Os desafios para a inserção dos recém-formados no mercado de trabalho - CRA-SP
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Os desafios para a inserção dos recém-formados no mercado de trabalho

Primeira edição do Fórum Conexão Empregabilidade - Da academia ao mercado, promovido pelo CRA-SP, reuniu especialistas para discutir as lacunas entre o ensino oferecido pelas IES e o que, de fato, o mercado exige  

Para impulsionar a formação do profissional da Administração frente às novas exigências do mercado de trabalho, as Instituições de Ensino Superior (IES) têm reformulado suas estratégias educacionais, no intuito de diminuir o gap entre os conteúdos ofertados na academia e as reais competências exigidas pelas empresas.

Foto de Alberto Whitaker
 Adm. Alberto Whitaker 
No entanto, a preocupação em relação ao alinhamento do perfil do egresso dos cursos de Administração e Gestão com a realidade organizacional não se limita apenas às IES. Tal fato também pode ser amplamente discutido por outras entidades e empresas, visando aprimorar a qualidade do ensino. Foi com esse pensamento e, seguindo a premissa de ajudar no desenvolvimento desses profissionais, aumentando seu potencial de empregabilidade, que o CRA-SP reuniu especialistas de diversas instituições de ensino e empresas empregadoras no seu I Fórum Conexão Empregabilidade - Da academia ao mercado

No encontro, realizado dias 26 e 27 de abril e transmitido ao vivo pelo Canal A Serviço da Administração, no YouTube, os convidados debateram as competências requeridas pelas organizações, a importância do estágio e dos programas de trainee, a formação para a nova economia, as particularidades da gestão pública, as perspectivas das IES e, ainda, traçaram um paralelo entre a realidade brasileira e a de outros países. 

Na abertura do evento, o presidente do Conselho, Adm. Alberto Whitaker, comentou a importância de colaborar com as IES responsáveis pela formação dos futuros profissionais. “Temos a consciência de que essa é uma longa jornada e ela deve ser colaborativa, com a participação de toda a sociedade. É com essa diversidade de pontos de vista que vamos conseguir construir uma sociedade mais preparada para lidar com os desafios que o mundo globalizado nos impõe diariamente”, afirmou.

Foto de Edson Sadao

        Edson Sadao

As novas DCNs 

As novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os cursos de bacharelado em Administração, homologadas em 13 de outubro de 2021 pelo Ministério da Educação, foi um dos assuntos tratados no Fórum. Na palestra, o presidente da ANGRAD - Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração, Edson Sadao, disse que as DCNs estão mais flexíveis e, com isso, o ensino dos cursos de Administração pode (e deve) preparar os egressos para atuar na economia local, regional, nacional ou mesmo global. 

Sadao destacou, ainda, outro importante ponto que consta nas diretrizes: o egresso deve ter prontidão tecnológica e pensamento computacional. “Não se trata meramente de preparar os estudantes para saber usar os hardwares e softwares, mas ingressá-los nesse raciocínio computacional que influencia todos os setores e organizações, sejam elas públicas ou privadas”, salientou. 

Foto de Marcela Esteves

Marcela Esteves

Competências desejadas nas empresas 

A lacuna entre o conhecimento dos egressos dos cursos de Administração e Gestão e o perfil profissional esperado pelos contratantes foram discutidos no painel “Qual é o profissional que queremos?”, com a participação de Carlos Aragaki, presidente da ANEFAC São Paulo; Luciene Magalhães, head de pessoas da KPMG Brasil; Marcela Esteves, diretora de negócios da Robert Half; e mediação de Taiguara Langrafe, vice-presidente de Relações Externas do CRA-SP.

Ao longo do bate-papo, Marcela disse que há duas características que as organizações buscam, a depender do seu porte, segmento e cultura. A primeira delas diz respeito às habilidades técnicas e, neste quesito, o profissional deve manter os estudos em dia e buscar a fluência em idiomas. “O empregador quer atrair e reter os melhores colaboradores. Então, o cuidado do profissional com a estabilidade da sua carreira também é importante”, esclareceu.

A outra habilidade, no entanto, é a comportamental, que agrega as chamadas soft skills, competências que as pessoas demonstram em termos de comunicação e proatividade, por exemplo. “Em uma entrevista, a pessoa tem a oportunidade de demonstrar seu dinamismo, sua energia, o quanto é efetivamente ‘mão na massa’, o seu estilo de liderança em termos de gestão de pessoas, enfim, ela vai ser testada ao longo do processo”, revelou a diretora. 

