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Formei, e agora?

Após finalizar a graduação, uma das maiores preocupações dos recém-formados é decidir quais serão os próximos passos de sua carreira. Com inúmeras possibilidades, que vão desde focar na procura por um bom emprego, até investir em programas de pós-graduação mais robustos, é comum que se sintam indecisos sobre qual seria o melhor caminho a seguir. Mas afinal, existe um jeito de  enfrentar as inseguranças e se destacar no mercado de trabalho? 

De acordo com Renato Guimarães, coordenador do curso de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas - EAESP, existe um conjunto de possibilidades para os jovens no início da vida profissional. “Você tem que encontrar aquilo que faz mais sentido para sua carreira, trajetória e condição de vida. Também é importante identificar o tipo de negócio que você trabalha e conversar com as pessoas com as quais você convive para ver o que é mais valorizado naquele tipo de organização e de setor”, orienta. 

Entre as diversas possibilidades que se apresentam, muitos profissionais começam a pesquisar programas de pós-graduação para adquirirem novos aprendizados e qualificações por meio da educação continuada. Para Alexandre Weiler, diretor acadêmico de negócios e conselheiro de carreira da ESIC - Business & Marketing School, a pós-graduação é um momento muito importante para a consolidação da carreira. “Os programas de pós-graduação permitem que você foque e desenvolva habilidades muito específicas em uma área onde já trabalha ou pretende atuar nos próximos anos. Elas são benéficas justamente para buscar mais ferramentas, acelerar o seu processo de desenvolvimento e avançar a fim de progredir mais rapidamente na carreira, tendo diferenciais que os outros não têm”, explica. 

Alexandre Weiler

Tudo começa na graduação 

Apesar dos recentes debates sobre a necessidade ou não de uma graduação, especialistas reforçam que essa formação é essencial e que a vivência e o conhecimento adquiridos neste período são fundamentais. “Existem pessoas com 18 anos que estão ficando bilionárias, mas sabemos que essa não é a regra. A maior parte dos donos de unicórnios e de empresas de grande porte tem entre 40 e 50 anos de idade e já passou por cargos de gestão e empresas de grande porte. São pessoas que acumularam uma experiência muito grande e que, para galgar essas posições, precisaram justamente ter uma formação robusta na graduação, no MBA e, claro, uma experiência prática”, lembra Weiler. 

Por isso, é importante se dedicar desde o início, conforme lembra Guimarães.“Cursar uma graduação é muito mais do que assistir aula. São todas essas oportunidades que existem em termos de laboratório de desenvolvimento de competências. Em uma empresa júnior, por exemplo, já no começo da faculdade você tem a oportunidade de se relacionar, conviver, gerir projetos, interagir com clientes, fazer planejamentos estratégicos e aplicar o conhecimento que está adquirindo na universidade”, orienta o professor da FGV. 

Além disso, a graduação é um período essencial para explorar novas áreas, identificar aptidões e principalmente se desenvolver. “Eu sempre recomendo aos alunos realizarem o máximo de atividades práticas possíveis e se envolverem em todas as atividades que os professores trouxerem. Esse passo além é o diferencial que vai fazer você agregar conhecimento. Envolva-se em áreas que às vezes você sente desconforto e naquelas nas quais você realmente sente que tem que se desafiar”, orienta Weiler. 

       Renato Guimarães

Perfil profissional 

Além da importância do período da graduação, outro importante fator que as empresas levam em consideração é o perfil dos profissionais, que cada vez mais devem se mostrar interessados, curiosos e dispostos a aprender continuamente. Essa postura pró-ativa também ajuda na identificação das características, preferências e habilidades de cada um, o que confere maior certeza sobre qual melhor caminho seguir após a graduação. “Uma das competências que as empresas mais buscam hoje é a curiosidade. Vontade de querer saber mais, de aprender e de se desenvolver são coisas que a gente cultiva”, lembra o professor da FGV. 

