Empreendedorismo e inovação: de olho nas oportunidades - CRA-SP
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Empreendedorismo e inovação: de olho nas oportunidades

Empatia, mente aberta e disposição para inovar compõem a lista de atributos fundamentais para a compreensão das tendências do mercado e podem fazer toda a diferença na constituição de negócios longínquos e adaptáveis às novas realidades.

A permanente cobrança por inovação nas empresas, enfatizada pela necessidade de aperfeiçoamento na entrega de produtos e serviços, tem evidenciado a necessidade de os profissionais se abrirem a novos modelos mentais, que facilitem a adaptação e, até mesmo, a sobrevivência do seu negócio em um mercado extremamente competitivo e em constante mudança.  E essa alteração de comportamento, que traz a inovação como recompensa, só é possível, segundo especialistas, por meio da aprendizagem contínua, retroalimentada pelos próprios profissionais e seu espírito empreendedor.

De acordo com Ricardo Podval, CEO e fundador da Civi-co, diferentemente do que muitas pessoas pensam, empreender não é somente criar algo novo, desenvolver um novo negócio, abrir mão do trabalho e correr riscos. Para ele, empreender é usar a criatividade para ressignificar o que fazemos, entender as razões que nos levam a executar algo de uma forma específica e buscar formas de fazer diferente. Especialmente porque, no mundo atual, abrir um negócio já não é algo tão simples como antes e apenas desenvolver um produto de qualidade, com abordagem criativa e boa estratégia de venda, não é mais suficiente.

Ricardo Podval - ao centro.

Para Clayton Ferreira, head de inovação da Accor, mais do que nunca, é preciso sair da zona de conforto, entender o cliente, agregar valor e fazer disso tudo uma grande experiência. “Tudo hoje está extremamente rápido e acelerado. Empreendedores e organizações sentem o impacto das mudanças ocasionadas, principalmente, pela conectividade e tecnologia. Por isso, na era da reaprendizagem, o profissional que deseja empreender deve estar preparado para enfrentar esse movimento veloz e entender que, no mundo atual, todo conhecimento é importante, independente da fonte. Reinvenção, inovação e abordagem criativa tornam-se necessárias e imprescindíveis nesse novo cenário”, afirma.

Empreendedor em formação

Uma característica fundamental para mergulhar no universo empreendedor e agregar valor ao cliente, seria o profissional se municiar de conhecimento e desvincular-se, definitivamente, de hierarquias e processos. É no que acredita o idealizador da Escola de Mentores, Sidnei Oliveira. De acordo com ele, “há uma mudança incrível em curso”, que está alterando a forma como os indivíduos interagem com os negócios. “Estamos deixando para trás conceitos como posse e propriedade e trocando nossas expectativas para ‘ter a vivência ou a experiência’. Antes, tínhamos o desejo de ‘ter’ um carro para nos movimentarmos, hoje queremos apenas a ‘mobilidade’. Essa mudança está acontecendo em quase todos os tipos de negócios atualmente e, certamente, afetará todos os profissionais”, destaca.

À direita, Clayton Ferreira

Como contribuição à formação desse novo perfil do empreendedor, Fabiana Sales, CEO da GESTO, elenca como premissas básicas o desenvolvimento de características como senso de oportunidade, para sair do mundo das ideias e partir para a solução de grandes problemas; persistência e sensibilidade de enxergar quando se deve insistir e quando é o momento de se reinventar e aprender algo novo; e aperfeiçoamento da honestidade intelectual que, de acordo com ela, consiste no profissional reconhecer a sua força, saber ouvir e acolher as informações do próximo, além de analisar e transmitir ideias. 

