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Já pensou em começar uma carreira internacional?

Nos primeiros meses do ano é comum a definição de novos propósitos pessoais e profissionais a serem conquistados. A carreira, muitas vezes afetada pelas instabilidades econômicas do país, é um fator que tem preocupado muitas pessoas, inclusive profissionais de Administração, que pensam em migrar para o mercado de trabalho estrangeiro em busca de melhores oportunidades, inclusive pessoais. 

Essa jornada, no entanto, pode não ser tão simples e requer muito planejamento e definição de objetivos para se concretizar. Se você é uma dessas pessoas que está considerando trabalhar fora, ou para empresas estrangeiras, saiba que existem alguns aspectos e dicas importantes que podem lhe ajudar a conquistar esse objetivo. 

Vale lembrar que o curso de Administração oferece uma variedade de conhecimentos a serem aplicados no mercado de trabalho. Por ser uma profissão extremamente versátil, o administrador está apto para atuar em várias áreas e setores, seja nacional ou internacionalmente, conforme explica o Adm. Nelson Ludovico, professor doutor na área internacional da EAESP/FGV e coordenador do Grupo de Excelência em Internacionalização de Pessoas, Empresas e Carreiras do CRA-SP. “Finanças, marketing, comércio internacional, logística e trader são alguns exemplos, cujos desafios estão inicialmente no domínio de pelo menos dois idiomas (além do nosso), sendo primordial o inglês; além de uma visão do cenário econômico mundial”, conta o docente. 


Juliana Fernandez

O que é uma carreira internacional?

Antes de começar a busca por uma internacionalização da carreira, é importante entender que as recentes transformações da sociedade modificaram as profissões e a configuração de formas de trabalho. O modelo híbrido ou a distância ganhou força, apesar das discussões sobre a volta ou não do presencial 100%, afetando a forma como as organizações, nacionais e estrangeiras, gerenciam seus times. 

Na perspectiva de Juliana Fernandez, mentora nacional e internacional, LinkedIn Creator e LinkedIn Top Voice, a internacionalização de pessoas pode acontecer de diversas formas. “Ter uma carreira internacional não significa necessariamente morar em outro país, mas ter e estar exposto a experiências profissionais fora do seu país original. Essa experiência pode ser uma viagem técnica ou de estudos, para algum projeto de curta duração, além do convívio com equipe multicultural com a qual é preciso interagir em outro idioma, levando em consideração outra cultura”, explica a mentora. 

              Adm. Nelson Ludovico

Nesse sentido, ainda que existam certos padrões no processo de internacionalização, cada um apresentará suas singularidades. “Temos conhecimento de que a grande maioria inicia sua carreira em empresas nacionais ou multinacionais aqui no país; no entanto, não existe uma regra que determine que a internacionalização de uma carreira deve ser aqui ou no exterior”, reflete o professor Ludovico. 

Esse mesmo pensamento é compartilhado pelo headhunter e bacharel em Administração Wagner Sousa.  “Você pode começar uma carreira internacional aqui mesmo no Brasil. Diversas empresas estão contratando profissionais e somente após três ou seis meses depois os convidam para a mudança de país. Se você deseja uma vaga internacional, o primeiro passo é pesquisar o modelo utilizado no país em questão”, esclarece. 

O especialista cita, ainda, outros pontos importantes que devem ser pensados pelos profissionais de Administração, como a barreira linguística, as diferenças culturais, os requisitos obrigatórios para visto e imigração, as qualificações e competências profissionais, além da capacidade de adaptação e flexibilidade para assumir novos desafios. 


Wagner Sousa

Nacional versus internacional 

Ao se candidatar a uma vaga em uma empresa no exterior, morando ou não no Brasil, é fundamental ficar atento e ter certos cuidados em relação às diferenças ao longo do processo de seleção. Para Sousa, a realidade dos recrutamentos em outros países nem sempre será igual. “Existem diversas diferenças entre o que é praticado no mercado brasileiro e no mercado internacional, assim como especificidades de cada continente”, expõe.  

Pensando em como conseguir mais chances de se destacar, Juliana aponta uma série de ações que começam com o básico: o currículo. “Enviar um currículo personalizado para cada uma das empresas que você está se candidatando é importante. Isso não significa criar um documento do zero a cada aplicação, mas ao menos incluir as palavras-chaves que estão já descritas na vaga e que estão alinhadas com as competências do profissional, assim fica mais fácil do software e dos profissionais de RH identificarem o seu currículo como um potencial candidato”, indica. 