Ao conhecer o seu perfil profissional fica mais fácil visualizar quais são as melhores opções dentre as oportunidades. Além disso, Guimarães reforça que pensar nas possibilidades após a graduação é sempre um assunto delicado, pois cada pessoa possui um interesse diferente. “O que pode funcionar para um não funciona necessariamente para outro. Nos programas de pós-graduação, por exemplo, precisamos entender que é melhor investir naquilo que combina com a sua trajetória e com seus objetivos. Não existe uma fórmula única”, orienta. 

Pós-graduação como um diferencial

De acordo com o Ministério da Educação, existem duas subdivisões nos programas de pós-graduação no Brasil. A primeira é a lato sensu, que engloba os cursos de especialização e MBA (Master Business Administration). Eles possuem a duração mínima de 360 horas e ao final do curso os alunos recebem um certificado. 

Já os programas de pós-graduação stricto sensu compreendem mestrados e doutorados. Estes são voltados para o ingresso na área acadêmica e possuem uma carga horária maior, podendo chegar a anos de duração.  

Para o ingresso nesses programas é importante levar em consideração que cada um deles possui suas especificidades. “Os cursos de curta duração são mais flexíveis. Então geralmente a manifestação do seu interesse é suficiente para que você seja admitido em um programa como esse. Nos outros, você terá demandas específicas. Para a área acadêmica, deve haver alguma evidência de que você tem interesse, de fato, pela atividade de pesquisa, porque ela é fundamental para essa trajetória”, explica o coordenador da FGV.

Em dúvida sobre qual caminho seguir? Confira, no box abaixo, as principais diferenças entre os cursos de pós-graduação e identifique qual é o melhor para os seus objetivos profissionais. 


As diferenças entre os cursos de pós-graduação

  • Pós-graduação stricto sensu

Mestrado - É considerado o primeiro passo da carreira acadêmica. A finalização do mestrado garante o título de mestre ao profissional. O programa é mais teórico do que prático, sendo necessário produzir uma dissertação sobre um tema específico para concluir o curso. 

Mestrado profissional - É um programa mais recente, que de maneira geral oferece o título de mestre para seguir na carreira acadêmica e, simultaneamente, também foca na atuação profissional no mercado de trabalho. 

Doutorado - Dedicado para aqueles que finalizaram o mestrado e desejam continuar aprofundando sua área de especialização. Ao final, é necessário a produção de uma tese, com uma proposta inédita sobre seu tema de pesquisa.  

  • Pós-graduação lato sensu

Especialização ou “pós” - É o tipo de programa de educação continuada mais comum. É indicado para quem deseja buscar atualização profissional e ter mais conhecimentos em determinada área. Ao final, é dado um certificado de especialista. 

MBA - É a sigla para Master in Business Administration, um programa de especialização dedicado ao mundo corporativo. Em geral, são indicados para profissionais que querem aprofundar seus conhecimentos em gestão, gerenciamento e administração de empresas.




Desafios ao ingressar no mercado de trabalho

Em abril de 2023, o Conselho Regional de Administração de São Paulo - CRA-SP realizou a primeira edição do Fórum Conexão Empregabilidade: Da academia ao mercado, evento que teve como objetivo debater a lacuna entre o ensino oferecido pelos cursos de Administração e as necessidades do mercado de trabalho e que, devido a sua relevância, entrou para o calendário anual de produções do Conselho. Nos vários painéis apresentados, muitos fatores foram considerados importantes, entre eles a importância da integração da academia com as empresas, além da conscientização sobre uma educação contínua, que possa capacitar os profissionais frente às sucessivas transformações da sociedade. 

São essas transformações, inclusive, as grandes responsáveis pela maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho. Segundo um levantamento promovido pelo CRA-SP, que ouviu 439 profissionais e teve como objetivo compreender, na prática, como foi a transição enfrentada pelos seus registrados na hora de sair dos bancos da faculdade e ingressar no mundo dos negócios, mais de 80% dos formados há mais de 21 anos terminaram a faculdade empregados ou conseguiram emprego menos de um ano após a conclusão do curso. Em contrapartida, apenas 43,4% daqueles que se formaram há menos de 10 anos conseguiram o mesmo. 

Saiba mais sobre este e outros levantamentos realizados pelo CRA-SP neste link


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Publicação física com periodicidade trimestral
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