas. A área plantada deve aumentar 1,8%, indo para 67,1 milhões de hectares. De acordo com o MAPA, as exportações do agronegócio somaram US$ 8,18 bilhões em outubro (- 6,2% que no ano anterior). As carnes são as primeiras nas exportações com US$ 1,62 bilhão (-9,7%), tirando a posição do complexo soja, o qual teve a queda considerável de 39% no mês, vendendo US$ 1,44 bilhão. A carne suína foi a única a crescer em exportações (+24,7%), recorde de US$ 198,25 milhões para o mês. O Rabobank estima que as exportações brasileiras de carne suína devam crescer 6% ano que vem. Em terceiro lugar aparece o setor sucroenergético, com o açúcar representando 87% do total de vendas de US$ 1,38 bilhão, com 1,2 milhões de toneladas.

Quanto à demanda, temos a recuperação do plantel de suínos na China e ainda temos a expectativa do que acontecerá nos outros países, como Vietnam. O setor de proteínas (carnes, leite, ovos, entre outros) sofreu muito em 2020 com os preços das rações devido à valorização dos grãos. Acredita-se que a produção de milho da China deva cair de 260 para 250 milhões de toneladas, considerando que os estoques são os mais baixos em 4 anos.

Em 2021, a JBS irá inaugurar uma unidade industrial de carne suína no Missouri, EUA com capacidade de processar 11 mil toneladas por ano. A organização anunciou planos de dobrar a capacidade produtiva até 2024. Apesar do crescimento em produção na pecuária, em uma visão de sustentabilidade, segundo um estudo realizado pela UFG, entre 2018 e 2019, 26,8 milhões de hectares de pastagens degradadas em propriedades brasileiras foram recuperadas, número superior à meta de 15 milhões de hectares do Plano ABC.

Quanto ao café, segundo dados do Cecafé, tivemos um recorde para mês de outubro, com 4,1 milhões de sacas (+ 11,5% frente a 2019), o que significa uma receita de US$ 509,6 milhões (+8,5%).

Falando em café... uma pesquisa recente publicada trouxe a informação de que organizações do setor cafeeiro pelo mundo aparentam estar divididas em três grupos quando se fala em enfrentar os desafios da sustentabilidade. Cerca de 1/3 das empresas pode demonstrar compromissos tangíveis com a sustentabilidade, 1/3 são mais frágeis ou passivos nos esforços e o último 1/3 não age em sustentabilidade de forma alguma. O desafio principal está nas pequenas empresas, que pouco fazem por não terem condições ou, quando fazem, não divulgam.

Itens como mudança climática, trabalho infantil, preços justos e gestão da água são desafios no setor que envolve desde pequenos agricultores que supervisionam lotes de 1 hectare até torrefadoras multinacionais como maiores corporações do mundo. A mudança climática pode tornar a produção de café mais difícil em muitas regiões da cafeicultura, o que gera um grande problema social, pois o café é o sustento econômico para cerca de 125 milhões de pessoas, sendo cerca de 12 milhões os pequenos.

Nesse mesmo estudo foram identificadas duas estratégias em toda a indústria: hands-on e hands-off. Na primeira, a própria organização define suas práticas. Devido aos recursos financeiros, empresas maiores utilizam a hands-on implementando práticas internas de sustentabilidade ao longo da cadeia, pois possuem maior capacidade de fiscalização, governança e ideias práticas. Quanto a segunda estratégia hands-off, segue as normas das certificações externas que definem o escopo das atividades.

Passando para a dimensão de inovação, a Nestlé concluiu a aquisição por US$ 1,5 bilhão de uma startup de delivery de refeições saudáveis semiprontas, a Freshly, localizada nos EUA. O novo negócio em território americano é responsável por comercializar 1 milhão de refeições semanais em 48 estados. Nesse mesmo sentido temos o MC Donald apostando no plant-based substitutos de carne e de frango, testando uma linha de produtos à base de vegetais, a McPlant, em parceria com a Beyond Meat.

Mais uma notícia é que surge uma nova visão muito positiva sobre os transgênicos, prometendo oportunidades de desenvolvimento no mercado, segundo informações do ISAAA (International Service for the Acquisition of Agri-biotech Applications), pensando em questões como aumento da produtividade, menor uso de defensivos químicos nas lavouras, conservação da biodiversidade, redução nas emissões de dióxido de carbono (CO2), um dos gases do efeito estufa, e geração de renda para os agricultores. Os ganhos com produtividade fazem com que milhões de hectares de terra não precisem ser usados para cultivo, fato que contribui para a conservação da fauna e flora.  Somente em 2018, 23 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) deixaram de ser emitidos pela atividade agrícola mundial por conta do uso de transgênicos. O volume não liberado equivale ao que é produzido por 15,3 milhões de carros em um ano.  

Ainda em questões de emissão de CO2, na semana passada Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, divulgou de maneira antecipada a proibição das vendas de carros zero-quilômetro com motor a gasolina, a diesel ou a gás. A ideia é que esse movimento se iniciasse entre 2025 e 2040, mas Johnson quer zerar novos automóveis com motor a combustão em 2030, tudo para alcançar as metas do Acordo de Paris. A Noruega já estabeleceu sua meta para 2025, já Holanda, Suécia, Eslovênia, Irlanda e Israel farão também a transição em 2030. A Dinamarca tem uma iniciativa ainda mais avançada de proibir as vendas em 2030, mas tirar de circulação esses automóveis convencionais até 2035. O estado da Califórnia, nos EUA, anunciou para 2035 a proibição das vendas. O projeto de maior destaque é de Hainan, China, que pretende até 2030 ter toda a frota da ilha composta por veículos elétricos, principalmente por energias alternativas como solar e eólica.

Percebe-se a intensa preocupação com a mudança climática e com as metas a serem cumpridas. O tempo apressado intensifica essa corrida mundial que demanda por organizações comprometidas com o Desenvolvimento Sustentável e dispostas a entregar valor para seus stakeholders e não apenas para os shareholders. A inovação é o principal caminho para fazer tudo isso acontecer, pois caminha intimamente com a eficiência, produtividade e sustentabilidade, palavras que se inter-relacionam com o grande fato de que não se trata mais de um senso de responsabilidade, mas sim de um senso de extrema urgência.

Confira textos, vídeos e outros materiais de Marcos Fava Neves no site doutoragro.com

   Leticia  Franco Martinez

A coluna de Marcos Fava Neves é escrita em parceria com Leticia Franco Martinez, mestre e doutoranda na Faculdade de Administração da USP em Ribeirão Preto com pesquisas em marketing estratégico com ênfase em sustentabilidade e agronegócio. Confira os materiais produzidos por Letícia no Instagram Tripé Sustentável e no Linkedin.



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