As atuais cadeias de suprimentos estão estruturadas sob risco, embora sejam especializadas, globalizadas e enxutas. Mas vários eventos demonstraram que as cadeias de suprimentos são frágeis. Terremotos e tsunamis no Japão (2011), inundações na Tailândia (2011), o vulcão Eyjafjallajokull (2010), aumento da pirataria marítima e o surto de e-coli (2011) na Europa são alguns exemplos.
Com o aumento da frequência de eventos que causam a interrupção das cadeias de suprimentos, torna-se necessário reavaliar o uso de métricas de desempenho de fornecedores, incorporando tecnologias como Internet das Coisas, Machine Learning e inteligência artificial para que haja mais visibilidade dos eventos, seus impactos nas cadeias e assim se antecipar às variabilidades.
Cadeias de suprimento, além robustas, precisam ser flexíveis e resilientes para passarem por períodos conturbados. Além disso, devem ser inteligentes para aprender e se aprimorar. Para tanto, precisam evoluir e se tornar plenamente digitais, tanto em relação a fornecedores quanto em relação a gestores. Veja que mesmo em 2020, muitas cadeias de suprimento ainda operam baseadas em papel e em gestão puramente manual, com uma cultura lenta e reativa ao invés de ágil e proativa.
Para formar cadeias de abastecimento resilientes, há ao menos 5 aspectos para os quais os gestores devem dispensar especial atenção:
Revisar e identificar itens originários de áreas de alto risco de interrupção do abastecimento;
Fazer uma estimativa real do estoque ao longo de sua cadeia de valor;
Fazer maior uso de ferramentas tecnológicas de previsão estatística de demanda;
Testar cenários prospectivos para melhor analisar a capacidade de produção sob o ponto de vista financeiro e operacional;
Por meio do planejamento de contingências e por meio da visibilidade em tempo real, adotar abordagens ágeis e formas de gerenciamento para rápida adaptação;
Garantir que a análise de risco da cadeia de suprimentos faça parte da estratégia de compras e governança;
Desenvolver redes de suprimentos mais confiáveis, que envolvam todos os stakeholders, com foco em gerenciamento de riscos.
Ao fim da crise a expectativa é de que as cadeias de suprimentos migrem para o sudeste asiático, como Bangladesh, e talvez para alguns países do Leste Europeu que já vinham se despontando nas cadeias de suprimento globais, assim como para o México.
Quando esta pandemia se for, as empresas se dividirão, sob certo ponto de vista, em dois tipos:
As que não mudarão e irão rezar para que um evento deste tipo jamais se repita. Estas contarão com a sorte.
As que irão tirar valiosas lições da crise, realizando os devidos investimentos de forma a não operar às cegas em outro evento similar. Estas têm a maior chance de vencer.
REFERÊNCIAS
https://hbr.org/2020/03/coronavirus-is-a-wake-up-call-for-supply-chain-management
https://www.supplychaindigital.com/supply-chain-management/coronavirus-and-antifragile-supply-chain
https://www.weforum.org/agenda/2020/03/covid-19-coronavirus-lessons-past-supply-chain-disruptions/
https://news.usc.edu/166804/coronavirus-global-supply-chain-economy-nick-vyas-usc-marshall/
https://knowledge.wharton.upenn.edu/article/veeraraghavan-supply-chain/
Por Adm. Fábio dos Santos
CRA-SP nº 134081
Professor universitário na área de Logística de Exportação e Supply Chain.