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A evolução do mercado pet

Para atender à crescente demanda por cuidados dos bichinhos de estimação, o setor investe em produtos e serviços que oferecem soluções para as mais variadas necessidades dos tutores e seus pets

Presentes nos lares de 149,6 milhões de brasileiros, segundo o censo do IPB (Instituto Pet Brasil) de 2021, os animais de estimação conquistaram o status de membros da família e, por conta dessa relação mais próxima, muitas pessoas têm buscado por produtos e serviços que proporcionem bem-estar e qualidade de vida para os seus bichinhos. 

Com isso, o mercado pet foi um dos segmentos que mais cresceu nos últimos anos, especialmente na pandemia, período em que houve um aumento de 30% no número de adoções de animais, segundo o Radar Pet 2021 do Sindan (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal). 

Hoje em dia, atendendo às crescentes demandas, o setor conta com opções que vão muito além do banho e tosa. De acordo com a gestora estadual de Projetos Setoriais do Sebrae SP e especialista no segmento pet, Vanessa Lima, novos negócios surgiram e os tutores dos bichinhos encontram com facilidade produtos e serviços como refeição natural, ração delivery, creches, lavanderias especializadas, ensaios fotográficos, spas, festas para pets, serviço funeral, plano de saúde, dog walker (passeador de cães), pet sitter (babá de pet) e acessórios personalizados, além de estabelecimentos pet friendly, nos quais os bichinhos são bem-vindos.

      Themis Regina Kogitzki

Um exemplo de novos serviços criados no setor é a massoterapia, indicada para relaxar e diminuir o estresse, que também trata dificuldades de locomoção e dores decorrentes do uso excessivo da musculatura. “Uma das grandes preocupações que os tutores possuem é quando o pet apresenta dificuldades para caminhar ou executar movimentos do dia a dia, como levantar, deitar, subir no sofá ou até mesmo brincar. Aí, procuram por nossos serviços por temerem que o animal possa estar sentindo dor”, comenta a administradora e médica veterinária Themis Regina Kogitzki, idealizadora da AnimaTherapy, que realiza atendimentos personalizados de massoterapia em domicílio.

O serviço oferece quatro modalidades de massagens: terapêutica, liberação miofascial, drenagem linfática e relaxante, sendo cada uma delas indicada conforme a necessidade. “Os benefícios são imensuráveis, pois além de trazer conforto, confiança, aumento no vínculo entre o pet e o ser humano, é onde realmente podemos ver o conceito de bem-estar e qualidade de vida na prática. A massagem para um cão idoso ou paciente terminal é como se fosse ‘um soprinho de vida’”, afirma a médica veterinária.

Negócio de bilhões

Com o mercado de serviços para animais de estimação aquecido, o faturamento tem sido bem expressivo. Em 2021, por exemplo, o setor lucrou R$ 51,7 bilhões, alta de 27% em relação a 2020, fechando o ano na sexta posição do ranking mundial de mercado pet, segundo o IPB. 

Para este ano, com base no desempenho no primeiro semestre, o Instituto prevê um crescimento de 14,7% e um faturamento próximo a R$ 59,2 bilhões. “Os números apontam que, mesmo com as dificuldades impostas pela crise, as famílias não deixaram de cuidar de seu pet, mesmo que esse núcleo familiar seja apenas de uma pessoa que mora com o animal de estimação”, comenta o presidente do conselho consultivo do IPB, Nelo Marraccini.

O segmento de pet food (alimentos industrializados para os pets) é o mais representativo do setor, responsável por 56,4% do faturamento total, com projeção de terminar o ano em R$ 33,4 bilhões. Na sequência, aparecem outros nichos, como a venda de animais de estimação diretamente dos criadores, que estima movimentar R$6,2 bilhões; o pet vet (medicamentos veterinários), com um faturamento previsto em R$ 5,8 bilhões; os serviços veterinários, com previsão de R$5,5 bilhões; os serviços gerais, com expectativa de R$ 5,1 bilhões; e o pet care, de produtos de higiene e bem-estar animal, que espera R$ 3,1 bilhões para 2022.

E, por mais que as grandes redes chamem a atenção de quem as frequenta, os principais canais de acesso aos produtos têm sido os pet shops de pequeno e médio porte, que representaram 48% do faturamento total em 2021. Na sequência vêm as clínicas e hospitais veterinários (18%); as agrolojas (9,8%); o varejo alimentar (8,6%); os pet shops de grande porte (8%); o e-commerce (5,4%) e as lojas de conveniência (2,1%).

Os dados acima deixam claro, portanto, que o consumidor ainda prefere comprar em lojas físicas. Embora o e-commerce pet tenha registrado um aumento de 130% na pandemia, pulando de R$ 1,44 bilhão para R$ 3,3 bilhões entre janeiro de 2020 e março de 2022, a venda virtual representou apenas 5,6% do faturamento total do mercado no primeiro trimestre deste ano.

Novos empregos 

Não é só o número de serviços oferecidos pelo setor que tem aumentado. As vagas de emprego na área também acompanharam essa evolução: segundo o IPB, 2,83 milhões de oportunidades foram geradas em 2021, o que corresponde a um aumento de 6,2% sobre o ano anterior. Segundo o Instituto, a oferta foi maior no comércio, com 33 mil novos postos de trabalho. 

