Empreendedorismo em startup: conheça os riscos e os caminhos para o negócio decolar - CRA-SP
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Empreendedorismo em startup: conheça os riscos e os caminhos para o negócio decolar

Iniciar uma startup possui vantagens e inúmeros desafios. Saiba como agir nesse mercado repleto de incertezas

Criar um modelo de negócio inovador, escalável, com crescimento acelerado e que atenda as dores, necessidades e desejos dos clientes está nos planos de muita gente. No entanto, se empreender no modelo tradicional já é um risco, no ecossistema das startups o empreendedorismo é ainda mais desafiador, afinal, as empresas desse segmento atuam em um mercado incerto, volátil e frágil financeiramente.  

Embora os riscos sejam inúmeros, as oportunidades para quem tem boas ideias, visão de mercado e disposição para fazer o negócio decolar são promissoras. Para explicar sobre como empreender nesse universo, a quinta e última matéria da série Especial Startups aborda as vantagens, dificuldades e o perfil do empreendedor de startups, respondendo uma importante questão: o empreendedorismo em startups é um caminho para todos?

A reportagem traz também o resultado de uma pesquisa exclusiva, realizada pelo CRA-SP com alunos das áreas da Administração que possuem a Carteira de Estudante do Conselho, que revela  o que eles pensam e o quanto conhecem sobre esse modelo de negócio. 

Continue a leitura e confira:

  • Os desafios do empreendedorismo

  •  As vantagens do empreendedorismo em startups

  • O perfil do empreendedor de startups

  • Dicas para começar a empreender

  • Competências que os administradores precisam ter para atuar em startups

  • Estudantes de Administração e startups: dá match?

  • Empreendedorismo em startups: é um caminho para todos?

Os desafios do empreendedorismo 

                                                             Gustavo Caetano

Uma das principais dificuldades do empreendedorismo em startup é a falta de investimento inicial, que muitas vezes precisa sair do bolso do próprio empreendedor ou da “aposta” de pessoas próximas. 

Além disso, como há muita gente atenta aos gaps do mercado para emplacar alguma ideia, conquistar um espaço nesse ambiente é algo cada vez mais complexo. “A persistência pode ser um recurso importante nesse processo”, avalia Erika Buzo Martins, professora e supervisora de área no curso de Administração da ESPM.

Já Gustavo Caetano, CEO da Sambatech, empresa voltada para distribuição e gestão de vídeos on-line, aponta outros fatores que também desafiam o empreendedor: a falta de experiência, a concorrência, a necessidade constante de inovação e as dificuldades tanto no gerenciamento do time de colaboradores, quanto para atrair e reter investidores.

As vantagens do empreendedorismo em startups

Nesse ecossistema conhecido por sua flexibilidade nos processos, inovação, agilidade e disrupção, o profissional tem autonomia para criar um negócio inovador do zero, em um ambiente dinâmico. E se o negócio for realmente promissor, as chances dele crescer exponencialmente são ainda maiores.

“Considerando o dinamismo do mercado, a empresa que consegue decolar pode ter seu retorno financeiro a partir de uma compra ou fusão de outra grande organização. Para os empreendedores é um negócio altamente vantajoso, pois eles podem vender o que construíram e começar outro negócio futuramente”, explica a professora.

  Orlando Cintra

O perfil do empreendedor de startups

Quem decide apostar em uma startup deve estar disposto a correr riscos, pois esse é um mercado muito incerto, no qual não é possível saber se o negócio terá um retorno financeiro ou, até mesmo, se funcionará. “O empreendedor de uma startup só tem uma certeza: ele conhece o dia que sua empresa pode deixar de funcionar ou quebrar por falta de caixa e, assim, fechar as portas. Tirando essa certeza, ele não tem mais nenhuma. Dito isto, fica claro que o empreendedor deve ser alguém pronto a tolerar muito risco, ter muita motivação e a certeza de que o empreendimento vai dar certo”, elucida Orlando Cintra, founder & CEO da BR Angels, grupo de investidores anjos.

O CEO complementa, ainda, que é preciso motivar outras pessoas, colocar profissionais competentes para “dentro do barco” e saber vender seu sonho para clientes e investidores, gerando valor para toda cadeia. “Esses são pontos que dificilmente faltam em um empreendedor de sucesso”, diz.

Na mesma linha de pensamento, Marcelo Krieger, sócio da Digitaliza Brasil, distribuidora de e-books no Brasil, acredita que um bom time deve cobrir todas as bases de um empreendimento: técnico, comercial e administrativo. Isto quer dizer que deve haver alguém capaz de desenvolver o produto/serviço; outra pessoa para as vendas; e, ainda, um outro responsável pelo suporte, para que as demais áreas possam se dedicar às funções.

