Professor da FEARP/USP e da EAESP/FGV. Membro do Conselho da Associação Mundial de Alimentos (IFAMA) e criador da plataforma DoutorAgro.com. Publicou, com sua equipe, mais de 50 livros em 10 países.
Escreve a coluna Agronegócio
Pensar em sustentabilidade não é diferente de pensar em um plano estratégico
Publicado em 18/05/2021
Pensar em critérios ESG (Environmental, Social, Governance) é pensar de maneira ousada, já que o assunto ainda é incipiente e poucos sabem o significado aqui no Brasil, apesar de ser crescentemente mencionado. Já comentamos em outros de nossos artigos sobre o tema, mas retomamos hoje o conceito para destacar sua importância. Pensar em sustentabilidade não é diferente de pensar em um plano estratégico, estamos falando de longo prazo em ambos os casos.
O governo brasileiro, durante a Cúpula de Líderes sobre o Clima, prometeu alcançar a neutralidade nas emissões de gases do efeito estufa até o ano de 2050, o que antecipa as metas em 10 anos. Além disso, disse ter como objetivo zerar o desmatamento ilegal até 2030. Para que isso seja possível, o chefe do executivo brasileiro pediu a ajuda de recursos internacionais, relacionados ao pagamento por serviços ambientais prestados pelos biomas brasileiros.
A Suzano é uma empresa brasileira, maior produtora global de celulose de eucalipto e uma das 10 maiores de celulose de mercado, além de líder mundial no mercado de papel. Ela é um exemplo que considera os critérios ESG com sucesso, se preocupando com as mudanças do clima. Em 2019, segundo a Exame Invest, a remoção líquida da empresa, sequestro de carbono da atmosfera pelas florestas menos a emissão de carbono pela empresa, chegou a um total de 11,7 milhões de toneladas de CO2. Além da preocupação com o CO2, ainda possui compromissos com água, resíduos e o aumento de energia renovável em suas atividades. Isso tudo falando em meio ambiente. Quando se fala a respeito de sociedade, a empresa se comprometeu a tirar 200 mil pessoas da pobreza, além de melhorar o Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb) em 40% nos municípios de maior prioridade. Valoriza a diversidade e tem meta de, até 2025, aumentar o número de cargos de liderança para mulheres (chegando a 30% do total) e negros (outros 30% do total). Para governança, possui um conselho diverso que é assessorado por vários comitês.
Entrando em outras terminologias, o mercado de crédito de carbono se relaciona com o tema. É interessante mencionarmos o princípio da adicionalidade nesse caso, pois não basta uma empresa ter um espaço com uma floresta para adquirir ou vender créditos. Pensando ainda na Suzano, temos uma floresta de eucalipto que é cortada a cada 7 anos. Nesse princípio da adicionalidade é necessário um benefício adicional à humanidade e ao meio ambiente. No entanto, se as florestas de eucalipto forem plantadas sobre uma área de pastagem, por exemplo, aí sim, estaremos dentro desses princípios. Os greenbonds financiam empresas e projetos que trazem benefícios ambientais e os Sustainability-linked bonds financiam o valor sem necessidade dos projetos especificamente, mas sim, do compromisso em algum ponto social ou ambiental (Exame Invest).
Trazendo para a prática a questão de créditos de carbono. No setor canavieiro, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgou as metas de comercialização de Créditos de Descarbonização (CBios) para este ano de 2021: será de 24,86 milhões de títulos mais 363 mil que não foram adquiridos no ano passado (total de 25,22 milhões). A BR Distribuidora deve comprar cerca de 26,3% do total, o que significa 6,55 milhões de títulos, seguida da Ipiranga com 19% do total, representando 4,71 milhões de títulos, e da Raízen com 17,3% do total, sendo 4,3 milhões de títulos.
Aproximadamente 50% de toda a meta de CBios já havia sido comercializada pelas unidades produtoras de biocombustíveis até começo de abril, (o que significa 12,1 milhões de créditos com operações concluídas na B3). Assim, restam cerca de 11,8 milhões de CBios para atingimento da meta.
Ainda, a oferta dos CBios neste ano deve superar a demanda das distribuidoras. Segundo dados da StoneX, será de 6,5 milhões a 7 milhões de créditos além do necessário às distribuidoras, contabilizando um total de cerca de 31,5 milhões de títulos disponíveis para aquisição. Com isso, os preços estão em um valor médio de R$ 31,00/CBio contra R$ 43,00 de 2020.
A grande “sacada” é que, ainda nesse ano, muitas empresas irão se conectar ainda mais com os critérios ESG, adotando em seu cotidiano as iniciativas em sustentabilidade para neutralização dos gases do efeito estufa.
Leticia Franco Martinez
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Economista e consultor. É diretor do Instituto de Economia da Associação Comercial de São Paulo, onde também atua como superintendente institucional. Autor dos livros "O Plano Real Para ou Continua" e "O Plano Real Acabou?".
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CEO da W Futurismo, Futurista Global, Estrategista, especialista em Foresight, em Comportamento Humano e em Gestão Positiva de Mudanças. Faz parte da comunidade da UNESCO em Futures Literacy.
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Sócio da BDO RCS Auditores Independentes – líder da área de Esporte Total. Responsável técnico da plataforma Fair Play Financeiro, da CBF. Professor da CBF Academy e do curso de Gestão e Marketing Esportivo, da Trevisan Escola de Negócios.
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Presidente do Instituto Chiavenato. Um dos autores nacionais mais respeitados na área de Administração e RH, com mais de 30 livros publicados. Professor convidado de várias universidades nacionais e do exterior.
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Administrador com pós-graduação em Marketing. CEO da Giros Filmes, sócio da Mundo Real e ex-CEO da Agência TUDO. Um dos mais reconhecidos profissionais de Marketing do País
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