Clube de assinatura: tendência que chega para ficar - CRA-SP
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Clube de assinatura: tendência que chega para ficar

Serviços oferecem conforto, praticidade, comodidade e experiências inovadoras para seus clientes e representam importante mudança no mercado consumidor

Um modelo de negócio que vem ganhando cada vez mais relevância entre os consumidores, principalmente com o público jovem, é o clube de assinatura. O crescimento desse mercado deve-se, entre muitos fatores, à comodidade de receber em casa produtos que passaram pela seleção de especialistas e às mudanças de hábitos de consumo, uma vez que as pessoas estão substituindo a ideia de propriedade pelo conceito de uso, ou seja, elas não se preocupam mais em ter, mas sim em usufruir.

De olho nessa tendência, as grandes marcas estão criando planos de assinatura de seus serviços e diversificando suas estratégias, no intuito de fidelizar os clientes e criar uma receita recorrente mais previsível. A prova de que esse estilo de negócio tem obtido resultados favoráveis pode ser vista nos dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico – ABComm, que apontam um aumento de 167% neste tipo de venda nos últimos quatro anos e uma movimentação de cerca de R$ 1 bilhão por ano no Brasil. 

Já a pesquisa da Betalabs, empresa que oferece plataforma para e-commerce, assinatura, ERP e workflow (gestão de processos), revela que, durante a pandemia, foram lançados 800 clubes, com uma estimativa de 600 novos consumidores por dia. O levantamento mostra ainda que, até 2015, existiam por volta de 300 empresas nesse setor e que, agora, já são quase 4 mil clubes. 

Vantagens e desafios

As vantagens desse formato de serviço para o consumidor, segundo Romulo Pereira, diretor de produto e customer service da iugu, plataforma para automação financeira, são a liberdade e a flexibilidade que o conceito oferece. “O principal ativo hoje é o tempo e esse modelo o libera da locomoção, transporte, escolha do produto e, com isso, sobra tempo para investir onde realmente pode gerar valor, como no trabalho, lazer ou com a família”.

     Romulo Pereira

Em relação à empresa, o diretor identifica como benefício a fidelização da marca, pois a cada envio do produto aumenta o relacionamento do cliente com a mercadoria. “A relação só será desfeita se o serviço ou o produto não for bom. Vi vários serviços de assinatura caírem por terra pelo fato de serem ruins. Muitas empresas que nunca tiveram que lidar com logística agora estão fazendo o last mile (do inglês, última milha, que significa a última etapa de entrega de uma encomenda). Esse é um desafio que, se der errado, acarreta na avaliação do serviço como ruim. O processo tem que ser eficiente e preciso na entrega”, explica Pereira.

Embora o clube de assinatura não seja algo novo no mercado, afinal, revistas e jornais já utilizam esse recurso há anos, seu modelo de negócio sofreu adaptações mais avançadas e de maior alcance com a transformação digital. Assim, os clubes ganharam diversos nichos que abrangem desde assinaturas de carro à água de coco. “Hoje tem assinatura de tudo e o conceito evoluiu para a ideia de bem-estar”, acrescenta Pereira. 

Alguns segmentos que eram impensáveis neste conceito, inclusive, estão revolucionando o mercado e, mais do que isso, oferecendo conforto, praticidade, comodidade e uma experiência inovadora para seus clientes. Confira alguns exemplos:

Moradia on demand

Com o propósito de revolucionar a forma de morar, em 2019 surgia a Housi, a primeira plataforma de moradia por assinatura do mundo. O serviço 100% digital permite que todo o processo seja feito pelo site ou aplicativo e, em pouco tempo, o usuário já pode escolher onde morar e o tempo que deseja ficar.

Tendo como objetivo diminuir a burocracia existente no mercado imobiliário, a Housi oferece ao contratante um modelo mais simplificado na hora de "alugar" um imóvel, que não depende de fiador, papelada e longos contratos de permanência, uma vez que o único documento exigido do cliente é a sua identidade. A cobrança, por sua vez, é realizada via cartão de crédito e depende apenas da aprovação da operadora responsável. Neste sistema, todas as unidades já vêm mobiliadas e equipadas, inclusive com wifi, TV a cabo e serviços pay per use com atendimento 24 horas, além de limpeza semanal. 

          Alexandre Frankel

Segundo o CEO da Housi, Alexandre Frankel, o novo formato de moradia passou a ser considerado no momento em que os fundadores da startup perceberam as mudanças de hábito de consumo e comportamento no mundo e, com isso, enxergaram a oportunidade de criar um modelo centrado no morador que, ao mesmo tempo, atendesse aos investidores que buscam aumentar a rentabilidade. “As mudanças na forma como nos conectamos, pedimos comida e nos locomovemos pela cidade foram o ponto de partida para criarmos a Housi”, conta Frankel.

