Professor da FEARP/USP e da EAESP/FGV. Membro do Conselho da Associação Mundial de Alimentos (IFAMA) e criador da plataforma DoutorAgro.com. Publicou, com sua equipe, mais de 50 livros em 10 países.
Escreve a coluna Agronegócio
O mercado de títulos verdes aparece como impulso rumo à sustentabilidade
Publicado em 12/03/2021
Percebe-se a importância crescente para as ações relacionadas à emergência climática. Ao mesmo tempo, a pandemia, assim como protestos como Black Lives Matter, chamou a atenção sobre a desigualdade social. As pessoas estão dando maior atenção e sendo mais empáticas ao cenário que nos rodeia e buscando fazer algo. O aspecto financeiro é um meio interessante de transformação para alcance das metas para o Desenvolvimento Sustentável. O mercado de títulos verdes ??aparece como um impulso rumo à sustentabilidade.
De acordo com dados do Environmental Finance Bond Database, a emissão total de títulos GSSS (Green, Social, Sustainability and Sustainability-linked) passou de US$ 600 bilhões em 2020, o que significa quase o dobro dos U$326 bilhões emitidos em 2019. Espera-se ainda mais em 2021. Em relatório divulgado pelo CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), o Brasil pode gerar mais de 2 milhões de empregos e movimentar US$ 17 bilhões até 2030 com projetos de meio ambiente. Assim, as discussões envolvendo a precificação do carbono devem se fortalecer, principalmente porque a pauta será tratada na COP-26 da ONU, em novembro deste ano. Os avanços na comercialização de carbono podem beneficiar diversas áreas no Brasil, como a de biocombustíveis, energias renováveis, agricultura de baixo carbono, bioeconomia e outra.
Na linha dos créditos verdes, a Socicana (Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba, SP), conseguiu R$ 4,6 milhões para oferecer taxas 20% menores aos produtores integrados, desde que estes tenham certificações de sustentabilidade ambiental. Valem os programas Bonsucro, RSB e o Top Cana, da própria associação. A operacionalização se dá pela cooperativa de crédito Coopecredi. Mais uma rumo à sustentabilidade.
A indústria de alimentos é responsável por 26% das emissões globais de gases de efeito estufa, segundo a FAO (Food and Agriculture Organization of the United States). Além disso, um terço de todos os alimentos produzidos para consumo humano é desperdiçado. Hanneke Faber, presidente de alimentos e bebidas da Unilever, comentou em uma entrevista para a Food Dive que é possível termos uma relação “ganha-ganha-ganha” para as pessoas, para o planeta e para os negócios, se resolvermos os problemas reaproveitando produtos, planejando e mudando a mentalidade do consumidor.
A Unilever definiu suas primeiras metas de sustentabilidade em 2010, que só aumentam desde então. Os objetivos mais recentes da empresa lançados em novembro de 2020, incluem cortar o desperdício de alimentos da fábrica pela metade até 2025, reduzindo em cinco anos o compromisso inicial como parte da iniciativa 10x20x30. Incluíram também em suas metas aumentar as vendas de plantas para um valor de €1 bilhão nos próximos cinco a sete anos, o que dizem estar ligado à redução das emissões de gases de efeito estufa da agricultura tradicional baseada em animais.
Pensando em pessoas, a JBS deve incluir 200 pecuaristas de pequeno porte, de Rondônia, no selo Biocombustível Social, do Mapa. Investiu mais de R$ 5 milhões em assistência técnica gratuita. Com a inclusão dos novos produtores, a JBS espera uma oferta adicional de 40 mil cabeças de gado, produzidas com base nos parâmetros socioambientais do programa.
Ainda, considerando o mês das mulheres, podemos falar sobre o avanço do público feminino no agronegócio, que é tradicionalmente masculino. De acordo com a Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), 31% das mulheres estão na liderança em propriedades rurais brasileiras. Isso significa inclusão e diversidade, o que é extremamente importante, tratando-se de um benefício para o negócio. A Bayer possui iniciativas de afinidade para gênero, conectando grupos de mulheres, preparação de liderança inclusiva, entre outras. De acordo com uma pesquisa de inclusão e diversidade (I&D) realizada pela própria Bayer, 78% dos colaboradores consideram que a liderança se compromete com a justiça e a equidade.
Para encerrarmos, passando por um panorama rápido sobre os principais números em grãos para o agronegócio mundial: de acordo com o relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) de fevereiro, a produção global de soja para o ciclo 2020/21 deve chegar a um total 361,08 milhões de toneladas, com estoques finais de 83,36 milhões de toneladas. O valor projetado para a produção brasileira da oleaginosa é de 133 milhões de toneladas, enquanto nos EUA deve ser de 112,54 milhões e na Argentina devem ser produzidas 48 milhões de toneladas. Em relação ao milho, a produção mundial está projetada em 1.134,05 bilhão de toneladas e estoques finais de 286,53 milhões. Assim, os EUA devem produzir 360,24 milhões de toneladas; o Brasil 109 milhões e a Argentina 47,5 milhões de toneladas. A oferta está bem justa e, provavelmente, teremos que utilizar estoques, elevando os preços das principais commodities.
Letícia Franco Martinez
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Economista e consultor. É diretor do Instituto de Economia da Associação Comercial de São Paulo, onde também atua como superintendente institucional. Autor dos livros "O Plano Real Para ou Continua" e "O Plano Real Acabou?".
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CEO da W Futurismo, Futurista Global, Estrategista, especialista em Foresight, em Comportamento Humano e em Gestão Positiva de Mudanças. Faz parte da comunidade da UNESCO em Futures Literacy.
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Sócio da BDO RCS Auditores Independentes – líder da área de Esporte Total. Responsável técnico da plataforma Fair Play Financeiro, da CBF. Professor da CBF Academy e do curso de Gestão e Marketing Esportivo, da Trevisan Escola de Negócios.
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Presidente do Instituto Chiavenato. Um dos autores nacionais mais respeitados na área de Administração e RH, com mais de 30 livros publicados. Professor convidado de várias universidades nacionais e do exterior.
Escreve a coluna Tendências da Administração
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Administrador com pós-graduação em Marketing. CEO da Giros Filmes, sócio da Mundo Real e ex-CEO da Agência TUDO. Um dos mais reconhecidos profissionais de Marketing do País
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Cofundador e presidente do Grupo Empreenda, consultor, palestrante e autor do bestseller “Seja o Líder que o Momento Exige”. Criador da metodologia “Passaporte para o Futuro”
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