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O consumo afetando a governança das empresas

Transformação do mercado consumidor influencia a forma como os conselhos de Administração das organizações devem se posicionar e atuar

Na entrevista que fechou o primeiro dia de programação do ENCOAD 2021, o CRA-SP recebeu a Admª Leila Lória, presidente do Conselho de Administração do IBGC. Leila, que atua como membro independente em outros conselhos de Administração, como o da JBS, por exemplo, enfatizou o importante papel da governança corporativa nas empresas, em especial neste momento no qual a agenda ESG (environmental, social and governance, da sigla em inglês) se faz muito presente na sociedade. 

“Claro que o consumidor ainda valoriza qualidade e preço, sempre será assim. Entretanto, o cliente está olhando outros atributos da marca e não é mais uma opção, por parte das organizações, seguir ou não o ESG. As empresas só irão vender para outras empresas, só terão investimentos e só irão atrair consumidores se tiverem práticas sustentáveis. E sem o G, de governança, não existe o E, de meio ambiente, e o S, de social, porque os programas precisam de uma governança para existirem, sob o risco de praticarem o greenwashing [ações de propaganda que visam divulgar ações sustentáveis, em especial na área ambiental, sem que elas sejam, de fato, aplicadas dentro da organização].” 

Leila também lembrou que o novo perfil desse consumidor, mais exigente e digital, exige das empresas uma estrutura muito mais ágil e próxima para atender as demandas que surgem constantemente e isso, por consequência, também afeta a atuação dos conselheiros de Administração. “Tem sido um desafio enorme e é preciso reconhecer que também não estávamos preparados para as mudanças que aconteceram. Os conselhos [de Administração das empresas] estão se tornando mais diversos de uma forma ampla, por que é necessário ter um grupo que, junto, reúna diferentes competências necessárias para enfrentar os novos desafios”, explicou. 

Formação do conselheiro

O desafio de diversificar os conselhos também passa pela necessidade de repensar a formação dos profissionais que fazem parte deles. Leila explicou que uma dessas principais transformações refere-se ao comportamento dos conselheiros, que devem estar preparados para ouvir muito mais, tanto a gestão e os colaboradores, como também os consumidores. “Eles devem se reinventar, ter uma postura mais próxima para entender os desafios e construir junto com a companhia. Não existem perguntas fáceis e respostas únicas, o único jeito é testar e experimentar junto com a organização. Além disso, o conselheiro precisa estar muito atento às pessoas de fora, como consultores, por exemplo”. 

   Leila Lória

A formação em Administração também foi um dos pontos apontados por Leila como vantagem para aqueles que integram os conselhos das empresas. Para ela, é inegável que a visão generalista da área amplia o conhecimento do profissional, mas ela lembrou que só isso não é o suficiente. “De fato a formação do administrador é muito importante para os conselhos, mas também é fundamental o lifelong learning, ou seja, o conselheiro tem que aprender sempre. E é muito mais fácil para quem já teve essa formação ampla se desenvolver em temas mais profundos. Os consumidores estão muito mais demandantes e a linguagem do administrador absorve mais rapidamente essas demandas do mercado.”

Governança e planejamento estratégico  

Enfatizando que o conceito de governança deve estar presente em todas as disciplinas dentro do currículo de Administração, para que os profissionais saiam das faculdades familiarizados com o tema, Leila também lembrou que a prática cabe em qualquer tipo ou porte de empresa, inclusive as startups. A diferença, segundo ela, é que nas empresas menores talvez não exista tantos processos e comitês, mas o princípio básico deve estar presente.

A presidente do conselho de Administração do IBGC também falou sobre como as mudanças recentes alteraram o planejamento estratégico das organizações. Hoje, segundo ela, muitas empresas já chamam esse processo de visão estratégica, e não mais de planejamento, pois é preciso estar preparado para qualquer futuro. 

“Um dos grandes desafios das empresas é ter essa visão de startup, o que não é fácil, pois uma grande organização tem um legado, uma estrutura. O objetivo, então, é fazer com que o planejamento seja muito mais ágil e, para isso, o conselho tem que mudar sua postura. Não podemos mais apenas cobrar resultados, mas sim acompanhar, apoiar e ficar próximo da gestão”, finalizou. 

A íntegra desta apresentação, realizada no primeiro dia do ENCOAD 2021, você encontra neste link.




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