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Marcos Fava Neves
Marcos Fava Neves

Professor da FEARP/USP e da EAESP/FGV. Membro do Conselho da Associação Mundial de Alimentos (IFAMA) e criador da plataforma DoutorAgro.com. Publicou, com sua equipe, mais de 50 livros em 10 países.

Escreve a coluna Agronegócio


O agronegócio como setor que pode fazer a diferença nas mudanças do clima!

Publicado em 19/05/2022

A união entre as nações tem sido uma das únicas alternativas para lidar com diversos momentos difíceis e impensáveis pelos quais a humanidade tem passado, a exemplo da crise sanitária que só tem melhorado, graças à colaboração de diversos profissionais da saúde de todo o mundo. O mesmo empenho global se faz necessário para lidar com outro problema bastante delicado e que coloca em risco não somente os seres humanos, mas a vida do planeta como um todo (animais, plantas): a mudança do clima.

No sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas do ano de 2022, 278 cientistas de 65 países mostraram que, para que ainda seja possível alcançar o limite de 1,5°C a mais em nosso planeta, o mundo deve atingir o pico de emissões de gases do efeito estufa (GEE) até 2025 e depois começar a reduzi-las.

Segundo a World Resources Institute (WRI), alguns pontos ficaram evidentes após divulgação de tal relatório:

  • As emissões de GEE aumentaram ao longo dos últimos 10 anos, atingindo 59 gigatoneladas de CO2 equivalente (GtCO2eq) em 2019, cerca de 12% a mais do que em 2010 e 54% a mais do que em 1990;

  • Combustíveis fósseis não podem ser mais utilizados;

  • Todos os setores devem passar por transformações rápidas;

  • Mudanças de comportamento e estilo de vida por parte das pessoas devem ser adotadas;

  • Sem remoção de carbono, será impossível manter a meta de 1,5oC;

  • O financiamento climático para a mitigação deve aumentar de 3 a 6 vezes até o ano de 2030 para restringir o aquecimento global.

A transição para uma economia de baixo carbono depende de vários fatores e restrições como, por exemplo, políticas públicas e tecnologias. Estes fatores tiveram avanços notáveis na última década e abriram muitas oportunidades para a descarbonização profunda e caminhos alternativos para o desenvolvimento que podem contribuir com múltiplos objetivos socioambientais nos mais diversos setores.

O setor do agronegócio, por exemplo, que está cada vez mais tecnificado e conta com várias políticas voltadas para o avanço do ponto de vista da sustentabilidade, principalmente por conta do avanço das pesquisas e aumento do conhecimento relacionado a importância das altas produtividades nas fazendas para maximização dos lucros e cuidado com o meio ambiente. Este cenário contribui para a agricultura de baixo carbono e, portanto, para as metas traçadas para a mudança climática, já que se trata de um setor bastante importante não só para o Brasil, mas também para o mundo.

Apesar das diversas críticas, o Brasil é responsável por uma parcela pequena das emissões (2,9%) se comparado ao ranking de territórios que mais emitem gases do efeito estufa no mundo. Somados, China, Estados Unidos, Índia e União Europeia são responsáveis por 51,2% das emissões. Especificamente na agricultura, a Índia é responsável por cerca de 12% das emissões, seguida pela China com 11%, enquanto o Brasil representa aproximadamente 8%, com base nos valores de 2018 disponibilizados pela plataforma Climate Watch.

Dentre os fatos que comprovam que o Brasil promove o agronegócio sustentável está a existência no país de uma das legislações mais completas para o uso da terra em termos de proteção ambiental, que exige que os proprietários reservem para preservação entre 20% e 80% da área de suas propriedades e que estes conservem matas ciliares e outros ecossistemas frágeis. A vegetação nativa deve ser preservada em cerca de 25% do território brasileiro e os agricultores, pecuaristas, silvicultores e extrativistas destinam mais de 218 milhões de hectares para esse fim, segundo dados contidos na “Cartilha ESG” divulgada pelo escritório de advocacia VBSO em 2021.

O agronegócio brasileiro pode contribuir fortemente por meio de iniciativas como o Inventário Nacional de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa, cuja elaboração é coordenada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). O setor agropecuário é um dos cinco que compõem este inventário. A principal contribuição está em disponibilizar os fatores de emissão para diferentes sistemas de manejo, ou seja, dados mais precisos acerca do ciclo da bovinocultura e da agricultura estão à disposição do setor produtivo e da comunidade científica para fomentar novas pesquisas, estimular e/ou implementar tecnologias que tragam mais eficiência e produtividade, em consonância com as necessidades impostas pelas metas do clima.

Além disso, umas das principais políticas setoriais de mitigação. o Plano de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), segundo a Climate Watch, já destinou mais de R$ 17 bilhões para uma ampla gama de medidas, como a recuperação de pastagens degradadas; a fixação biológica de nitrogênio; o aumento do acúmulo de matéria orgânica (portanto de carbono no solo); sistema de plantio direto; integração lavoura-pecuária-floresta e sistemas agroflorestais; e plantio florestal.

Pensando na atuação do produtor rural, outro bom exemplo do empenho do agro, divulgado pela Plataforma Produzindo Certo, foi no início de 2021, quando sete produtores rurais do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul foram os primeiros no mercado de títulos verdes, sem ligação a um grupo agroindustrial, onde captaram cerca de R$ 63 milhões para financiar as suas atividades agrícolas e promover a preservação ambiental. Em meados do mesmo ano, o grupo emitiu o primeiro “Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) Verde.Tech”. Foi a primeira operação seguindo os novos critérios agrícolas estabelecidos em outubro de 2020, incluindo além de compromissos produtivos e financeiros, uma série de metas de desempenho socioambiental em suas propriedades.

Diante da visível necessidade de uma atitude drástica para conter o aquecimento do planeta e da importância do Brasil nesse contexto, assim como do agronegócio como setor diferencial para conter os avanços dos impactos do clima, o produtor rural aparece como um importante agente transformador capaz de colaborar com resultados essenciais. Para que isso seja possível, nossa sugestão que fica neste artigo de hoje é que o acesso à informação de qualidade seja ampliado cada vez mais para que todos tenham consciência desse fato. Compartilhem conhecimento!

A coluna de Marcos Fava Neves é escrita em parceria com Leticia Franco Martinez e Gabriel de Oliveira Teixeira. 

Marcos Fava Neves é professor titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio. Confira textos, vídeos e outros materiais no site doutoragro.com

  Leticia Martinez

Leticia Franco Martinez é mestre e doutoranda na Faculdade de Administração da USP em Ribeirão Preto, professora no Centro Universitário Barão de Mauá e especialista em sustentabilidade no agronegócio. Confira seus materiais no Instagram Tripé Sustentável e Linkedin.x’

                                                           Gabriel Teixeira

Gabriel de Oliveira Teixeira é graduado em ciências econômicas e mestrando em administração de organizações, ambos na USP de Ribeirão Preto. É também consultor e pesquisador na área de agronegócios, especialista em bioenergia e sustentabilidade. Confira seus materiais no Linkedin.





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