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Menos contato, mais conveniência

 Muito mais empoderado, o consumidor incorporou a suas expectativas de decisão de compra questões catalisadas pelas ferramentas digitais, como instantaneidade, redução de burocracia, quebra de barreiras geográficas, autonomia e transparência. E nesse caminho sem volta, o setor de varejo precisa se reinventar para atender, com excelência, às exigências do crescente consumo digital

Enclausurados e com acesso restrito às quatro paredes de suas próprias casas durante a pandemia, os consumidores se viram obrigados a expandir o olhar para além de suas janelas físicas e explorar as janelas digitais para atenderem a suas necessidades imediatas de consumo, de farmácia a supermercado. O resultado deste novo hábito se refletiu no crescimento exponencial do e-commerce no País, que registrou um aumento de 71% entre os meses de fevereiro e maio, com ganhos de R$ 27,3 bilhões, segundo estudo realizado pela Compre&Confie. 

Se de um lado o e-commerce nada de braçada em meio à crise, do outro, o varejo amarga seu pior resultado em duas décadas, com queda de 32% em abril, conforme apontam dados do Indicador de Atividade do Comércio, apurados pela Serasa Experian. Ambos os cenários, no entanto, corroboram com a tese de que o período mais crítico de pandemia, além de simbolizar o marco da mudança de comportamento de consumo, também acelerou entre as empresas tradicionais a conscientização sobre a importância de elevar o digital para o centro dos negócios. 

  Luís Lobão

 “Agora parece óbvio que empresas sem qualquer vocação ou esforço digital sucumbirão diante de modelos de negócios em plataforma, que ligam a indústria e serviços ao consumidor final, tudo a partir de um clique. Quem ainda não estava pronto para se transformar digitalmente está sendo ‘obrigado’ a fazer isso às pressas, pois a valorização do tempo como bem precioso fará com que o e-commerce e as vendas online em geral tenham o seu grande momento de consolidação no Brasil”, afirma Luís Lobão, consultor da HSM Educação Executiva, certo de que esta mudança não tem volta.

Isso significa que, se antes, mercadinhos, papelarias, lojas de roupas e sapatos, lavanderias, entre outros, utilizavam a tecnologia apenas para o básico de seus processos administrativos e contábeis, a partir de agora terão que usufruir as ferramentas digitais para continuarem entregando seus produtos e serviços. Muitos estabelecimentos estão criando suas lojas virtuais ou entrando em marketplaces - plataforma online que conecta oferta e demanda de produtos e serviços, funcionando como um shopping virtual. No Brasil, por exemplo, diversos marketplaces ganharam relevância durante a pandemia, tais como Mercado Livre, Amazon, Ricardo Eletro, Carrefour e Magazine Luiza. Este último, aliás, só no primeiro trimestre de 2020 passou a representar cerca de 30% do e-commerce total do Magalu, atualmente composto pelo site, aplicativo e marketplace. Parte desse resultado se deve à abertura da plataforma para micro e pequenos empresários, com o objetivo de auxiliá-los durante o isolamento social - 20 mil novos parceiros integraram a plataforma no período. 

       Rafael Forte

Duplo crescimento 

De mão dadas com essa nova realidade do e-commerce no Brasil, cresce em importância, também, os serviços de logística relacionados ao delivery, com foco na jornada do cliente. Para Rafael Forte, country manager da VTEX Brasil, com as compras online se tornando cada vez mais relevantes, é importante integrar lojistas com empresas de transporte, para facilitar a entrega de produtos em todo o território nacional, na forma e no tempo mais adequados para a necessidade de cada cliente. “É possível transformar a experiência de entrega em uma vantagem competitiva para os varejistas. Seja por meio do monitoramento e gestão de entregas em tempo real ou da integração de lojistas e empresas de transportes, através das plataformas de logística”, enfatiza o executivo que mantém em sua carteira de produtos as soluções VTEX Tracking - em funcionamento na operação de marcas como Carrefour, Brastemp, Cônsul e LivUp, registrando uma redução média de 15% no índice de re-entregas - e a  VTEX Log - que conta com transportadoras em diferentes regiões do País e viabiliza entregas com uma economia de até 84% no custo do frete. 

Também antenada à tendência do setor de priorizar a experiência do cliente está a Loggi que, para atender à urgência de pedidos, opera por geolocalização para reduzir o tempo de circulação ociosa dos entregadores e otimizar a retirada e entrega de produtos. Além disso, vem auxiliando lojistas a utilizarem suas lojas físicas como estoque avançado - ship from store - para seguirem suas vendas por meio de atendimento online, assim como e-commerces a enviarem produtos para todo o Brasil, por meio de parcerias regionais. “Seguimos investindo no aumento da abrangência por meio do modelo de associado ‘Leve’, ou seja, parcerias regionais que ressaltam os conhecimentos locais de parceiros para a realização de entregas. A crise acelerou em muitos anos a transição do varejo físico para o eletrônico e forçou pessoas que nunca tinham feito compras online a experimentarem o serviço. Portanto, o presente nos mostra que a flexibilidade e diversidade de serviços são diferenciais para esse segmento”, destaca Ariel Herszenhorn, vice-presidente de Expansão da Loggi. 

