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Ser ágil é entregar valor para o cliente

O último dia da Semana Ágil, promovida pelo CRA-SP, com transmissão pelo Canal A Serviço da Administração, no Youtube, fechou a programação trazendo apresentações claras e objetivas sobre como as metodologias ágeis podem ser aplicadas fora da área de TI e, ainda, a apresentação do kanban, sistema de controle e gestão do fluxo de produção em empresas. O evento, que contou com a participação de Roberta Genaio, agile coach do Magazine Luiza, e Rodrigo Yoshima, CEO da Aspercom, foi assistido por cerca de 1.300 pessoas ao longo de toda a sua duração.

Roberta iniciou a sua apresentação trazendo um pouco dos conceitos do Movimento Ágil, elaborado em 2001, que tem como valores e objetivos principais a maior interação entre os indivíduos, a preferência pelo funcionamento dos produtos em relação à uma documentação extensa, a maior colaboração com os clientes e a resposta às mudanças. Para a agile coach, mais do que pensar nas soluções, a questão da agilidade nos processos passa pela reflexão sobre a entrega de valor para o cliente. “O trabalho que fazemos com agilidade é olhar para pessoas, processos, produtos e tecnologia e se perguntar qual o problema precisa ser resolvido”, disse Roberta. 

  Roberta Genaio

Ela lembrou também que, apesar de o Manifesto Ágil ter nascido na área de TI, ele serve para qualquer setor, pois ser ágil é ter um mindset sobre isso e não apenas usar as ferramentas disponíveis. Roberta deu como exemplo prático da aplicação do conceito a abertura de uma empresa pelo seu marido, que contou com várias fases, desde o início do sonho até a sua execução. “Na hora de conceber o negócio, usamos o Business Model Canvas para saber qual era a nossa proposta de valor, como seria o nosso relacionamento com os clientes, quais canais de atendimento iríamos usar, os recursos necessários etc.”, explicou.

Neste exemplo, Roberta reforçou a importância do MVP (Minimum Viable Product ou, em português, Mínimo Produto Viável) para falar sobre a necessidade de viabilizar o mínimo para testar a hipótese de o negócio dar certo ou não. “É preciso validar a ideia para saber se ela vai funcionar e isso está no pensamento ágil. Não é uma prática, mas sim um exercício de pensamento”, ressaltou.  

Ainda dentro desse conceito de agilidade fora da área de TI, Roberta contou um pouco da experiência e do projeto que viabilizou, dentro do Magazine Luiza, a criação de um RH Ágil que, de acordo com a agile coach, teve como primeiro passo descobrir o que era valor para o RH do Magalu e onde estavam as insatisfações. Ela mostrou que, embora muita gente pense que implementar a metodologia ágil está em fazer uso de ferramentas como o scrum e o kanban, nem sempre é isso que dará resultado. No caso do Magalu, por exemplo, não foi necessário usar esses conceitos para que se chegasse a um resultado final. “Ser ágil tem muito a ver com manter um pensamento sobre o sistema, sobre a cadeia como um todo. A nossa visão de futuro sem um pensamento sistêmico acaba projetando lindos quadros, mas sem uma compreensão profunda de forças que precisam ser dominadas para que a gente possa andar daqui até lá”, finalizou. 

        Rodrigo Yoshima

Kanban como ferramenta

Rodrigo Yoshima, CEO da Aspercom, dividiu a noite de apresentações falando sobre o kanban, que possibilita, segundo ele, que cada organização ache o seu próprio método de fazer gestão. Yoshima explicou que a prática tem como motivações principais reduzir a sobrecarga de trabalho e lidar com a resistência natural das pessoas às mudanças. Ele reforçou que hoje existe uma epidemia de estresse, de profissionais sofrendo com doenças psicológicas por conta do trabalho e que o método kanban vem para auxiliar na solução desse problema.

O kanban, que hoje dificilmente encontra-se de maneira física dentro dos escritórios, até mesmo por conta do alto índice de trabalho remoto devido à pandemia, se mantém de maneira digital. No quadro, seja ele online ou físico, existem as demandas que precisam ser feitas, colunas que mostram as etapas do trabalho e os times ou pessoas que farão com que o trabalho flua. “A primeira prática do kanban é você visualizar o trabalho. Depois, limitar esse trabalho em progresso, uma vez que não adianta se comprometer com aquilo que você não consegue entregar”, explicou Yoshima.

Outras fases que permeiam a metodologia kanban, conforme mostrou o especialista, passam por  gerenciar o fluxo de trabalho, deixando as pessoas se auto-organizarem; tornar as políticas explícitas; implementar ciclos de feedback, encurtando ciclos para saber se você está errando ou não; e melhorar colaborativamente, evoluindo de forma experimental.  Yoshima reforçou, no entanto, que não são essas fases o segredo do sucesso. “Nós na comunidade kanban não acreditamos que a mudança aconteça pelo próprio método. O kanban é inócuo se não tiver seres humanos querendo mudar, olhando o que tá errado e fomentando a mudança”, ressaltou.

Yoshima ainda defendeu que a pergunta a ser feita por quem pretender tornar seus processos mais rápidos e eficientes não é “como começo a implantar o ágil?”, mas sim “como eu faço para melhorar?”, pois o objetivo é “manter um negócio sustentável, que não abuse das pessoas, que atenda bem o seu cliente e que também gerencie o risco” para que você continue atendendo o seu cliente mesmo em cenários de mudanças. 

Se você não conseguiu assistir ao evento, confira a íntegra dele no vídeo abaixo. A Semana da Gestão Ágil do CRA-SP contou com 5 eventos online, 11 palestrantes e mais de 7.500 visualizações ao vivo das apresentações. Confira tudo o que foi debatido na Semana no Canal A Serviço da Administração





Revista Administrador Profissional - ADM PRO
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