O poder da ciência no agro para o avanço rumo ao desenvolvimento sustentável - CRA-SP
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Marcos Fava Neves
Marcos Fava Neves

Professor da FEARP/USP e da EAESP/FGV. Membro do Conselho da Associação Mundial de Alimentos (IFAMA) e criador da plataforma DoutorAgro.com. Publicou, com sua equipe, mais de 50 livros em 10 países.

Escreve a coluna Agronegócio


O poder da ciência no agro para o avanço rumo ao desenvolvimento sustentável

Publicado em 22/02/2021

Começando com sustentabilidade pelo mundo, segundo publicado pelo Goldman Sachs, a China lançou um plano para zerar, até 2060, suas emissões de gases de efeito estufa. Os investimentos serão de cerca de US$ 16 trilhões em infraestrutura limpa, visando a migração total da frota rodoviária para veículos elétricos. Além disso, este projeto investe em hidrogênio combustível e outros programas de captura de carbono. Tudo isso porque o país asiático quer alterar o papel que desempenha hoje de maior emissor do planeta, respondendo por 30% do total das emissões.

No Brasil, o pagamento por serviços ambientais agora é lei no Brasil. Aprovado pela Câmara e sancionado pelo Presidente, o texto visa incentivar o desenvolvimento sustentável através da remuneração pelo bem preservado. Esse pagamento poderá ser realizado via monetária, prestação de serviços, compensações ou por meio de títulos e comodatos.

Segundo projetado pela Climate Bonds Initiative, ONG britânica que certifica as organizações para emitirem esses papéis, até 2030, ano da Agenda para Mudança Climática, os títulos verdes poderão render financiamento de R$ 700 bilhões à agricultura brasileira. Hoje, esse mercado brasileiro é ainda incipiente e as captações somam menos de R$ 10 bilhões, enquanto que no mundo totalizam US$ 328 bilhões. Setores como grãos, café e energia deverão ser ponto forte, diante da sustentabilidade.

Nesse sentido, o Ministério do Meio Ambiente anunciou o plano para contenção do desmatamento ilegal e recuperação de vegetação nativa, relacionado ao programa Floresta +. Este plano prevê a preservação e recuperação de 250 mil hectares, o que significa 64% da área inicialmente proposta pelo ministério, para os próximos três anos.

Os modelos de negócios que valorizam a floresta demandam um entendimento maior sobre bioeconomia que envolve muito mais do que produto, englobando os serviços também, sendo um deles a contribuição para mitigação de emissões de gases de efeito estufa. Tanto externalidades negativas quanto externalidades positivas devem ser discutidas para permitir a viabilidade econômica dos negócios compatíveis com os objetivos de proteção climática.

É importante ressaltar o poder da ciência no avanço rumo aos objetivos para o desenvolvimento sustentável e conservação de florestas. Podemos exemplificar a bioeconomia como potencial elemento transformador. Segundo um texto com título “Agenda para o destravamento da bioeconomia”, elaborado pelo Instituto Escolhas, “a bioeconomia engloba toda a cadeia de valor que é orientada pelo conhecimento científico avançado e a busca por inovações tecnológicas na aplicação de recursos biológicos e renováveis em processos industriais para gerar atividade econômica circular e benefício social e ambiental coletivo”. A bioeconomia deve ser direcionada, sim, para conservação do bioma existente, mas deve, também, se concentrar na expansão das áreas biodiversas, ou seja, que visam o bem de todos.

Marfrig, BRF, JBS e Minerva são exemplos nesse sentido, pois foram recentemente incorporadas à carteira Índice de Carbono Eficiente (ICO2) da B3. A BRF vai disponibilizar R$ 200 milhões para financiamento da instalação de painéis solares nas granjas dos produtores integrados, por meio do convênio com Banco do Brasil.

Em relação aos números do agronegócio, mais especificamente, em previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para o ciclo 2020/21, a produção de soja foi revista e reduzida, sendo, agora, 361 milhões de toneladas: 133 milhões do Brasil, 112,54 milhões dos EUA e 48 milhões da Argentina. Dessa forma, os estoques caem e devem ficar em 84,31 milhões de toneladas. Quando entramos nas perspectivas para o milho, a produção mundial também sofreu quedas e é estimada em 1.133,89 milhão de toneladas agora, com os EUA produzindo 360,24 milhões; o Brasil, 109 milhões e a Argentina, 47,5 milhões. Dessa forma, os estoques do cereal devem permanecer em cerca de 283,3 milhões de toneladas.

Falando em produção de grãos no Brasil, a estimativa da safra 2020/21 é de que será de 264,8 milhões de toneladas, segundo previsão da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), no boletim de janeiro. Isso representa um crescimento de 3,1%, quando comparado ao ciclo passado, em uma área semeada de 67 milhões de hectares, 1,6% superior. Especificamente a soja cria uma expectativa de uma produção recorde de 133,7 milhões de toneladas, valor superior em 7,1%, em uma área cultivada de 38,19 milhões de hectares, ou seja, 3,4% maior. O milho prevê queda de 0,2% e a produção deve atingir 102,3 milhões de toneladas, considerando que na primeira safra são esperadas 4,2 milhões de toneladas, ou seja, 6,9% inferior, em 4,17 milhões de hectares (-1,5%).

Quanto as exportações do agro, segundo dados do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), em dezembro de 2020, totalizaram US$ 7,30 bilhões, valor 3,8% menor comparado ao mesmo mês de 2019. As carnes ficam em primeiro lugar, totalizando US$ 1,51 bilhão em valor exportado (queda de 10,6%). No acumulado referente a 2020, as exportações do agronegócio totalizaram US$ 100,81 bilhões. O setor representa 48% do total exportado pelo nosso país. As importações consolidadas foram de US$ 13,05 bilhões, uma queda de 5,2%, deixando a balança comercial do agronegócio com superávit de US$ 87,76 bilhões, o qual compensou o déficit dos demais setores na ordem de US$ 36,87 bilhões.

Assim, entender sobre o cenário em números do agro é extremamente importante, mas os conceitos e evoluções em sustentabilidade devem também ser levados em consideração, principalmente dentro do cenário em que vivemos hoje. Conectar ambos assuntos proporciona uma visão holística do negócio e potencializa o sucesso nos resultados com responsabilidade e qualidade nos processos produtivos.

Confira textos, vídeos e outros materiais de Marcos Fava Neves no site doutoragro.com

   Letícia Franco Martinez

A coluna de Marcos Fava Neves é escrita em parceria com Leticia Franco Martinez, mestre e doutoranda na Faculdade de Administração da USP em Ribeirão Preto, professora no Centro Universitário Barão de Mauá e especialista em sustentabilidade no agronegócio.  Confira os materiais produzidos por Letícia no Instagram Tripé Sustentável e no Linkedin.




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