   Ariel Herszenhorn

No que diz respeito à concorrência, Ana Paula Blanco, vice-presidente de operações na DHL Supply Chain e líder de negócios de Varejo, E-commerce e Tecnologia, acredita que com a consolidação do e-commerce e a digitalização da vida, a logística ganhou papel central nos negócios. Porém, o aumento da demanda, unido ao surgimento de novos modelos logísticos, apesar de elevar a concorrência no setor, possui necessidades vastas e diferenciadas. “Os níveis de serviço cresceram em termos de qualidade, agilidade, controle e eficiência. Logo, equacionar todas estas questões é um desafio enorme, que exige equipe qualificada, experiência, tecnologias e grandes investimentos em inovação. O uso intensivo de big data, de análises preditivas e inteligência artificial são as novas fronteiras da logística que apenas empresas muito preparadas poderão fazer em escala. A DHL está muito bem posicionada para competir”, provoca.

Uma janela de oportunidades

Para Ana Paula, que viu seus clientes dos setores automotivo e de moda/vestuário revendo significativamente planejamentos e estoques, enquanto os de saúde (medicamentos e materiais médicos e hospitalares) e de itens essenciais de consumo (mantimentos, produtos de limpeza e higiene pessoal) vivenciavam o aumento maciço na demanda de distribuição e transportes, a atual crise deixou claro que as cadeias de suprimentos têm que ser resilientes, flexíveis e ágeis para se adaptarem a situações inesperadas e à constante evolução dos mercados e dos consumidores, mas que isso só é possível com o uso intensivo de tecnologia, gestão de dados e uma crescente cooperação entre os agentes da cadeia. 

       Ana Paula Blanco

E é exatamente nesta onda de cooperação que a plataforma de e-commerce Menu vem surfando. Criada em 2016 para conectar indústrias a pequenos comerciantes do setor de food service, a Menu viu no crescimento do volume de compras online de alimentos e bebidas - por volta de 222% em relação ao período entre fevereiro e maio de 2019, de acordo com o levantamento da Compre&Confie - a oportunidade de transformar o seu modelo de negócio para ajudar pequenos comerciantes dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. “Flexibilizamos a nossa régua de crédito para ajudar o pequeno comerciante a conseguir descontos e adaptamos a nossa estratégia, antes focada em bares e restaurantes, para atender, também, minimercados. Desta forma, apesar da queda de receita em março, motivada pelo fechamento de 80% dos estabelecimentos que atendemos, atingimos o mesmo faturamento do mês de fevereiro, que foi nosso recorde histórico, também em abril”, deleita-se Leonardo Almeida, CEO da Menu, que junto com seu sócio, Gustavo Penna, disponibiliza mais de 40 mil produtos no marketplace, para atender cerca de 15 mil bares, pizzarias e restaurantes.

Confiante de que o delivery veio para ficar, especialmente com o constante investimento de empresas do setor para reverter o que chama de “perspectiva imatura” na entrega de alimentos no Brasil, por concentrar os pedidos desses produtos no período noturno, Almeida acredita que a Menu pode contribuir, e muito, para o fortalecimento da logística de abastecimento do pequeno comércio. 

 Leonardo Almeida e Gustavo Penna

“Normalmente, o restaurante que atende apenas por meio de entregas tem uma cozinha pequena e, consequentemente, um estoque menor. Por isso, o fato de a Menu entregar rápido e abastecer o restaurante com bastante facilidade, ajuda na operação do delivery.” 

No final das contas, Lobão afirma que o que importa, na verdade, é que o varejo físico consiga se posicionar para mostrar os seus diferenciais, promover a inclusão e utilizar as mídias sociais nas etapas iniciais de inspiração da jornada do consumidor, criando emoções positivas dentro da loja e desenvolvendo atributos online. “Em um futuro breve olharemos para este ciclo que está se encerrando, como o da eficiência operacional e produtividade das empresas de varejo e, então, entenderemos que o olhar para o cliente, com foco na redução do atrito na jornada e a oferta de experiências significativas serão os novos diferenciais competitivos. A crise é temporária, mas a transformação não”, finaliza.