Além disso, Fabiana acredita que, para se tornar um bom empreendedor, planejamento, controle financeiro e liderança são competências fundamentais que, aliadas à necessária atualização de conhecimentos exigidos no mundo atual, terão consequências diretas na manutenção do negócio. “Não existe sucesso sem aprendizado contínuo e essa é uma verdade que se torna ainda mais real com o mercado cada vez mais competitivo, mas também mais justo pela alta competitividade. No entanto, só é possível se manter competitivo por meio do aprendizado, da inovação e da melhora das questões do negócio com o aprendizado obtido”, ressalta.

Em busca da inovação

Enfrentar o medo limitante que o momento promove é, de acordo com Podval, a chave do sucesso na busca por inovação. Ele orienta os profissionais a aproveitarem a era da conexão para compartilhar suas ideias ou projetos com amigos, colegas e empreendedores, e utilizar os feedbacks como base na estruturação do negócio. “Não fazemos as coisas de maneiras diferentes porque temos medo de errar, de perder o emprego, de sermos julgados. A primeira coisa que o empreendedor precisa entender é que, hoje, o risco de fazer sempre do mesmo jeito é maior do que tentar fazer de forma diferente. Então, desbloqueie a sua mente, perca o medo de tentar. Monte turmas de criação com design thinking e comece a criar inputs outputs e a pesquisar”, aconselhou o executivo lembrando, ainda, que a grande potência para inovação acontece quando os profissionais se conectam às pessoas certas dentro da organização e solidificam ambientes de criação.


Fabiana Sales

Esta necessidade de trabalhar em grupo e de forma colaborativa, é também exaltada por Ferreira, que acredita que a criatividade já não é mais a única competência diferenciadora no mundo em transformação acelerada. Para ele, buscar parcerias com outras empresas ou pessoas, ter disposição para experimentar e arriscar em cenários de mudanças, analisar variáveis com rapidez e originalidade e estar em contato constante com o cliente para entender quais são as suas necessidade e angústias, são alguns dos caminhos para a inovação. “Hoje, a empresa deve investir na agilidade do aprender que, no dia a dia, resume-se em ouvir e explorar sugestões que, às vezes, podem parecer malucas ou até mesmo desafiar a maneira como as coisas são realizadas. Trabalhar com coisas novas, explorar novos mercados e manter uma cultura de inovação, são ações cruciais para influenciar no sucesso e prevenir o fracasso de um negócio, porém, requer uma dose de tomada de risco”, alerta.

Ainda segundo Ferreira, tanto empregado quanto empregador são responsáveis pela promoção da inovação nas organizações. Enquanto empregado, o profissional deve conhecer a operação do serviço e saber as principais debilidades e oportunidades dentro do seu departamento ou área. Já ao empregador cabe desenvolver uma visão mais holística da empresa e trabalhar como facilitador para promover as iniciativas de inovação. “Quando a empresa desenvolve uma cultura de inovação e intraempreendedorismo entre os seus funcionários, as possibilidades de trazer novos produtos e serviços serão aumentadas consideravelmente, pois todos se sentem ‘donos’ da empresa e mais motivados e engajados para propor melhorias”, recomenda.

Mesmo para organizações consideradas extremamente conservadoras, Fabiana acredita haver a possibilidade de inovação. Para ela, o que o mercado precisa é de boas soluções e, embora ambientes conservadores se apresentem como um desafio à inovação, sua aplicação é perfeitamente possível, uma vez que carregam diversos grandes problemas para serem resolvidos e costumam ser carentes de soluções.

Ao que tudo indica, nesse cenário de busca constante por inovação, o desafio para o futuro do empreendedorismo não inclui, verdadeiramente, a robotização ou não da mão de obra, mas, como diz Ferreira, incide na imprescindível conscientização de que conhecimento e informação compõem o caminho para a análise e autoconhecimento profissional, com papel fundamental na triagem do enorme volume de conteúdos que chegam a todo momento e que podem influenciar, diretamente, na melhora do negócio. “Mesmo com todas as evoluções, o ser humano não será substituído, pelo contrário, ele será peça fundamental na conexão emocional com o cliente”, finaliza. 



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Publicação física com periodicidade trimestral
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