                                                              Marcelo Krieger

“Não significa que uma equipe deva ter pelo menos três pessoas, tampouco que uma startup não possa nascer da ideia de um único empreendedor. Mas, de alguma forma, o empreendimento precisa ter essas três competências. A partir disso, o time deve ter a capacidade de enfrentar o período necessário até que o negócio possa se sustentar. Por esta razão é importante juntar as pessoas certas, traçar um plano realista e estar preparado para enfrentar os percalços iniciais”, salienta Krieger.

Dicas para começar a empreender

O primeiro passo para quem quer empreender é ter uma boa ideia, que seja replicável e escalável. A partir disso, é válido testar se ela traz soluções reais às necessidades dos consumidores. Outro ponto importante é justamente pensar na equipe que irá compor a empresa. 

“No quadro societário inicial, a sugestão é que ele seja reduzido por conta das cotas iniciais direcionadas aos possíveis investidores. Já o quadro de funcionários precisa ser ‘atraente’ com relação às especificidades do negócio para que, de fato, funcione e tenha visibilidade”, comenta Erika.

“Decolar será consequência de um trabalho bem feito, com planejamento de curto e longo prazos e voltado a resolver problemas reais da sociedade. Além, é claro, de o negócio ser transparente, ético e com pleno conhecimento do mercado em que atua”, complementa a docente. 

  Erika Buzo Martins

Competências que os administradores precisam ter para atuar em startups

Segundo Caetano, os profissionais de administração precisam desenvolver competências técnicas em gestão de pessoas, finanças, marketing e processos. Considera importante, também, que eles sejam proativos, criativos, flexíveis, perseverantes e resilientes para que possam se adaptar às mudanças e os desafios constantes do mercado.

Por terem um embasamento técnico mais completo por conta das disciplinas ofertadas ao longo do curso de Administração, os profissionais já estão minimamente capacitados para atuarem em startups. Contudo, na opinião da docente da ESPM, estudar e saber o que fazer com essas áreas de conhecimento são coisas bem distintas e, nesse ponto, é que as competências comportamentais se tornam importantes, pois podem facilitar a atuação e a permanência no mundo das startups.

"Resiliência e adaptabilidade, orientação para resultados, saber trabalhar em equipe com foco em criatividade e inovação, além de inteligência interpessoal são algumas das competências necessárias para que profissional possa contribuir da maneira correta e em tempo hábil, já que a velocidade de atuação é grande e mudança nesse perfil de empresas é muito ágil”, comenta Erika. 

Estudantes de Administração e startups: dá match?

Para saber o que os futuros profissionais da Administração conhecem e desejam em relação ao mercado de startups, o CRA-SP realizou recentemente uma pesquisa com todos os alunos que possuem a Carteira de Estudante do Conselho. Entre os resultados estão a vontade de participar desse ecossistema e as dúvidas sobre qual o melhor caminho a seguir. Confira os principais insights abaixo: 

Infográfico com os resultados da pesquisa, onde 66% dos alunos afirmam saber o que é uma startup, ainda que 53% não se recordam ou não tiveram conteúdo sobre na faculdade.
Segunda parte do infográfico, agora com os dados que mostram a preferência dos alunos pelas  fintechs

Empreendedorismo em startups: é um caminho para todos?

Por mais que empreender em startups esteja nos planos de muitas pessoas, os especialistas concordam que esse caminho não é para todos. A professora Erika revela que já acompanhou pessoas que tentaram empreender e viu sucessos e abandonos.

Para ela, essa é uma opção para pessoas determinadas, persistentes e resilientes, que entendem que ser dono de uma empresa é se doar 24 horas e que esse é um mercado em constante mudança. “É preciso estar preparado para enfrentar um modelo que frequentemente opera no vermelho e cresce mesmo assim porque o formato permite. Já os resultados financeiros dificilmente serão imediatos”, esclarece a docente.

Erika sugere, ainda, que os futuros empreendedores obtenham experiência em outras empresas de formatos parecidos ou busquem cursos e conhecimento amplo na área para direcionarem suas carreiras nesse sentido. “Há espaço para todos os profissionais que são bons e dedicados”, afirma.

Apesar de o empreendedorismo não ser indicado para todos, na visão do CEO da Sambatech é possível desenvolver essa habilidade. “Empreendedorismo é uma forma de pensar e agir, que leva ao sucesso em um negócio. Não é um traço de personalidade, mas sim uma abordagem que pode ser aprendida”, finaliza Caetano. 



Revista Administrador Profissional - ADM PRO
Publicação física com periodicidade trimestral
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