5 dicas para transformar um pequeno negócio em e-commerce

A chegada do novo coronavírus ao Brasil trouxe desafios para os micro e pequenos negócios. Com as medidas de isolamento social para evitar a propagação do vírus, especialistas indicam a digitalização das empresas como uma solução. Abrir uma loja online pode parecer um desafio, mas é uma alternativa para a retomada. Saiba quais são as principais estratégias para considerar na hora de montar um site de e-commerce:

  • Planeje e prepare-se tecnicamente para ficar online

Como uma loja física ou qualquer outro empreendimento, abrir uma loja virtual exige planejamento estratégico. É preciso definir o público-alvo, escolher um nicho, analisar concorrentes, fazer pesquisa de mercado, estudar processos internos e orçamento. Feito isso, colocar a loja virtual no ar demanda três passos. O primeiro é escolher e registrar um domínio, endereço que os clientes digitam para acessar o e-commerce. O segundo, adquirir um serviço de hospedagem. “Na hospedagem ficam armazenados arquivos, informações, imagens e outros conteúdos do site. Ela garante a disponibilidade do site o tempo todo na internet”, diz Robledo Ribeiro, fundador da HostGator - multinacional de hospedagem de sites no Brasil. O terceiro passo é escolher uma plataforma de e-commerce, que permite incluir produtos no site, gerenciar estoque, usar meios de pagamento, controlar o envio dos pedidos, entre outras atividades. “Decida com atenção, pois esse é o sistema central da loja. Avalie se ele atende a necessidade inicial e também uma possível - e esperada - expansão dos negócios”, afirma Ribeiro.

  • Inclua diferentes tipos de pagamentos

Oferecer opções de pagamentos para os clientes é uma maneira de se diferenciar no mercado. Há plataformas que permitem emissão de boletos, pagamento por cartão de crédito e débito ou que geram links para pagamento. “Faz parte da estratégia de um bom e-commerce ser flexível e garantir que o cliente possa efetuar a compra com segurança. Procure um sistema mediador de confiança, que use recursos seguros e ainda informe se um pagamento não foi feito. Isso permite gerenciar o fluxo de caixa e evitar perdas”, sugere Piero Contezini, CEO do Asaas, conta digital para empreendedores. O Asaas possui ainda um sistema de automatização de cobranças, que tem serviço de mensageria e ligações feitas por um robô para lembrar os consumidores sobre atrasos ou falta de pagamentos. “É preciso ter empatia com os clientes e saber a melhor forma de cobrar, sem ser invasivo, por isso, a automatização é a maneira mais prática e eficiente para fazer esse serviço”, completa Piero. 

Para levar os clientes até sua loja virtual, é preciso dar visibilidade a ela. A internet oferece muitas opções. Links patrocinados e anúncios em outros sites são um caminho. Recorrer ao Google Shopping Ads, para anunciar produtos na busca do Google, é outro. Também é possível investir em e-mail marketing, blogs de conteúdo e redes sociais. A vantagem da internet é que ela permite monitorar os resultados de cada uma dessas ações. Uma ferramenta para acompanhar o desempenho da loja online é o Google Analytics, que contabiliza o número de visitantes, o tempo médio de permanência nas páginas, a taxa de conversão, entre outros indicadores. “Isso ajuda a entender como está a performance de cada página do site para fazer futuras melhorias e otimizações”, diz Ribeiro, da HostGator.

Uma das vantagens de digitalizar um negócio é também melhorar a gestão financeira. Há plataformas no mercado que informam saídas e entradas no fluxo de caixa e facilitam o controle. “Use uma plataforma de gestão financeira onde sejam anotados os gastos, mantenha uma conta só para a empresa e planeje o próximo mês. Esses cuidados  ajudarão a saber se será necessário buscar algum tipo de crédito para investir nos próximos meses, por exemplo”, completa Piero, do Asaas. Caso necessário, ele indica a antecipação de recebíveis, principalmente para micro e pequenos negócios, que é disponibilizada por fintechs e contas digitais como o Asaas. “Os juros são mais baixos e é possível antecipar valores menores. Também não é necessário ter conta bancária para conseguir o crédito”, completa.

  • Integre seu e-commerce com uma solução de frete

"Os empreendedores devem cuidar bem da logística de entrega de seus produtos. Ela é percebida pelo seu cliente como parte do serviço prestado pelo e-commerce", explica o CEO da Motoboy.com, Jonathan Pirovano. O sucesso dos fretes tem grande impacto na retenção de usuários. "Ao integrar uma solução de frete via API (protocolo padrão para integração), o e-commerce oferece ao cliente um serviço especializado em levar seu produto com sucesso até a porta do consumidor", avalia. Pirovano explica ainda que, com esta integração, o cliente pode cotar e agendar fretes sem sair da loja virtual. Estas são lançadas automaticamente pelo sistema para os entregadores mais qualificados assim que confirmada a venda online. Dependendo da preferência do e-commerce, a entrega pode ser ultrarrápida, ou seja, solucionada em até 2 horas; ou agrupada, para redução de custos.




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