       Rosemere Slompo

Experiência na prática

Formada em Administração pela Universidade Positivo em 2009, Rosemere Slompo é um exemplo de profissional que decidiu explorar o mercado exterior. Após atuar na área de recursos humanos no Brasil, surgiu uma oportunidade de trabalhar em uma consultoria da mesma área em Milão, na Itália. Com essa dupla experiência, a profissional consegue destacar as diferenças entre o mercado nacional e internacional. “No Brasil foca-se muito na vida pessoal, formação e competência. Aqui na Europa, o foco é na experiência e competência que você tem para oferecer dentro das empresas. Além disso, aqui na Itália, especificamente, não existe uma graduação de Administração de Empresas, então o profissional deve se especializar em alguma área”, explica.  

Sobre os desafios enfrentados ao longo do seu processo de internacionalização, ela cita a questão da língua. “Na minha área, o grande desafio foi o idioma, porque você tem que trabalhar usando uma linguagem muito mais formal e não a informal do dia a dia. Não basta, na minha área de atuação, ter inglês, falar muito bem o italiano é essencial”, conta. 

Com base em tudo o que tem vivido, ela fala sobre como o profissional de Administração pode se destacar em um processo de recrutamento internacional. “Com boa argumentação, visão de todos os subsistemas, atenção aos detalhes e foco em resultados. Além, é claro, de competências como criatividade e inovação, capacidade de trabalhar em equipe, autogestão, gestão de projetos, gestão de pessoas e de equipe, flexibilidade e análise crítica”, orienta. 



Dicas para começar sua carreira internacional  

Confira as dicas de especialistas para uma internacionalização de carreira de sucesso:

1- Planejamento 

“Realmente, a palavra-chave é planejamento, pois a internacionalização não é um processo de curto prazo e demandará resiliência”, aconselha o professor Ludovico. Além da organização sobre o processo, o planejamento financeiro também é extremamente importante para esta nova fase. “Planejamento financeiro é vital, o tempo de se conseguir as coisas variam muito de uma pessoa para a outra e normalmente o processo seletivo é extremamente demorado, tratando-se de vagas de especialistas e executivos”, explica a expatriada Rosemere. 

2- Idiomas

“Ter um segundo e até mesmo um terceiro idioma com uma base forte de fala, escrita e compreensão oral é muito importante e as empresas levam isso em consideração. Um erro de muitos profissionais é achar que ter apenas o inglês, além do português, é o suficiente. Dependendo do local e/ou empresa de interesse, o inglês pode não ser o idioma principal. Em muitas empresas da Europa, por exemplo, se não tiver o alemão, italiano, francês ou espanhol com nível de fluência, o candidato já perde ponto”, orienta a mentora Juliana. 

3- Destino 

Outro aspecto fundamental para começar é a escolha dos possíveis destinos. “É fundamental fazer uma pesquisa sobre os países em que há intenção de trabalhar e morar. Fatores como oportunidades profissionais, qualidade de vida, estabilidade política e cultural precisam ser considerados e avaliados, assim como a infraestrutura de suporte para expatriados, como serviços de saúde, educação e comunidades. A compreensão e reflexão desses itens ajudam a escolher um destino que esteja mais alinhado ao bem-estar e qualidade de vida que se deseja ter”, conta Juliana. 

4- Networking

Começar uma carreira internacional exige expandir sua rede de contatos pessoais e profissionais, aumentando sua visibilidade e oportunidades. Essa é uma das dicas de Rosemere: “Muito networking para conhecer as pessoas e ir em muitas agências e consultorias de recursos humanos para se apresentar”, aconselha. 

5- Ser paciente 

Participar de um processo seletivo e obter os resultados esperados pode levar um tempo. Por isso, ser paciente e resiliente ao longo do processo é fundamental. “Basicamente, vejo os mesmos erros em diversas pessoas que vêm pra cá: não dar um passo atrás para dar dois ou três na frente depois, não aceitar outras oportunidades que podem surgir mesmo fora da sua área de atuação, além de não saber esperar o momento certo das melhores oportunidades que podem surgir”, conclui Rosemere. 



Revista Administrador Profissional - ADM PRO
Publicação física com periodicidade trimestral
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