O grande desafio dos administradores nesses tempos de globalização tem sido assegurar aos seus stakeholders uma boa qualidade da gestão e o aumento do valor da empresa, por meio do gerenciamento de questões ambientais, sociais e de governança corporativa, temas que formam o ESG - Environmental, Social e Governance. Os debates sobre esses temas consolidaram-se em 1987, no documento Our Common Future (Nosso Futuro Comum) ou, como é bastante conhecido, Relatório Brundtland, que apresentou um novo olhar sobre o desenvolvimento sustentável. Surge, assim, o ESG, que se destacou para o mundo corporativo em 2004, quando Kofi Annan, secretário-geral das Nações Unidas, em conjunto com instituições financeiras, desenvolveu diretrizes e recomendações sobre como integrar essas questões no relatório “Who care wins” (quem se importa).
Neste ensaio, trataremos do “S” do ESG, independente da importância da governança e das questões ambientais e corporativas tratadas nos relatórios Brundtland e Who Care Wins. No Brasil, dados do IBGE indicam que temos hoje um cenário onde 65% da população tem seus direitos sociais atendidos com restrições de acesso (educação, saúde, trabalho, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância, assistência aos desamparados). Essas pessoas ainda precisam ser amparadas com recursos do poder público, complementados com o investimento social das organizações.
A governança social torna-se, assim, para as organizações, um vetor muito importante no delineamento do seu plano estratégico em busca da excelência nas questões do ESG. Torna-se vital, nesse instante, uma boa arquitetura para a aplicação do investimento social privado em suas ações sociais. Nessa fase, é importante o envolvimento das pessoas que colaboram em suas operações, cujas atitudes impactarão diretamente em sua governança social. Assim, nesse modelo de governança social propomos os seguintes passos de trabalho:
Defina claramente os objetivos e indicadores de avaliação do plano estratégico, destacando-se as opções de investimento social da organização;
Pesquise o sentimento e envolvimento dos colaboradores com os investimentos sociais da organização para que haja comprometimento;
Selecione as áreas sociais para onde serão canalizados o investimento social da organização;
Organize com o quadro de colaboradores o grupo de mentores sociais que serão responsáveis pela governança da aplicação dos investimentos sociais;
Formalize para os stakeholders o relatório de governança social.
Para a efetivação de uma governança social com excelência, com base nos princípios e práticas do ESG, seu balizamento deverá ter como guia a agenda 2030 da ONU, representada pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS.
Assim, as empresas que se importam com a questão social do ecossistema em que vivem só têm a ganhar. Who cares wins!
Esse é o nosso ponto de vista!
Por Adm. Djair Pereira
CRA-SP 8.002
Administrador, professor universitário e autor do livro “Investimento Social Privado e ações assistencialistas: uma luta contra a pobreza”, pela Editora Dialética