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Reconhecimento e confiança na relação com as marcas

Uso de plataformas digitais, produção de conteúdos de qualidade, maior conhecimento a respeito dos consumidores e campanhas com influencers. O futuro do marketing digital concentra uma série de tendências que têm como base um aspecto principal: a identificação e admiração das pessoas pelas marcas

É comum vermos o departamento de marketing das organizações amargar cortes profundos em seus planejamentos financeiros quando uma crise se instala no mercado. Por muito tempo, líderes empresariais consideravam essa área supérflua, passível de ter seus custos reduzidos para que o negócio pudesse sobreviver a momentos difíceis. O cenário atual mostrou, entretanto, que o marketing, principalmente o digital, tem feito a diferença na manutenção das empresas, especialmente por conseguir algo bem difícil em tempos de distanciamento social: manter as marcas vivas na cabeça dos consumidores. De acordo com a pesquisa O marketing digital em tempos de pandemia: o que mudou, realizada pela Inflr e que analisou o comportamento de 100 marcas de todo o país em diversos segmentos, a primeira reação das organizações foi realmente colocar o pé no freio, porém, mais da metade dos investimentos que foram estancados serão realocados em outras campanhas, como promoções de e-commerce, lançamento de apps e, ainda, campanhas institucionais que visam apoiar a população durante a quarentena.

Tudo isso porque as empresas passaram a perceber que, mais do que comercializar produtos ou serviços, elas precisar fazer parte da lembrança do consumidor em relação a sua atuação consciente e responsável, principalmente em um momento tão difícil como esse, que deixará muitos ensinamentos para o futuro da área. “Entende-se que a estratégia de comunicação e de posicionamento de marca devem ser revisadas após esse período. Vivemos um cenário sem precedentes, no qual os valores humanos e o bem estar ganham ainda mais força, convidando as marcas a entrarem nessa conversa. Essa pandemia tem nos mostrado a importância de as marcas abraçarem principalmente causas sociais, consequentemente gerando mais valor para os seus consumidores que estão atentos a essas questões”, afirma Edney Souza (também conhecido por “Interney” no mundo digital), diretor acadêmico da Digital House.

  Edney Souza, o Interney 

Por isso, posicionamento e reconhecimento de marcas, ações muitas vezes esquecidas no meio de tantas tecnologias disponíveis, precisam fazer parte do dia a dia dos profissionais de marketing, conforme lembra Vitor Peçanha, CEO da Rock Content. “As pessoas continuam interagindo com marcas que conhecem e confiam e, mesmo em um cenário de poucas vendas agora, é para essas marcas que os consumidores voltarão após a pandemia”, prevê. 

Conteúdos e tecnologia

A aceleração da transformação tecnológica das organizações também afetou diretamente o marketing digital. Peçanha lembra que, se antes havia resistência em expandir serviços e produtos para um formato digital, hoje isso não existe mais. Para ele, muitos negócios continuarão oferecendo soluções online após a pandemia, mesmo que possam retomar suas atividades normalmente, opinião que é compartilhada por Interney, que ressalta que essa tendência deixará o marketing digital com ainda mais força.

          Vitor Peçanha

Para que essa forma de se comunicar, então, seja assertiva, será necessária muita atenção em relação ao conteúdo divulgado, que deverá ser extremamente analisado para não se contrapor àquilo que os consumidores estão procurando. Na verdade, mais uma aceleração daquilo que já se propagava há tempos: é preciso conhecer o que o seu público quer consumir. “O nosso desafio é o mesmo de sempre: conseguir entender o que é a necessidade das pessoas e a intenção delas ao buscarem conteúdos na internet. O coronavírus foi um grande experimento de choque nesse sentido, pois a atenção das pessoas mudou subitamente para questões relacionadas a incertezas financeiras e pessoais. Profissionais de marketing tiveram que se adaptar rapidamente para se manterem relevante dentro desse novo contexto e, ao mesmo tempo, não serem oportunistas com o momento”, reforça Peçanha. 

Influenciadores

Um braço forte do marketing digital que vem crescendo exponencialmente são os influenciadores digitais: figuras conhecidas do grande público que postam em suas redes sociais (com milhares de seguidores) produtos ou serviços que, teoricamente, são usados por eles no dia a dia. No mundo antes do coronavírus, esses perfis eram recheados de viagens, festas, baladas e tantas outras atividades que, hoje, estão totalmente fora do nosso cotidiano. Quando a pandemia chegou para valer por aqui, muitas pessoas chegaram a afirmar que o mundo dos influenciadores estaria arruinado, pela forma como as relações e, também, as prioridades da maioria dos brasileiros mudaram. De fato, muitas adaptações precisaram ser feitas pelas empresas que usam esse recurso e, também, pelos próprios influenciadores que tiveram que se adaptar a uma nova realidade. 

  Rodrigo Azevedo

Para Rodrigo Azevedo, CEO do Grupo Comunique-se e do Influency.me, plataforma do Grupo que conecta marcas e influenciadores digitais, aqueles influenciadores de conteúdo genérico precisarão se reinventar, mas isso não significa que o setor está em crise, pelo contrário. “Para algumas marcas, a quarentena torna difícil qualquer tipo de exposição, inclusive via influenciadores. De outro lado, para outros segmentos a divulgação com influenciadores se beneficiou. Para as marcas em setores que estão operando normalmente, realizar ações com influenciadores durante a quarentena se tornou extremamente atrativo, pois a negociação de cachês está melhor, ao mesmo tempo em que a audiência dos influenciadores está em alta”, explica.

Diante de casos como o da blogueira fitness Gabriela Pugliesi, que perdeu seguidores e contratos milionários após publicar fotos de uma festa em pleno período de quarentena, quando todas as orientações eram de isolamento social, Azevedo pondera que as marcas envolvidas em situações parecidas deverão avaliar caso a caso para saber o que é, realmente, um erro grave e o que pode ser ações de hackers. Para isso, será necessário estar por dentro do que acontece no mundo digital. “O fato é que a "patrulha" nas redes sociais é forte e rápida. Uma pisada na bola pode significar um enorme prejuízo para o influenciador e arrastar a marca junto”, reflete.

Tendências

A geração de conteúdos relevantes que estejam alinhados às necessidades dos consumidores se anuncia como uma das principais estratégias do marketing do futuro, com um diferencial: a criação de canais próprios. O CEO da Rock Content conta que uma pesquisa feita pela Sparktoro mostrou que 50% das pesquisas do Google já não geram nenhum clique, pois a informação que a pessoa procura já está no resultado de busca, por exemplo. “Canais próprios são aqueles em que as pessoas decidem te seguir voluntariamente e você tem acesso direto a elas, como sua lista de e-mails, podcasts ou seu blog. E aqui o branding é essencial, pois ninguém irá se cadastrar para receber conteúdos de uma marca que não confia ou que gera algo irrelevante”, orienta. 

Na área dos influenciadores digitais, outra tendência que entrou em debate nos últimos dias é o destaque maior para os nano influenciadores, pessoas que reúnem entre 1 mil e 10 mil seguidores e que, por isso, estão mais perto de suas comunidades. Por gerarem uma identificação quase que imediata com seu público, esses personagens conseguem transmitir mais veracidade naquilo que postam e são mais assertivas para uma campanha de nicho, uma vez que também possuem mais foco em suas publicações. 

E, se existe algo que realmente se aprendeu durante essa crise inesperada é que é necessário entender de gente para construir um marketing que dê resultado, seja para a conversão final de um produto ou serviço ou para a valorização e reconhecimento da marca. 




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