Como se não bastasse a pandemia do novo coronavírus, o mercado de trabalho vai ficando cada vez mais seletivo, o que é um processo natural, tendo em vista a desproporção numérica entre vagas e candidatos.
No entanto, em um momento em que a inclusão social e o respeito às diversidades são tão discutidos, nos vem à mente uma inquietação: será que regredimos ou não acompanhamos a evolução, no sentido de oferecer uma concorrência justa, possibilitando, sobretudo, a livre participação dos menos favorecidos?
Talvez a resposta para esta pergunta fosse, por exemplo, a existência de ofertas de emprego com os seguintes dizeres: “Buscamos por profissionais que tenham cumprido toda a sua formação escolar na rede pública de ensino, não tenham estudado outro idioma por falta de recursos e, acima de tudo, comprovem o uso de seus vencimentos para o sustento do lar.”
Estamos há anos em uma inércia social velada onde fala-se muito e pouco, ou quase nada, se faz. A tal quebra de paradigmas e o romper com os preconceitos ainda não demonstram resultados comprovadamente positivos.
A maioria dos alunos nas universidades públicas ainda são oriundos das famílias mais abastadas, os negros ainda são uma minoria nos corredores organizacionais, sobretudo ocupando cargos gerenciais.
Como explicar que as empresas e a sociedade em geral praticam a inclusão social? Qual ou quais indicadores poderiam comprovar este respeito às diversidades? E, em paralelo, qual a garantia que temos ao educar os mais jovens, assegurando que jamais sofrerão discriminação seja por sua cor, credo ou classe social?
Demagogias à parte, mudar todo este despropério social depende de cada um de nós! E, aqui nos vem à mente outra questão: depende de nós, cidadãos comuns ou será que depende daqueles que detém o poder para promover as mudanças necessárias?
E, aqui mais uma vez como que em uma melodia uníssona, é possível responder de antemão que as mudanças seguem dependendo de uma parcela da sociedade que concentra poder e riqueza em uma bolha social intransponível aos menos favorecidos.
Muitos depositam gotas de esperança em um pós-pandemia que marque a história, desconstruindo os paradigmas socioculturais e fazendo emergir de forma latente uma sociedade menos desigual.
A educação é certamente o pano de fundo capaz de balizar os grandes processos de mudança rumo ao desenvolvimento coletivo de uma nação, no entanto, é preciso investir esforços em indicadores qualitativos, sob a pena de desqualificar todo o aprendizado adquirido.
A união e o compartilhamento sublinham a era da informação emergida em uma sociedade globalizada e cada vez mais interconectada onde o indivíduo experiencia momentos de um falso poder, na medida em que se apropria dos mais variados artefatos tecnológicos disponíveis.
A relação homem x dispositivo eletrônico caminha dando a sensação de contribuir para o surgimento de um avatar solitário que alimenta suas necessidades à base de um click, cerrando os olhos aos demais navegadores deste mar tecnológico. O ser humano nunca esteve tão próximo e tão distante ao mesmo tempo.
E a inquirição que se faz latente relaciona-se especificamente com esta polarização advinda de todo este desenvolvimento intelectual que mesmo não se dando conta, parece aniquilar o enriquecimento moral da persona.
Por que será que mesmo tendo uma infinidade de recursos a humanidade ainda não providenciou o renascimento de uma nova Era?
Talvez a palavra mais coerente para responder tal proposição seja – AÇÃO. Nunca flagelamos tanto da necessidade de agir. Mas não um agir despretensioso e sem propósitos. É preciso enxergar o grupo, pensar o time, reunir as circunvizinhanças.
Enfim, é preciso viver o coletivo de uma vez por todas.
Por Adm. Alexandre de Oliveira
CRA-SP nº 070468