É possível ser ágil, mesmo que de forma híbrida - CRA-SP
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É possível ser ágil, mesmo que de forma híbrida

O segundo dia de apresentações da Semana da Gestão Ágil, promovida pelo CRA-SP de forma totalmente online e com transmissão pelo Canal A Serviço da Administração, no Youtube, terminou reforçando importantes questões para os profissionais e empresas que querem inserir as metodologias ágeis em seus processos. A primeira delas é que a cultura ágil depende de uma transformação de mindset, de uma mudança que vai muito além de simplesmente adotar novos procedimentos dentro das organizações. Outro item é a análise profunda dos processos e produtos das empresas, para verificar se a metodologia ágil se aplica a eles, mesmo que de forma parcial ou híbrida. Quem falou sobre essas duas questões, que em um primeiro momento parecem antagônicas, mas que na verdade são complementares, foi a Ieda Sales, gestora de portfólio de TI do banco Itaú, e o Valdir Barreto Andrade Filho, consultor em gerenciamento de projetos e portfólios.

Ieda iniciou a apresentação reforçando os quatro valores fundamentais do Manifesto Ágil (confira matéria especial da ADM PRO sobre o tema aqui), que inclui mais interação entre os indivíduos, mais software em funcionamento, maior colaboração com os clientes e adaptabilidade nas rotinas. “A proposta do ágil é justamente olhar para os quatro pilares. O primeiro, que eu entendo ser o principal, são as pessoas. O próximo seria a parte de processos, onde é preciso adequar métodos e ferramentas para a agilidade, que deve estar alinhada com a estratégia da empresa. O outro pilar é a cultura, pois os valores da organização precisam estar alinhados à agilidade. Por último, e não menos importante, os negócios”, elencou a especialista.  

   Ieda Sales 

Ieda explicou que o início da jornada ágil depende de uma avaliação da maturidade da organização. Depois disso, é preciso desenhar onde se pretende chegar e estabelecer metas para se alcançar o objetivo. Nessa jornada, muitos desafios e testes estarão presentes, assim como indicadores que irão revelar se realmente as ações estão caminhando para um modelo ágil. Ela também compartilhou o case de transformação digital e ágil do Itaú, que teve seis principais premissas: cliente no centro de tudo, colaboração, foco na criação de valor, abertura genuína para experimentação, orientação a dados e busca incansável pelo melhor modelo de negócio. Ieda reforçou que esse processo, realizado em uma organização que possui 900 mil colaboradores, contou com uma mudança de cultura muito forte, que foi imprescindível para o sucesso da jornada.

Será que dá para gente usar?

A segunda parte da apresentação, conduzida por Barreto, que também é coordenador do Grupo de Excelência em Gestão de Micro e Pequenas Empresas - GEMPE, do CRA-SP, começou com um paralelo entre o que significava ser um Gerente de Projetos há alguns anos e o mundo em funcionamento hoje. “Naquela época, se você entregasse um produto para demonstração em um cliente e ele não funcionasse direito, era muito difícil você convencê-lo a receber de novo aquele projeto”, contou Barreto. 

         Valdir Barreto Andrade Filho

No papel de fazer um contraponto com a defesa da metodologia ágil para todas as organizações e segmentos, ele enfatizou que como qualquer outro método, abordagem ou solução, a gestão ágil também não se aplica a tudo universalmente, embora seja uma excelente ferramenta para muitos dos problemas que enfrentamos hoje. Por isso, é essencial o questionamento acerca do assunto. “Para responder à pergunta “será que dá pra gente usar” nós teremos que pensar nas pessoas. Muito se fala sobre a cultura da empresa e isso é importante, claro, mas devemos lembrar que são as pessoas que constroem essa cultura”, defendeu.

Barreto mostrou um teste rápido que pretende auxiliar as organizações e os profissionais a saberem se é possível implantar a metodologia ágil no negócio. O teste, que faz parte do Guia Ágil, produzido pelo PMI (Project Management Institute) e a Agile Alliance, de acordo com Barreto não pretende ser um guia definitivo para preenchimento e resposta final, mas sim um estímulo ao pensamento sobre o quanto a organização, as pessoas e os projetos estão habilitados para o mundo ágil. No teste, existem três grandes questões e suas subdivisões: equipe (tamanho da equipe, experiência, acesso), cultura (engajamento, confiança, tomada de decisão) e projeto (mudanças, criticidade, entrega) que devem ser analisadas de forma muito criteriosa para que possam fornecer informações que reflitam a verdade e possam ser a base para futuras mudanças ou não.  

Barreto salientou, ao final da apresentação, que mesmo que alguns setores ou produtos não se adequem às formas de entrega fracionadas da metodologia ágil, é possível, pelo menos, pensar dessa maneira. “Vamos imaginar um segmento como a construção civil. Não dá para gente entregar o primeiro andar para moradia enquanto estiver construindo os próximos, mas dá para ser híbrido, ter pensamento ágil. Eu ouso dizer que existem segmentos em que você não poderá ser ágil puro, mas certamente é possível pensar ágil e, em alguns projetos, trabalhar de forma híbrida, com técnicas ágeis e clássicas ao mesmo tempo”, finalizou.

Se você não conseguiu assistir ao evento online, confira a íntegra dele no vídeo abaixo. Todas as apresentações da Semana da Gestão Ágil estão gravadas e disponíveis para acesso no Canal A Serviço da Administração, no Youtube. 





Revista Administrador Profissional - ADM PRO
Publicação física com periodicidade trimestral
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