           Nelo Marraccini (Crédito -  Divulgacao IPB)

“Nosso varejo é pujante, ele cresce muito porque a cada dia tem mais consumidores. Qualquer loja das grandes cadeias emprega diretamente por volta de 160 pessoas, fora os postos indiretos. E essas redes têm, em média, 180 lojas e projetos de abrir mais 40 por ano, então o setor expande cada vez mais”, explica Marraccini.

Já o número de negócios do setor ultrapassou a marca de 285 mil. Seis em cada dez estabelecimentos (62,7% do total) são voltados à cadeia de distribuição, como pet shops, consultórios, clínicas veterinárias, agrolojas e o varejo de alimentos. O restante das empresas é composta por criadores (37,8%) e indústrias (0,2%).

Um ecossistema de serviços, produtos e soluções

O grupo Petlove é um bom exemplo de varejo que aposta em diferentes vieses de crescimento para fortalecer o seu ecossistema. A marca, pioneira no e-commerce para pets no Brasil, vem ampliando sua presença também no mundo físico com a abertura de três lojas conceito e quiosques, localizados na grande São Paulo.

Para atender às diferentes necessidades dos tutores e seus pets, a empresa dispõe de mais de 15 mil produtos nas áreas de alimentação, higiene, saúde, beleza e brinquedos, além de atuar na área de hospedagem e serviços. O grupo ainda lidera o setor de plano de saúde para cães e gatos, com mais de 90 mil vidas e cerca de 2 mil parceiros credenciados em mais de 40 regiões do Brasil, oferecendo desde cuidados básicos, como consultas, vacinas e atendimento emergencial, até cirurgias, internações e exames de alta complexidade.

“Apenas no primeiro semestre de 2022, a Petlove praticamente dobrou o faturamento do setor em comparação a 2021, o que representa mais de 10% dos negócios da holding. Trata-se de um mercado com enorme potencial de crescimento, afinal, são mais de 80 milhões de cães e gatos no Brasil e pesquisas apontam que apenas 0,15% deste mercado possui um plano de saúde”, conta Filipe Botton, head da marca e comunicação do grupo Petlove.

                Filipe Botton

Outro serviço que a marca detém é o DogHero, plataforma que conecta os donos de pet a uma comunidade formada por anfitriões, pet sitters, passeadores e veterinários, facilitando a rotina de cuidados com os bichinhos. “A empresa conta com 25 mil cuidadores disponíveis em mais de 750 cidades do Brasil”, complementa Botton.

Recentemente, o grupo Petlove passou a contar com um aporte da Globo Ventures, unidade de investimentos do Grupo Globo, que se une a outras empresas, como Kamaroopin, Softbank, L Catterton, Monhashess, Porto Seguro e Riverwood, que também investem na Petlove. “O objetivo é crescer exponencialmente em todas as frentes mencionadas, tendo como projeção atingir entre R$ 1.1 e R$ 1.2 bilhão de faturamento em 2022”, comenta o head da marca.

Bom momento para investir no setor?

Por apresentar números e crescimento significativos, o mercado pet tem se mostrado muito atrativo para os empreendedores. Na opinião da especialista do segmento pet do Sebrae, esse é um bom momento para investir no setor, porém, antes de tudo, é de suma importância a realização de um plano de negócio, que engloba pesquisa de mercado e planejamento. Nele, são descritos os objetivos e os passos que devem ser dados para alcançá-los, diminuindo, assim, os riscos e as incertezas. 

De acordo com Vanessa, há quatro pontos básicos para criar um bom plano de negócio: elaborar uma previsão de vendas realista, identificar os recursos e competências importantes para o negócio, definir os parceiros estratégicos e construir cenários diversos diante de incertezas.

     Vanessa Lima

“Planejar é a melhor forma de um empreendedor alcançar o sucesso com a sua empresa. Com um plano em mãos, ele tem a capacidade de antecipar possíveis erros, além de conhecer os pontos fortes e fracos do negócio. Essas informações possibilitam chegar ao mercado com mais segurança e conhecimento”, orienta a gestora.

Quanto ao perfil, o empreendedor do setor precisa, indiscutivelmente, gostar de animais, além de dominar competências como relações interpessoais, liderança, comunicação e gerência. E, com o mercado pet em alta, oportunidades não faltam para os profissionais de Administração. “Eles podem realizar consultorias de gestão em geral, ajudar na implantação de espaços pet friendly, prestar serviços para startups e, até, identificar oportunidades para empreender no setor”, sugere Vanessa.

Tendências

Para Marraccini, a tendência é que o mercado pet invista em inovações voltadas à alimentação. Ele comenta que esse ponto vem evoluindo nas grandes indústrias e há universidades com professores especializados em nutrição sempre pesquisando novas possibilidades.

“Existe uma empresa, por exemplo, que patenteou um produto que utiliza alga da Escandinávia para tratar o tártaro dos cachorros e gatos e diminuir a placa bacteriana. Tem muita coisa acontecendo nesse universo, mas o grande desafio é fazer com que o animal consiga mais qualidade de vida”, conclui o presidente do IPB.




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