Foto de Tey Yanagawa

      Tey Yanagawa

Estágio: primeiro contato com o universo profissional

Considerado a porta de entrada do estudante rumo à prática profissional, o estágio foi pauta no segundo dia do evento. No painel, o presidente do CRA-SP conversou com Mônica Vargas, superintendente nacional de Operações e Atendimento do CIEE; e Tey Yanagawa, sócia-diretora da Cia de Talentos. 

Ao falar sobre o desempenho dos alunos de Administração e Gestão em um processo seletivo, Tey contou que um fator muito observado é o aspecto comportamental do estudante, já que nessa fase ele ainda não tem muita experiência ou conhecimento técnico. “Olhamos fatores como comunicação, trabalho em equipe, capacidade de autogestão, iniciativa, protagonismo para ir atrás de novas tarefas e aprendizados, além do quanto ele consegue gerir suas emoções em situações adversas. Essas questões determinam quem tem sucesso não só no processo seletivo, mas também nas experiências de estágio”, revelou.

Foto de Marco Castro

Marco Castro

Primeiros passos como profissional

O programa de trainee é uma das primeiras oportunidades que o egresso tem de ingressar no mercado logo no início de sua jornada profissional. Para discutir os pontos que tornam um candidato atraente nestes processos, o Fórum contou com Deborah Patricia Wright, conselheira do Santander Brasil; Marco Castro, sócio-presidente da PwC Brasil; e a moderação de Neusa Maria B. Santos, conselheira do CRA-SP, no painel “A busca pelos trainees”. 

Castro lembrou que é muito importante que as empresas estejam de olho no treinamento dos egressos recrutados para esses programas, para que eles consigam desempenhar o trabalho. “É necessário reforçar a qualificação dessas pessoas para complementar aquilo que não necessariamente os bancos escolares têm suprido. Com os desafios do mundo de hoje, especialmente quando falamos de tecnologia, temos que investir muito para trazer os jovens, qualificá-los e cuidar do seu desenvolvimento ao longo da carreira”, pontuou.

Foto de Adriane Almeida

       Adriane Almeida

A nova economia

Diante das constantes transformações tecnológicas, econômicas, ambientais e sociais ocorridas nos últimos anos, o painel moderado por Claudia Costin, conselheira do CRA-SP, trouxe a seguinte provocação: “Formamos profissionais para a nova economia?". Para responder à questão, o evento recebeu Adriane Almeida, diretora de desenvolvimento do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa - IBGC; Armando Lourenzo, diretor de Learning na EY; Ricardo Pelegrini, CEO da Quantum4 Innovation; e Ronaldo Fragoso, sócio da Deloitte.

Para a diretora do IBGC, trata-se de um cenário de grande complexidade, que gera ansiedade e perplexidade. Com base na tecnologia, a nova economia foca no cliente, na agilidade, no propósito, na demanda social e, tudo isso, somado às redes sociais, catalisa ainda mais a velocidade. “Esta realidade trouxe o FOMO -  Fear of missing out (medo de perder alguma coisa), que é o grande acrônimo da nova economia. O grande desafio de agora, principalmente para os nativos não digitais, é que não sabemos como serão moldadas essas pessoas que já nascem nesse mundo de tanta velocidade”, reforçou.

Foto de Fernando Coelho

Fernando Coelho

E na área pública?

“A importância de formar bons gestores públicos” foi o tema abordado pelos especialistas Andrea Matarazzo e Daniel Annenberg, renomados profissionais do setor, além de Fernando Coelho, professor de Administração Pública da EACH-USP. 

No painel, moderado por Murilo Lemos de Lemos, conselheiro do CRA-SP, eles discutiram a necessidade de se ter profissionais mais qualificados na gestão pública, bem como os desafios para atrair e reter esses talentos. De acordo com o docente da USP, o momento é de discutir competências, mas isso não se deve basear apenas no conjunto de conhecimentos averiguados em um concurso público, cuja prova é objetiva.

“Competências incluem habilidades, atitudes e comportamentos. Temos que avançar em processos de recrutamento e seleção. Essa é uma discussão fundamental que deve ser colocada para a modernização do instituto do concurso público no Brasil”, sugeriu Coelho.