O público que tem aderido ao novo estilo de moradia é bem diversificado: vai desde o estudante recém-saído da casa dos pais, até seniores com mais de 60 anos que buscam uma solução mais prática, passando por casais com ou sem filhos, divorciados e pessoas que vieram de outros estados a trabalho. “Como marketplace da moradia, nossa missão é ter uma oferta diversificada para atender diferentes públicos com diferentes necessidades”, explica o CEO.

Ao que tudo indica, o serviço de moradia por assinatura é uma tendência que chegou para ficar. Isso porque em apenas dois anos, a Housi deu o start em seu serviço em São Paulo, firmou importantes parcerias, abriu capital na Bolsa e ganhou destaque como uma das cinco startups que mais cresceram na pandemia. Atualmente, opera em mais de 40 localidades e, até o fim do ano, planeja expandir para 80 novas cidades e para a América Latina. “A moradia está migrando para um serviço que muda o sonho da compra da casa própria para o sonho do acesso à casa própria. Não fará mais sentido a burocracia insana, o endividamento, os juros e ficar imobilizado em um único lugar. Estamos em uma era em que o ‘ter’ dá lugar ao ‘usar’”, afirma Frankel.

Nova experiência cervejeira

Os amantes de cervejas especiais encontram no serviço de assinatura a comodidade de receber todos os meses uma seleção criteriosamente escolhida por especialistas, que têm como objetivo tornar a experiência com a bebida ainda mais completa. Essa é a proposta do Clube do Malte que, há 10 anos, já acreditava que a cerveja tinha potencial para ser muito mais do que uma bebida para consumo em grandes quantidades. “Nossa ideia é que a assinatura vá além da entrega de uma caixa de cervejas e seja um conceito de comunidade, valores e experiência”, alega Carol Lopes, diretora de Operações, Relacionamento e RH da empresa.

  Carol Lopes (Crédito - Fernanda Barzenski)

O Clube do Malte começou com duas lojas em Curitiba e uma vitrine variada de cervejas artesanais do mundo inteiro. Aos poucos, o proprietário percebeu que poderia ir muito além do cenário restrito da capital paranaense e criou a loja online, que passou a atender todo o Brasil. “Nós atendemos desde quem está começando agora no universo das cervejas artesanais, até os que já estão familiarizados com os estilos cervejeiros, bem como aqueles consumidores que chamamos de geeks, ou seja, que são experts no assunto e estão sempre em busca das novidades do mercado”, afirma Carol.

Os assinantes do Clube, além de escolherem o plano que mais tem a ver com seu perfil, ainda contam com vantagens exclusivas, como frete reduzido ou grátis, cashback, curso cervejeiro online e gratuito, entre outros benefícios. Para que a experiência do cliente seja positiva, a marca encara vários desafios. “Atuamos com força total em todos os setores da empresa para garantir produtos de qualidade, com preços e ofertas que façam a diferença. Treinamentos constantes dos colaboradores, além do atendimento eficaz e da agilidade no preparo do pedido e na entrega são alguns desafios diários que trabalhamos para fazer a roda girar”, revela a diretora de Operações. 

Todo esforço da equipe se traduz nos números que o Clube do Malte apresenta: até o momento, a marca tem em torno de 10 mil assinantes ativos e as vendas do site tiveram um crescimento de aproximadamente 45% no último ano.

Veículo sem preocupações

Os serviços de assinatura de carros oferecem benefícios para aqueles consumidores que buscam a conveniência de um carro zero quilômetro sem a preocupação com os documentos, IPVA, emplacamento, seguro e, muito menos, com a questão da depreciação do automóvel no momento da venda. Toda burocracia fica a cargo das empresas, como a Porto Seguro, por exemplo, uma das primeiras a oferecer essa modalidade.

            David Pereira

De acordo com David Pereira, gerente do Porto Seguro Carro Fácil, a adesão a esse modelo de serviço teve um crescimento de 36,2% em 2020, em comparação ao ano anterior. “Atingimos também o break even, fase em que o negócio começa a gerar lucro para a empresa. Já neste ano, tivemos crescimento de 16% em março, comparado ao mesmo período do ano passado”, conta.

Pereira comenta, ainda, que a assinatura pode custar até 6% menos do que adquirir um veículo zero quilômetro à vista e ser até 24% mais barato do que financiar um carro. Dentro das opções disponíveis, o assinante seleciona, através do site ou do aplicativo, o modelo, a cor e a placa do carro que deseja utilizar pelos próximos 12, 18 ou 24 meses e, durante esse período, tem direito a manutenções preventivas, documentação, licenciamento, veículo reserva, serviço leva e traz nas revisões da concessionária e ConectCar. A contratação é feita por cartão de crédito (sem comprometer o limite) e o valor médio do plano convencional é a partir de R$ 1.399.

“Quando olhamos o público, observamos que 93% dos nossos assinantes têm perfil investidor, pois eles encontram no carro por assinatura uma alternativa financeiramente atrativa para ter um veículo. Nesse modelo, o cliente sabe previamente o valor que pagará pelo automóvel, sem desembolsar nada a mais. Enquanto isso, foca no rendimento daquele dinheiro que seria destinado ao financiamento”, conclui Pereira.




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