Criatividade e transformação para o bem - CRA-SP
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Criatividade e transformação para o bem

Para que a criatividade seja desenvolvida, é necessário que pensemos mais no processo do que no resultado final. Foi com essa afirmação que Luli Radfahrer iniciou a live “Como a criatividade e a tecnologia ajudam na gestão crise”, realizada pelo CRA-SP em seu perfil oficial no Instagram (@cra-sp). Ao pensarmos em inovar dentro das organizações, muitas vezes nos deparamos com cobranças exageradas sobre a necessidade de todos os colaboradores serem criativos, ação que Radfahrer, mestre e Ph.D em Comunicação Digital pela ECA-USP e consultor de inovação digital e comunicação colaborativa, considera muito ruim. “Forçam você a trabalhar como máquina, mas depois querem que você seja criativo”, advertiu.

No bate-papo descontraído, Radfahrer ainda criticou os modelos de comunicação e de negócios de grandes empresas como Apple, Uber e Rappi que, segundo ele, precarizam o trabalho e promovem uma enorme decadência no ambiente de comunicação. Para ele, consumir os produtos dessas organizações não é o problema central, mas sim defender seus modelos de negócio, ignorando toda a situação que está por trás dos seus crescimentos.

Ética e disrupção

Ainda falando sobre criatividade, o especialista reforçou que essa competência não está ligada apenas a coisas positivas. “Existe criatividade do bem e criatividade do mal. Criatividade não é essencialmente boa ou ruim”, explicou. Outro termo muito em alta e citado por Radfahrer foi a “disrupção” que, para ele, tem um caráter muito ruim em sua concepção, uma vez que ser disruptivo significa romper com tudo, algo bem diferente da evolução.

Para ele, bons exemplos de empresas que usam a criatividade de forma positiva vêm das organizações que têm como objetivo principal resolver algum problema da sociedade, sendo o lucro uma consequência pelo trabalho e não o contrário. “Hoje a empresa tem que ser criativa e construtiva, entender qual necessidade o usuário tem e como ele pode ser ajudado. Uma empresa criativa hoje entende onde ela está”, defendeu.

Falando especificamente sobre como a comunicação e a criatividade podem ajudar as pequenas e micro empresas, Radfahrer orientou que esse relacionamento precisa ser muito mais próximo para que dê resultado. “Muita gente ainda trata a comunicação como se fosse comício. Uma coisa muito simples é criar pesquisas com seus usuários para conversar com as pessoas em torno do seu trabalho”, aconselhou.

Cenário pós-pandemia

Ao falar sobre como viveremos no mundo após a pandemia do novo coronavírus, Radfahrer foi contundente ao dizer que as muitas mudanças projetadas (como o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, a melhor distribuição do trabalho, bem como suas formas de realizá-lo, incluindo aí o home office, por exemplo) dependem unicamente das pessoas para acontecerem. Segundo ele, é provável que essas transformações nem sejam imediatas, uma vez que é necessário algum tempo para que elas façam sentido para muitas pessoas. “Não é a pandemia que vai gerar as mudanças. Esses momentos de transformação te obrigam a pensar, mas você pode pensar e continuar fazendo as mesmas coisas de sempre”, lembrou.

Ainda sobre a atuação no mercado de trabalho, Radfahrer defendeu que as organizações precisam parar de tratar seus colaboradores como crianças, com horários rígidos e inúmeras cobranças, pois o mais importante é que os projetos sejam desenvolvidos com excelência e isso pode ser realizado de diversas formas. Para ele, um bom funcionário ou fornecedor irá desempenhar bem suas funções em diferentes cenários, enquanto um mal colaborador continuará assim independente das cobranças ou modelos impostos.

O atual momento, segundo Radfahrer, servirá ainda para nos mostrar que atividades antes banalizadas ou menosprezadas serão mais valorizadas daqui pra frente, uma vez que nada substitui a interação humana. Isso não significa, porém, que o mundo digital é ruim, muito pelo contrário. Radfahrer foi enfático ao defender que todas as novas tecnologias e formas de comunicação são benéficas para a sociedade, embora ainda haja muitos problemas. “A máquina em si não é ruim. Todos os canais digitais podem ser muito bons, mas a gente ainda precisa amadurecer para usá-los”, criticou.

Para o especialista, o momento pós-pandemia pode ser muito bom para a evolução das pessoas e das organizações, mas essa não é uma regra. “Talvez a gente se torne melhor depois de 2020, talvez não. Depende muito de cada um”, finalizou. 

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