Gestão da transição e planejamento estratégico com métodos de foresight - CRA-SP
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Gestão da transição e planejamento estratégico com métodos de foresight

A gestão da transição se refere a gerir uma mudança de um estado atual, hoje, para um estado final, futuro. Um exemplo de mudança é a transição energética, que pretende substituir fontes limitadas e ambientalmente prejudiciais para o planeta, como derivados de petróleo utilizados por veículos, pelas fontes de bases renováveis, como a solar. O sucesso na transição depende da gestão de inúmeros aspectos, o que implica em planejamento, o qual pode e deve ser amparado por métodos, ferramentas e técnicas da administração. 

O planejamento estratégico, em linhas gerais, envolve definir objetivos organizacionais considerando-se o que se pretende atingir futuramente, neste caso com base no entendimento da situação atual. Geralmente, definimos objetivos estratégicos e monitoramos o trabalho das equipes com base em indicadores, para os quais definimos metas. Para atingir tais metas, os trabalhos das equipes se materializam em projetos e em outras iniciativas. Assim, com o tempo, espera-se atingir os objetivos conforme perseguimos as metas afins aos indicadores. 

Voltando ao exemplo da transição energética, um objetivo estratégico poderia estar relacionado ao uso de energia solar. Neste caso, a iniciativa seria a de se instalar um sistema de energia solar fotovoltaica com a meta de ter 50% do consumo da organização atendido em até um ano. As etapas poderiam incluir: estudo de viabilidade, visita técnica para detalhar a proposta, assinatura do contrato com uma empresa que fará a instalação, possível realização de financiamento, vistoria técnica para otimizar a instalação, aprovação do projeto elétrico e análise de rede junto à concessionária, instalação com normas que podem incluir NR-10 e NR-35, configuração do sistema e início da utilização. 

Mas como poderíamos compreender melhor o presente e mapear melhor o que pode acontecer no futuro? Neste contexto, surge como possibilidade fazer uso de métodos, ferramentas e técnicas de previsão em foresight, que são os “Estudos de Futuros”. O foresight permite, a grosso modo, compreender melhor o futuro provável para dar sentido às estratégias definidas no presente. Com isso, se torna possível criar visões relevantes tendo-se em mente cenários variados. 

São muitos os métodos, ferramentas e técnicas de foresight. Um exemplo é o brainstorming, já bem conhecido desde sua criação por volta de 1930: um grupo de pessoas utiliza a criatividade para criar visões relevantes de futuro, o que permite melhor definir o que se pretende atingir futuramente em uma organização, algo que se materializa em uma visão que ajuda a definir objetivos estratégicos. Mas o foresight também faz uso, por exemplo, de "Análise de Séries Temporais", que são séries cronológicas de dados estudados estatisticamente. Com base no estudo de desenvolvimentos passados, busca-se compreender uma tendência ou lei inerente ao conjunto de dados, o que permite visualizar possíveis futuros desenvolvimentos utilizando gráficos, etc. 

Com a influência crescente das tecnologias no funcionamento das organizações, em especial pela transformação digital que hoje se presencia, ganha importância o uso do método de "Tecnologias Críticas" em foresight. Neste caso, a importância ou criticalidade de uma tecnologia em particular pode ser medida fazendo-se uso de conjuntos de critérios. O uso do método permite que um conjunto de especialistas gere uma lista inicial de tecnologias e depois as priorize. 

Ainda considerando o exemplo da transição energética, um Governo Estadual poderia realizar um estudo de "Tecnologias Críticas" em foresight visando definir suas políticas públicas relacionadas ao uso de energia renováveis. Neste caso, a lista inicial poderia incluir energias baseadas em hidrelétricas, no sol, nos ventos, na geração geotérmica via calor do interior da terra, na biomassa procedente de matérias orgânicas, na força das ondas dos oceanos, na reação entre hidrogênio e oxigênio que libera energia, e assim por diante. No passado, o Brasil parece ter priorizado hidrelétricas, sendo hoje percebida uma priorização crescente da geração via sol ou mesmo via ventos. O entendimento da priorização pode interferir no planejamento estratégico de organizações privadas e públicas, orientando investimentos.

Buscou-se aqui chamar a atenção para a importância do foresight, assunto ainda pouco disseminado. Assim, se faz importante ganhar consciência da importância e das possibilidades de uso dos métodos, ferramentas e técnicas da Administração, tais como aqueles relacionados ao entendimento dos cenários futuros possíveis, que podem melhor orientar nosso planejamento. Afinal, pior do que não saber como utilizar algo é desconhecer a sua existência. Com o conhecimento, ainda que inicial, se viabiliza um aprofundamento posterior nos temas para uma melhor gestão das transições que se avizinham. 

Por Adm. Joni Amorim 

CRA-SP nº 153066

http://lattes.cnpq.br/3278489088705449





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