Entre os convidados, estava a administradora e empreendedora Carla Fuganti, que falou sobre a importância de reconhecermos que estamos todos no mesmo barco. Para ela, as principais ações a serem tomadas dentro dos negócios atualmente são a revisão das finanças, a renegociação de pagamentos com fornecedores e colaboradores e, principalmente, o bom senso e a transparência em todos esses processos. “É preciso rever as estratégias em conjunto. Muitas vezes o líder, por medo de compartilhar as fraquezas, apenas comunica as metas e não o motivo de ter chegado nelas. E, muitas vezes, as pessoas não entendem direito o que está acontecendo. Por isso, a transparência é fundamental nesse momento”, explicou. 

Novas oportunidades

Carla também lembrou sobre a capacidade do administrador ser multitarefa e conseguir enxergar o todo em uma situação. Por isso, ele deve lembrar que a atual crise irá passar, que em determinado momento será possível atender novamente os consumidores. Desta maneira, é preciso pensar em estratégias que possam agregar ao negócio para deixá-lo mais forte, sem nunca perder o foco no cliente. Nessa jornada, no entanto, é preciso cuidado. Citando o caso de empresas que estão vendendo vouchers antecipados de produtos e serviços, ela explicou que é necessário ter em mente que com essa ação você ficará devendo para o cliente que, em um futuro próximo, irá usufruir do produto ou serviço. “Temos que tentar de tudo nesse momento, mas sempre fazendo uma organização financeira para não se enrolar depois e isso virar uma bola de neve”, aconselhou. 

Sobre as medidas que o governo tem tomado para ajudar os empreendedores nesses últimos dias, Carla disse ser primordial avaliar cada uma dessas possibilidades para saber o que cabe ao seu negócio e aproveitar tudo o que for possível dentro das possibilidades atuais e futuras de cada empresa.  

Planejamento

A live do CRA-SP contou também com a presença de Humberto Munhoz, sócio-fundador e diretor geral do Turn the Table, empresa especializada na consultoria e gestão de bares e restaurantes. Munhoz também acredita ser essencial nesse primeiro momento fazer um levantamento das finanças do negócio, em especial das despesas para os próximos 90 dias, período que, segundo ele, tudo ainda estará muito incerto. Sabendo desse cenário, ele orientou que, aqueles que não tenham como se sustentar sozinhos nesse período busquem ajuda em empréstimos, linhas de crédito e demais opções para que possam passar pelos próximos meses. 

Esse planejamento é necessário porque, segundo Munhoz, é hora de vislumbrar a retomada das atividades e, para isso, é preciso pensar também no fortalecimento das alianças com clientes, fornecedores, colaboradores e demais parceiros. “Alguns empreendedores, que já não tinham um planejamento financeiro anterior, usam a crise como “desculpa” para não pagar suas despesas. É óbvio que tem muita gente que não consegue, mas alguns, antes de buscar outras formas e recursos, já começam com esse tipo de atitude que quebra uma aliança. Sabemos que muitos negócios irão fechar, mas, por outro lado, haverá também aqueles que sobreviverão. E, se você não quebrou, lá na frente irá necessitar dessas alianças muito fortalecidas para voltar a operar. Precisamos ficar juntos para sair mais forte dessa crise”, defendeu. 

Digital

Para fechar o tema e trazer um case de superação mesmo em meio à crise, a live do Conselho conversou com Caio Gazin, fundador e CEO da Gazin Semijoias. Ele contou que, diante do fechamento dos seus showrooms (a empresa possui sete unidades físicas de distribuição no Brasil), a empresa precisou acelerar o seu projeto de e-commerce, que entrou no ar apenas uma semana antes da crise se instalar. “As vendas digitais tiveram um aumento de mais de 35% nos últimos dias. Entendemos que todo mundo está no digital e quer se conectar de alguma maneira”, explicou Gazin. 

O empreendedor falou que a busca por revendedores, que desejam uma segunda fonte ou um complemento de renda, também tem sido feita de forma digital e que isso, nesse momento, tem tido muita aceitação, justamente pela necessidade das pessoas buscarem novas oportunidades de trabalho. 

Ele também destacou a necessidade dos empreendedores pensarem no momento de retorno das atividades, mantendo-se vivos na cabeça dos clientes, ou seja, apostando no marketing e na criação de conteúdos que possam ajudar os consumidores a lembrarem das marcas. Gazin ressaltou, ainda, a lição que esse momento de crise trouxe para todos: a necessidade de os negócios acompanharem as transformações do mundo. Para ele, as empresas que estavam mais conectadas estão sofrendo menos atualmente e, diante disso, o momento também é de estudar e pensar no mundo que surgirá depois que tudo isso passar. 

Confira, também, a cobertura da live do CRA-SP sobre a Gestão da Saúde em tempos de pandemia.