CRA-SP e GELOG promovem o 5º Encontro em Gestão da Cadeia de Suprimentos e Logística - CRA-SP
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CRA-SP e GELOG promovem o 5º Encontro em Gestão da Cadeia de Suprimentos e Logística

Para celebrar o Dia da Logística, comemorado em 6 de junho, e homenagear os profissionais da área, o CRA-SP e o Grupo de Excelência em Gestão da Cadeia de Suprimentos e Logística - GELOG realizaram, no último dia 8 de junho, a 5ª edição do Encontro anual que visa debater importantes pontos de destaque no setor. 

Na abertura, o coordenador do GELOG, João Salles Neto, explicou sobre a formação do Grupo e ressaltou a importância do evento. Nesta edição, o Encontro em Gestão da Cadeira de Suprimentos e Logística contou com a presença de cinco expositores, que apresentaram a evolução e os desafios da área no Brasil. 

O evento, transmitido ao vivo no Canal a Serviço da Administração do CRA-SP, no Youtube, teve como tema central a “Integração Nacional por meio da Logística” e foi prestigiado por mais de 1900 pessoas.

Infraestrutura da logística no Brasil

Para falar sobre o quanto a infraestrutura impacta na logística como um todo, o evento convidou a editora do portal Tecnologística, Shirley Simão, que fez uma reflexão sobre o assunto.

Ela comentou que o Brasil é o único país do mundo com dimensões continentais que escolheu o transporte rodoviário como seu modal principal. Embora tenha sido uma decisão tomada no passado, é o momento de analisar o preço que está sendo pago por esta escolha. “O custo logístico no Brasil representa cerca de 10 a 12% do PIB, enquanto nos EUA é 7,8%”, explicou Shirley.

De acordo com os dados da Confederação Nacional do Transporte – CNT, o Brasil tem quase 1.7 milhão de quilômetros de estrada, sendo que apenas 213 mil são pavimentados. As melhores vias estão concentradas no Sudeste. O modal rodoviário representa 60% das cargas em TKUs (tonelagem por quilômetro útil) provocando um grande desgaste nas estradas que carecem de manutenção.

Shirley mencionou, ainda, que com o crescimento acelerado do agronegócio, o aumento da exportação e do e-commerce, o transporte está sendo altamente demandado e, com isso, outros meios estão ganhando relevância, como é o caso das hidrovias.

Instrumentos estratégicos de desenvolvimento

Logística, infraestrutura e transporte são instrumentos estratégicos de desenvolvimento. Esta é a percepção do economista e professor de Logística em cursos de pós-graduação, Paulo Roberto Guedes, outro convidado do Encontro.

Para ele, não há país que se desenvolva sem que exista uma logística desenvolvida. “Ela é responsável pela movimentação de mercadoria e pessoas e, quanto mais eficiente e eficaz for essa movimentação, melhor é para o País”, afirmou Guedes. 

Durante sua explanação, o economista apresentou o desempenho da logística brasileira conforme aponta o UPI – Índice de Desempenho Logístico, do Banco Mundial. No ranking geral, o Brasil encontra-se em 56º lugar, entre 160 países, e sua nota foi 2.99, quando o máximo é 5. “Estamos muito longe dos países que operam logísticas. O primeiro é a Alemanha e o Brasil fica atrás de nações como Chile e México. Nosso país tem, de fato, dificuldade de desenvolver sua logística”, acrescentou.

Em relação aos custos, Guedes disse que o Brasil gasta cerca de R$ 860 bilhões por ano, o que representa 11 a 12% do PIB. Desse total, 65,3% são com transporte, sendo que só com o rodoviário o investimento é em torno de R$ 485 bilhões. “O rodoviário é preponderante, porque os outros meios são muito pequenos. A ferrovia no Brasil tem 30 mil quilômetros há, pelo menos, 80 anos. As hidrovias não são exploradas como deveriam e têm apenas 14 mil quilômetros. Considerando o tamanho do País, nós temos uma infraestrutura logística muito aquém das nossas reais necessidades em todos os modais”, explanou.

Nos últimos 20 anos, os investimentos em infraestrutura ficaram na média de 0,55% do PIB. No entanto, para que o Brasil consiga ter uma nova matriz de transporte será necessário um investimento equivalente a 2% do PIB ao ano, de 2021 a 2044, para alcançar um estoque de infraestrutura de transporte igual a 25% do PIB. “Investir em infraestrutura de forma geral é fundamental para o país, se quisermos, de fato, escoar toda a mercadoria produzida e distribui-la eficientemente de tal forma que ela chegue no destino certo, na hora certa, na quantidade certa, sem custos extraordinários”, orientou Guedes.

Transporte ferroviário

O transporte ferroviário também esteve na pauta dessa edição do Encontro. Para tratar sobre o assunto, o evento contou com a participação de Marcelo Saraiva, CEO da Brado Logística, uma companhia multimodal focada na movimentação de cargas de contêineres através da ferrovia.

O CEO contou que a empresa transporta mais de 130 produtos diferentes, entre eles fertilizantes, químicos, café, bovino, suíno, aves, shampoo, material de limpeza, bebidas, bens de consumo, e que para cada produto há um tratamento diferente, o que mantém a qualidade da mercadoria até seu destino. “Em 2020, movimento perto de 331 TEUs (unidade equivalente a 20 pés), o que significa 2,5 milhões de toneladas”, revela Saraiva.

