Professor da FEARP/USP e da EAESP/FGV. Membro do Conselho da Associação Mundial de Alimentos (IFAMA) e criador da plataforma DoutorAgro.com. Publicou, com sua equipe, mais de 50 livros em 10 países.
Escreve a coluna Agronegócio
Fatores-chave para o agro sustentável: preservação do meio ambiente, rentabilidade e igualdade socioeconômica
Publicado em 01/12/2021
A sustentabilidade é gigantesca e, quando direcionada para o agro, fica ainda mais poderosa, pois trata-se de um setor bastante influente em nosso país e uma verdadeira fábrica a céu aberto. O trabalho do agricultor ganha destaque especial para o tema, pois na fazenda é onde tudo começa e nada melhor do que começar certo, não é mesmo?
Associado às técnicas que promovam a preservação do meio-ambiente, o produtor consegue ser sustentável não comprometendo a produtividade do seu negócio. A adoção da agricultura 4.0 e aplicação de métodos diferenciados de manejo na rotina da fazenda são diferenciais nesse sentido.
Pode-se destacar a preservação do meio ambiente, rentabilidade e igualdade socioeconômica como assuntos indispensáveis para o agro sustentável. Seguindo esses preceitos e com a ajuda de todos os atores que compõem a cadeia de produção, se garante o beneficiamento de todos os envolvidos no processo, não somente no tempo presente, mas também no futuro, garantindo recursos para as próximas gerações.
Aí vão algumas dicas que podem ajudar principalmente o pilar ambiental nos negócios agro:
- Estar ligado ao código florestal e regularizado;
- Medir a pegada hídrica, de carbono, de energia e aumentar sempre que possível a eficiência;
- Usar fontes renováveis, gerir resíduos e praticar economia circular (fomentar a reciclagem e reutilização);
- Proteger a biodiversidade, fauna e flora, florestas;
- Recuperar áreas degradadas e da fauna e flora;
- Produzir com eficiência e responsabilidade com o meio ambiente;
- Encontrar mecanismos de financiamento e recompensas ambientais;
- Planejar plantios e colheitas para ocorrer conforme o ciclo hidrológico local e obter maior aproveitamento da água da chuva;
- Utilizar técnicas de plantio direto;
- Utilizar diesel com menor teor de enxofre e biodiesel na mistura com o diesel para a frota da fazenda;
- Usar energia solar e projetos de biogás.
Exemplos atuais mostram como parcerias são interessantes para caminhar nesse sentido. Com apoio de outras organizações que possuem o mesmo objetivo, é possível ganhar força e fazer a diferença. Essa percepção ganha cada vez espaço e agrega valor na percepção que o consumidor possui sobre os produtos.
Conforme notícia que o Valor apresentou recentemente, a John Deere “uma das marcas de máquinas agrícolas mais vendidas do mundo, e a ONG The Nature Conservancy (TNC) estabeleceram um acordo de colaboração” para transformar áreas agrícolas, de forma que se tornem mais produtivas e sustentáveis no Vale do Araguaia, região de Cerrado que se espalha pelos Estados de Mato Grosso, Goiás e Tocantins.
A Amazon também fez parceria com a mesma ONG em projeto que busca dar escala ao reflorestamento na Amazônia. Também segundo o Valor, “a recuperação almejada chega a 20 mil hectares, mais do que vem sendo previsto até o momento por projetos de restauração desenvolvidos por outras organizações e pela própria TNC - na região amazônica”.
Mas como a sustentabilidade gera rentabilidade para o agro? É só pegarmos os números do agronegócio brasileiro e seu potencial. Por exemplo, a consultoria especializada em sustentabilidade WayCarbon, sob encomenda da ICC Brasil (International Chamber of Commerce Brasil), realizou um estudo recente onde mostrou que o Brasil tem capacidade de gerar até R$ 100 bilhões em créditos de carbono apenas no setor do agronegócio, floresta e energia até 2030. O montante seria o equivalente a 1 bilhão de toneladas de CO2 equivalente.
Outras ações voltadas para rentabilidade podem envolver:
- Sucessão familiar estruturada;
- Definir objetivos comuns na cadeia ponta a ponta;
- Trabalhar parcerias e alianças públicas e privadas, contribuindo para desenvolvimento de projetos maiores e para a inovação;
- Estimular economia compartilhada;
- Interagir de forma ativa com outros agentes na promoção do desenvolvimento econômico.
Por fim, falando na igualdade socioambiental, mais algumas dicas envolvem ações como:
- Oferecer boas condições de trabalho e saúde, seguindo leis trabalhistas;
- Oferecer empregos e salários adequados;
- Agir considerando a equidade de gênero;
- Melhorar o entorno, fornecendo oportunidades de trabalho e melhoria de infraestrutura;
- Comprar na comunidade e fortalecer pequenos negócios, valorizando seu conhecimento e atributos de imagem e mercadológicos;
- Desenvolver processos de inclusão de pessoas e geração de oportunidades.
Nesse sentido, é legal mencionar programas como o Fundo pela Amazônia da JBS que investe em projetos que mudam a vida das pessoas e ajudam a vida na Amazônia a ser melhor. Os resultados esperados são: conservação de 3 mil hectares de áreas nativas de açaí certificados; aumento de 83% na quantidade de cooperados e 30% na participação feminina; autonomia financeira e gestão à Amazonbai e às 2 escolas com modelo inédito de financiamento (Agrofolha).
Essas são algumas dicas para sustentabilidade no agro. Assim como em outros dos nossos artigos, deixamos claro que temos muito potencial e que é possível falar em produção sustentável sim. Esperamos que gostem!
Leticia Franco Martinez
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Economista e consultor. É diretor do Instituto de Economia da Associação Comercial de São Paulo, onde também atua como superintendente institucional. Autor dos livros "O Plano Real Para ou Continua" e "O Plano Real Acabou?".
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CEO da W Futurismo, Futurista Global, Estrategista, especialista em Foresight, em Comportamento Humano e em Gestão Positiva de Mudanças. Faz parte da comunidade da UNESCO em Futures Literacy.
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Sócio da BDO RCS Auditores Independentes – líder da área de Esporte Total. Responsável técnico da plataforma Fair Play Financeiro, da CBF. Professor da CBF Academy e do curso de Gestão e Marketing Esportivo, da Trevisan Escola de Negócios.
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Presidente do Instituto Chiavenato. Um dos autores nacionais mais respeitados na área de Administração e RH, com mais de 30 livros publicados. Professor convidado de várias universidades nacionais e do exterior.
Escreve a coluna Tendências da Administração
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Administrador com pós-graduação em Marketing. CEO da Giros Filmes, sócio da Mundo Real e ex-CEO da Agência TUDO. Um dos mais reconhecidos profissionais de Marketing do País
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Cofundador e presidente do Grupo Empreenda, consultor, palestrante e autor do bestseller “Seja o Líder que o Momento Exige”. Criador da metodologia “Passaporte para o Futuro”
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