A gestão da riqueza na base da pirâmide e a redução das desigualdades sociais - CRA-SP
Faça download do App |
Este espaço é reservado para as contribuições enviadas por profissionais registrados no CRA-SP. Para ver o seu artigo aqui, encaminhe-o para redacao@crasp.gov.br. Todos os textos passam por uma avaliação da equipe editorial, que verifica a possibilidade de publicação de acordo com requisitos como clareza de ideias e relevância do tema.

A gestão da riqueza na base da pirâmide e a redução das desigualdades sociais

C.K. Prahalad nos ensina que a dignidade se inicia com o direito de escolha e que o mundo só mudará quando realmente começarmos a ver as pessoas de baixa renda como participantes plenos de suas economias e comunidades locais, como produtores e consumidores, e não como meros receptores passivos de atos de caridade. 

O mais recente relatório do Banco Mundial (out/2022), Poverty and Shared Prosperity (Pobreza e Prosperidade Compartilhada) indica que é improvável que o mundo, na ausência de taxas de crescimento econômico que mudem o rumo da história até o final desta década, consiga atingir a meta de erradicação da pobreza extrema até 2030. Somente a África Subsaariana concentra 60% dos mais pobres, ou seja, quase 390 milhões de pessoas, com uma taxa de pobreza de 35%. 

Revendo alguns ensinamentos do Dr.Prahalad, apresentados em seu livro “A riqueza na base da pirâmide”, destaco alguns caminhos que, adaptados, permitirão que os governos (por meio de políticas públicas) e as organizações privadas (com seus investimentos sociais) tornem as pessoas de baixa renda protagonistas plenas de uma nova economia e possam resgatar sua dignidade até 2030, com atos de geração de renda. Eis as lições:

  1. Implementar a caixa de areia da inovação: o governo e o setor privado podem e devem auxiliar as pessoas da base da pirâmide na evolução da forma de pensar ações de geração de renda, agregando aos negócios mentorias técnicas para a elevação da qualidade dos produtos e serviços. Nesse caso, algumas regras devem ser respeitadas: a) escalabilidade (cooperativada), os negócios da base da pirâmide são geralmente suscetíveis ao volume; b) uma nova relação preço-desempenho é essencial; c) aplicação de tecnologias modernas no desenvolvimento de produtos e serviços; d) uso de padrões internacionais de qualidade: segurança, sustentabilidade ecológica e estética.

  2. Construir um ecossistema: a viabilidade de um modelo plenamente escalável requer um ecossistema adequado unindo todas as forças organizacionais e institucionais que envolvem os negócios criados na base da pirâmide.

  3. (Co)Criar soluções colaborativas: as soluções das políticas públicas e/ou das iniciativas privadas não podem ser levadas para a população da base da pirâmide em formato de leis, decretos e normas corporativas. Há a necessidade do conhecimento da cultura, formato de negócios e formação das pessoas componentes da base da pirâmide. 

  4. Desenvolvimento de mercado: a abordagem de mercado para produtos e serviços gerados na base da pirâmide deve ser inovadora, com novas ondas comerciais.

Nessa visão, se os administradores de governos, empresas e organizações sem fins lucrativos trabalharem em conjunto, as pessoas da base da pirâmide irão gerar renda e não serão mais simples receptores passivos de atos de caridade permitindo, assim, que seja atingida a meta de erradicação da pobreza extrema até 2030.

Por Adm. Djair Pereira

CRA-SP nº 8002

Administrador, professor universitário, autor do livro “Investimento Social Privado e Ações Assistencialistas: uma luta contra a pobreza” (Editora Dialética), coautor do livro “Planejamento Estratégico” (Editora IESDE), voluntário da ONG Gerando Falcões.




Revista Administrador Profissional - ADM PRO
Publicação física com periodicidade trimestral
Conteúdo produzido pelo Departamento de Comunicação do CRA-SP
Todos os direitos reservados