Para isso, o CEO revelou que a empresa investiu em infraestrutura e hoje conta com 19 locomotivas, 4.600 contêineres, 2.700 vagões, além de cinco terminais multimodais. “A gente olha o que o cliente precisa e adequamos nossa operação às necessidades deles”, disse.

Saraiva apresentou, ainda, dois projetos inovadores desenvolvidos pela Brado. Um deles são os vagões Double Stack, que têm a capacidade de empilhar até três contêineres (um de 40 pés e dois de 20 pés) e, com isso, a operação aumentou em 40% a capacidade de transporte.

Os vagões percorrem a rota Rondonópolis (MT) até Sumaré (SP), porém, para viabilizar o percurso, a empresa teve que investir R$ 60 milhões para altear e rebaixar linhas, passarelas e viadutos. “Esse projeto não só trouxe benefício para a logística, mas também para os municípios em que o trem passa”, afirmou o CEO.

Outro projeto foi o contêiner de 53 pés, construído aqui no Brasil. “Fizemos o projeto do início ao fim. Produzimos o contêiner e junto com a Transforte definimos como esse vagão ia rodar. Uma empresa de logística tem que arriscar e, para nós, a inovação tem que ser ligada ao negócio”, afirmou Saraiva.

Outro ponto colocado pelo CEO foi a atenção da empresa em relação à responsabilidade ambiental. “As nossas locomotivas são de última geração, as mesmas que rodam nos EUA, que poluem bem menos, têm mais tração e são adequadas às normas internacionais”.

Modal Cabotagem

O modal cabotagem refere-se à navegação entre portos do mesmo país. É uma alternativa de transporte que pode ocorrer pela costa marítima, mas que não se limita a ela, podendo se estabelecer em vias de rios e lagos. Para contar sobre como esse modelo de transporte vem se desenvolvendo no País, o evento teve a apresentação do diretor-executivo da Aliança Navegação e Logística, Marcus Voloch.

Logo no início da palestra, o diretor apresentou as quatro faixas que dividem a costa brasileira. “Sessenta por cento da população está a até 200 km da costa, o que facilita o transporte marítimo e evita o trânsito nas estradas, que têm altos índices de roubos e avarias. No navio não existe roubo e o percentual de avaria é abaixo de 0,1%. Com isso, a gente ajuda a alongar a vida útil das estradas e melhora a matriz de transporte brasileiro”, contou.

Voloch apresentou, ainda, a evolução do transporte marítimo doméstico. Segundo ele, a cabotagem tem o efeito de multiplicar de 2 a 3 vezes o percentual do PIB, ou seja, se o PIB cresce 1,2%, a cabotagem cresce 3,5%. “Quando o país decresce, a cabotagem fica estável, porque quando as grandes empresas precisam trabalhar o corte de custo, a logística é um dos primeiros setores a ser olhado e a maior linha de gastos geralmente é o transporte. Com isso, começam a olhar para o meio multimodal, o transporte de cabotagem”, revelou. 

Além do transporte marítimo, o diretor contou que a empresa trabalha com a logística integrada e cuida de toda cadeia, seja ela aérea, rodoviária ou ferroviária. “Nosso objetivo é potencializar cada um dos modais. Então, usamos os navios na longa distância, o trem onde ele está disponível e o caminhão nas curtas distâncias”.

Para Voloch, nesses mais de 20 anos de cabotagem no Brasil, está claro o sucesso do modelo, mediante o crescimento contínuo na ordem de 10% ao ano. “É prova de que o mercado aceitou a cabotagem”, afirmou. 

Planos estratégicos

Os planos estratégicos para os próximos anos, referentes aos investimentos na infraestrutura dos transportes, foram apresentados por Marcelo Sampaio, secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura - MINFRA.

Sampaio mostrou aos participantes do encontro o mapa estratégico desenvolvido pelo MINFRA, onde consta 30 programas que têm como desafios questões como competitividade, segurança, satisfação do usuário, desburocratização, entre outros.

O secretário disse que no Ministério há avaliação contínua dos projetos, além da reunião de avaliação estratégica ministerial. “Temos conseguido alcançar marcas históricas dentro do Ministério. Ano passado, batemos o número do ano anterior ao executarmos 99,8% do orçamento. Criamos uma ferramenta de governança e avaliação, que nos permite, durante 30 dias, ver onde temos uma performance melhor e, a partir disso, alocar os recursos de forma mais estratégica”, contou.

Outros pontos da agenda ministerial apresentados no evento foram o Planejamento Integrado de Transportes – PIT e o Planejamento Nacional de Logística – PNL. “No final de junho haverá a publicação do Relatório Executivo, feito após uma consulta publica sobre algumas contribuições para aperfeiçoar o planejamento do Ministério. Nesse processo colaborativo, montamos um plano para os próximos 20 anos, que nos permite ter um olhar não só do governo, mas também do usuário, do embarcador, do transportador e daquelas pessoas que dependem da infraestrutura”, explicou.

Além disso, o secretário apresentou a expectativa de crescimento no transporte até 2035, os principais empreendimentos em andamento nos quatro setores (aéreo, ferroviário, portos e terrestres), os valores de investimentos previstos em projetos de parcerias, as principais entregas já realizadas e as que estão previstas no próximo ciclo, até agosto de 2021.





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