Foto de Andre Ferrari

       Andre Ferrari

Desafios institucionais

Para discutir “A visão das Instituições de Ensino Superior”, o Fórum contou com a participação  de Andre Ferrari, gerente acadêmico na YDUQS (grupo que reúne instituições como Estácio, Ibmec e Damásio); Janaína Dourado, gestora de projetos no Centro Paula Souza; e Silmara Cristiane Gomes, coordenadora de bacharelado em Administração (EAD) no Senac. 

O tema, moderado por Hong Yuh Ching, vice-presidente administrativo do CRA-SP, apontou os principais desafios das IES, no que tange às exigências do mercado. Segundo Ferrari, o papel das instituições está ancorado em dois pilares: o primeiro é o de entregar um egresso com uma formação sólida do ponto de vista técnico, para atender a demanda de mercado; e o segundo é a questão social. “Temos uma grande responsabilidade de preparar esse profissional nesses dois aspectos”, ponderou o gerente.

Foto de Oscar Boronat

Oscar Boronat

Benchmark global

A última faixa do Fórum, moderada pelo administrador Leonardo Macedo, presidente do Conselho Federal de Administração - CFA, traçou um paralelo entre a realidade brasileira e o benchmark global. Para falar sobre como a lacuna entre o ensino superior e o mercado de trabalho é percebida no exterior, o evento recebeu Oscar Boronat, conselheiro de Administração, CEO, coach de lideranças e educador internacional.

Boronat contou que fora do Brasil há uma preocupação maior quanto a preparação do aluno para o aprendizado, em questões como levar a sério o programa, frequência, participação e avaliação. “O distanciamento entre as culturas deve-se basicamente ao estilo de absorção desse aprendizado e na seriedade com que o aluno leva o seu curso adiante”, concluiu o educador.



Ainda dá tempo de assistir…

Toda a programação realizada durante o I Fórum Conexão Empregabilidade - Da academia ao mercado continua disponível na íntegra. Para assistir às palestras e painéis realizados no primeiro dia, clique aqui. As apresentações do segundo dia de programação podem ser acessadas neste link

Os números do Fórum

A primeira edição do Fórum Conexão Empregabilidade - Da academia ao mercado, realizado nos dias 26 e 27 de abril, contou com a participação de 27 expositores ao longo das suas 8 horas de transmissão pelo Canal A Serviço da Administração, no YouTube.  

No total, o evento recebeu 1.889 inscrições, teve 3.323 visualizações ao vivo e contou com o apoio da Associação Nacional de Executivos - ANEFAC, da Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração - ANGRAD, da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais - Apimec, da Cia de Talentos, do Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE, do Conselho Federal de Administração - CFA, do Espro, do Fórum dos Executivos Financeiros para as Instituições de Ensino Privadas do Brasil - FinancIES, do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças - IBEF e do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil - Ibracon. 

Força de trabalho em um mundo em transformação

A Pesquisa Global Hopes and Fears 2022, desenvolvida pela PwC, uma das maiores multinacionais de consultoria e auditoria do mundo, reuniu mais de 52 mil trabalhadores em

44 países para compreender a voz da força de trabalho, bem como promover a produtividade e a sustentabilidade dos negócios em um mundo em transformação.

Apesar de o seu foco não ser exatamente as dificuldades na formação dos profissionais, ela traz alguns aspectos importantes sobre o tema: 

Com 40%, o Brasil é o quarto país onde há mais escassez de profissionais qualificados para o trabalho e onde essa lacuna de competências é mais percebida, ficando atrás apenas da Tailândia (55%), da Índia (54%) e do Kuwait (47%).

Segundo a pesquisa, para diminuir o gap de competências, os empregadores brasileiros vêm adotando algumas medidas internas:

  • 33% oferecem apoio ao bem-estar físico e mental dos trabalhadores;
  • 32% estão aprimorando o trabalho por meio da tecnologia;
  • 27% investem em upskilling (aprimoramento das habilidades dos colaboradores);
  • 26% aumentam o salário.

Tecnologia: ameaça ou oportunidade?

Com o avanço da tecnologia e a automatização de muitos setores, a pesquisa ainda aponta que 30% dos entrevistados no Brasil e no mundo temem ser substituídos pela tecnologia nos próximos três anos. Em 2019, esse percentual era de 50%.

Já a preocupação de não receber das empresas treinamento suficiente em competências digitais e tecnológicas afeta 35% dos trabalhadores brasileiros e 39% dos profissionais no mundo.




Revista Administrador Profissional - ADM PRO
Publicação física com periodicidade trimestral
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