Critérios ESG como direcionadores do agro brasileiro - CRA-SP
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Marcos Fava Neves
Marcos Fava Neves

Professor da FEARP/USP e da EAESP/FGV. Membro do Conselho da Associação Mundial de Alimentos (IFAMA) e criador da plataforma DoutorAgro.com. Publicou, com sua equipe, mais de 50 livros em 10 países.

Escreve a coluna Agronegócio


Critérios ESG como direcionadores do agro brasileiro

Publicado em 08/10/2020

A economia aos poucos volta a funcionar. Muitas empresas que estavam no home office gradativamente estão retornando para o presencial. A OCDE aponta que a economia deve se recuperar mais rápido do que era esperado. A estimativa era de uma retração de cerca de 6% e esse número regrediu para 4.5%. A perspectiva é de um crescimento de 5% no ano 2021.

A sustentabilidade ganhou força nesse período de reclusão e muitas empresas aumentaram sua atenção para o tema, buscando apresentar-se ainda melhor para o mercado. A Unilever é um dos exemplos,: a gigante anunciou que deve eliminar o uso de derivados de petróleo como fonte de matéria-prima em diversos produtos da companhia, investindo cerca de 1 bilhão de dólares no projeto até o ano de 2030, prazo para cumprimento da Agenda da ONU que engloba os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.  A empresa segue o princípio dos 3Rs da Economia Circular de “Reduzir, Reutilizar e Reciclar”, deixando para trás um pensamento linear e de consumismo desenfreado.

Iniciativas de economia circular são essenciais para diminuição de geração de resíduos e descartes incorretos de materiais, mas também são importantes para a redução dos custos de produção das empresas. Segundo notícia da Exame, a CMPC, fabricante de celulose, tem conseguido reduzir em 50% seus custos de produção a partir da reutilização de 99,8% dos resíduos gerados pela fábrica na produção de outros 15 novos produtos.

Mais uma oportunidade relacionada a economia circular está no potencial de geração de biogás no Brasil, que é estimado em 82 milhões de metros cúbicos/dia, com o setor sucroenergético representando 68% do total, o aproveitamento de resíduos industriais representando 24,4% e a reutilização de lixo urbano outros 7,6%.

A B3 está em processo de atualização do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) que qualifica empresas que possuem boas práticas socioambientais e do índice de Carbono Eficiente (ICO2) que qualifica empresas transparentes em relação as suas emissões de gases do efeito estufa (GEE). Para o biênio 2020-2021 é esperado o fortalecimento desses critérios. Há a expectativa do lançamento de um índice ESG que englobe empresas elegíveis aos novos critérios ambientais, sociais e de governança (Environment, Social and Governance).

Pavan Sukhdev, presidente global da WWF, reconhece as iniciativas de organizações do Brasil e comenta que não há outro país com tanto capital natural como o nosso, sendo assim, podemos esperar um tsunami de investimentos ESG.

A exemplo disso, de acordo com o Valor Econômico, as emissões de títulos verdes da Zurich no Brasil chegaram a R$ 62 milhões em julho de 2020. O valor foi investido em projetos de geração e transmissão de energia renovável e de saneamento básico. A Plataforma para o Biofuturo, criada pelo governo brasileiro, foi lançada recentemente com a intenção de promover estudos e replicar experiências sobre os projetos de transição energética. Segundo o Valor Econômico, mais de 30 presidentes de fundos de investimento e bancos assinaram o compromisso de investir em negócios que visam reduzir ou eliminar o desperdício dos recursos naturais.

Quanto aos números do agronegócio, a colheita da soja terminou com total de 124,8 milhões de toneladas produzidas, valor 4,3% superior. Enquanto isso, o milho aguarda a segunda e terceira safra, mas a estimativa é de 102,5 milhões de toneladas produzidas, valor 2,5% superior. Para a safra 2020/21, o Rabobank estima aumento da produção de soja brasileira graças ao câmbio e as boas margens, podendo chegar em 130,1 milhões de toneladas em uma área de 37,9 milhões de hectares.

Segundo dados do MAPA, as exportações do agronegócio totalizaram US$ 8,91 bilhões em agosto, valor 7,8% superior ao mesmo mês do ano passado. De todos tipos produtos e setores exportados pelo Brasil, 50,2% veio do agronegócio. Quando consideramos o total acumulado do mês de janeiro a agosto, o agronegócio já exportou US$ 69,63 bilhões que representa mais da metade de tudo que o país já exportou, valor 8,3% superior ao ano de 2019. Assim, ficamos com saldo positivo de US$ 61,50 bilhões na balança comercial.

Diante desses números, é inegável a nossa representatividade produtiva. Um dos maiores desafios do agronegócio brasileiro é defender suas qualidades e mostrar o seu potencial sustentável. Apresentar seus resultados em números para o mundo é uma boa ideia, diante de várias críticas recebidas continuamente e com argumentos bastante questionáveis.

Os critérios ESG virão como prova do desempenho das organizações do setor e quanto mais forem adentrando o nosso País, mais será possível melhorar a imagem brasileira e aumentar os investimentos em empresas que prezam por eles. A expectativa é que esses relatórios baseados em índices reconhecidos possam comprovar cada vez mais o que temos feito e, o mais importante, quanto temos feito.

Confira textos, vídeos e outros materiais de Marcos Fava Neves no site doutoragro.com

  Letícia Franco Martinez

A coluna de Marcos Fava Neves é escrita em parceria com Leticia Franco Martinez, mestre e doutoranda na Faculdade de Administração da USP em Ribeirão Preto com pesquisas em marketing estratégico com ênfase em sustentabilidade e agronegócio. Confira os materiais produzidos por Letícia no Instagram Tripé Sustentável e no Linkedin.




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