Responsabilidade compartilhada - CRA-SP
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Responsabilidade compartilhada

Atualmente em regiões centrais das grandes cidades, como São Paulo, é difícil você sair na rua e não se deparar com um entregador de bicicleta identificado com uma mochila grande, chamativa e quadrada de uma das grandes empresas de entrega. Devemos nos perguntar, porém: estamos dando o treinamento adequado a esses entregadores?

É natural, como em qualquer acontecimento novo, que haja problemas a serem resolvidos e adaptações necessárias, ainda mais na escala de São Paulo. É frequente, entretanto, a cena de entregadores andando na calçada, furando sinal vermelho, indo na contramão ou, ainda, empinando a bicicleta, excedendo a velocidade e costurando entre carros e pessoas. Há colisões, e brigas. Sem falar em problemas técnicos e questões para a própria segurança do entregador, como andar sem iluminação, não usar capacete, não ter uma bicicleta adequada, pedalar olhando para o celular, entre outros.

A meu ver, os problemas se originam por dois tipos de profissional: os imprudentes e os inexperientes. Os imprudentes (e aí entram os abusados, mal educados, irresponsáveis, individualistas etc.) são mais difíceis de mudar, pois eles sabem que estão errados, mas não se importam com isso. Os inexperientes (e aí entram os iniciantes, sejam eles novos no ofício ou desacostumados a pedalar no caos das ruas de São Paulo), porém, muitas vezes simplesmente não conhecem os procedimentos de segurança da bike no trânsito. Falta a eles um treinamento ciclístico.

Acredito que um trabalho forte de treinamento e conscientização é mais do que necessário para organizar, ou pelo menos melhorar, a convivência desses entregadores com os demais modais do trânsito urbano para que fique mais harmônico e civilizado.

As empresas de comodidade de tempo (como iFood, Rappi, Uber Eats, entre outras), com “suas” entregas em qualquer lugar e horário, deveriam ser as maiores apoiadoras e interessadas em melhorar esse cenário. Elas, porém, não parecem estar interessadas, seja por ser um problema irrelevante perto dos demais que já têm ou por essa não ser uma prioridade no momento. De qualquer maneira, acabam por tirar o corpo fora e deixar a responsabilidade que deveria ser compartilhada. Afinal, por mais que o entregador não seja seu funcionário, ele está representando sua marca. Infelizmente, a demanda de conscientização fica apenas para o profissional de delivery, para o ciclista.

Como disse, o problema não é simples e rápido de ser resolvido, pois envolve uma responsabilidade compartilhada para mudança de comportamento — um processo lento e complexo. Para que tenhamos um trânsito harmônico é necessária a ajuda de todos os envolvidos, não somente os ciclistas. Por isso, quando vir uma ação de mobilidade urbana com caráter educacional apoie. A mudança de comportamento é o primeiro passo para termos um trânsito mais agradável e seguro para todos.

Por Rodrigo Epi Freitas Guimarães

CRA-SP nº 114764

Criador do Pedal Inicial, consultoria sobre compra, venda e uso da bicicleta.




Revista Administrador Profissional - ADM PRO
Publicação física com periodicidade trimestral
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