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Use o Pix a seu favor!

Chegada da nova modalidade implantada pelo Banco Central traz benefícios e facilidades para micro e pequenos empreendedores, mas é preciso ficar atento a alguns detalhes

Criado para facilitar os pagamentos e proporcionar mais agilidade às transações financeiras, o Pix, lançado em novembro pelo Banco Central, tem facilitado a vida dos consumidores ao permitir que as transferências de valores, independente das instituições envolvidas, sejam isentas de tarifas e possam ser realizadas em qualquer dia e horário. Mas será que essa mudança pode trazer benefícios significativos também para os negócios, principalmente as micro e pequenas empresas? Segundo especialistas, a resposta é sim! Além de garantir o recebimento de valores de maneira instantânea, o Pix oferece uma série de possibilidades que, se bem exploradas, podem fazer diferença no dia a dia dos empreendedores, incluindo redução no prazo de entrega de produtos, melhor gestão do fluxo de caixa, facilidade na integração com os sistemas de automação e maior segurança.

Confirmando esse potencial transformador, uma pesquisa realizada em outubro pela Intuit QuickBooks, fintech americana desenvolvedora de software de gestão para pequenas empresas e escritórios contábeis, com 1190 micro, pequenos e médios empreendedores, revelou que a grande maioria deles (85%) acredita que o Pix será um sucesso. Dentre os itens que mais atraem os empreendedores a usarem a modalidade estão a possibilidade de enviar ou receber valores 24 horas por dia, sete dias por semana (com 41% das respostas) e o preço menor ou tarifa zero para fazer transferências (com 40% das indicações). 

    Henrique Carbonell

Como funciona para as empresas?

Da mesma maneira que uma pessoa física precisa cadastrar sua chave Pix na instituição financeira de sua escolha, a empresa também necessita fazer essa adesão. A diferença principal fica por conta da cobrança de tarifas para pessoas jurídicas, mas é preciso dizer que esses valores tendem a ser bem menores do que aqueles cobrados para transações como DOC ou TED, uma vez que o número de intermediários nas transações via Pix é menor. Algumas instituições financeiras podem, inclusive, isentar seus clientes dessas cobranças, buscando mais competitividade no mercado e maior atração de clientes.

É bom lembrar que as contas de pessoas físicas que apresentem transações que se configuram como comerciais também poderão ser tarifadas. Para esses casos, o Banco Central determina que a cobrança só deverá incidir após o 31º pagamento recebido, fato que é preciso ser observado pelos micro empreendedores que ainda usam suas contas pessoais para efetuar ou receber pagamentos. A separação entre contas físicas e jurídicas, no entanto, é algo essencial para o sucesso do pequeno negócio e, diante do Pix, torna-se ainda mais importante para que não haja confusão entre o que é capital para o negócio e o que é dinheiro para dívidas pessoais, conforme lembra Henrique Carbonell, sócio fundador da F360°, empresa especializada em sistema de gestão financeira. “A necessidade de uma boa gestão do negócio apartado dos recursos pessoais aumenta, pois muitas pessoas podem cair na tentação de não dedicar tempo para esse controle devido à facilidade transacional que o Pix traz."

Outra diferença é a possibilidade de cadastrar até 20 chaves para contas jurídicas, ao contrário das cinco estabelecidas para pessoas físicas. Uma dica do Banco Central em relação a isso é que o empreendedor identifique as melhores chaves para o seu negócio. Um restaurante, por exemplo, pode cadastrar o número do seu telefone como chave para usar em aplicativos de entrega, facilitando a identificação, enquanto utiliza o CNPJ para pagamentos presenciais. “Entendemos que a melhor prática é que cada empresa revise seus processos de venda e transferência de recursos para que possa aproveitar as chaves de maneira mais eficiente e fácil para os clientes”, enfatiza Manoel Alexandre Bueno e Silva, head do Capco Digital Lab São Paulo.

        Manoel Alexandre Bueno e Silva

Mais praticidade

Além do cadastro das chaves, o Pix também oferece a possibilidade de pagamento e recebimento por dois tipos de QR Codes: o estático e o dinâmico. “O QR Code estático serve para várias transações e pode ou não ter um valor fixo. Por exemplo, micro e pequenos negócios podem ter um único QR Code para todas as transações e vendas que realizarem, bastando o cliente apontar a câmera do celular para o código e realizar o pagamento de suas compras. Já um QR Code dinâmico é gerado especificamente para uma única transação. Por exemplo, mercados ou lojas que apresentarem um código para pagamento ao final da compra, já incluindo valor. Em geral, estes QR Codes já são integrados aos sistemas de venda do estabelecimento”, explica Bueno e Silva.   

Outra coisa importante a ser lembrada é que com os QR Codes dinâmicos ainda é possível incluir informações como data de pagamento, multas, juros, dados do recebedor e pagador. Por suas características, especialistas aconselham que sejam usados em compras via e-commerce ou em cobranças mais formais. Pequenos negócios que utilizam contas de pessoas físicas em suas atividades também precisam ficar atentos: o recebimento de valores por QR Codes dinâmicos configura uma transação comercial e, por isso, também poderá ser tarifado de acordo com as normas do Banco Central. 

Diferencial de mercado

Além de favorecer a gestão e melhorar o fluxo de caixa dos micro e pequenos negócios, o uso do Pix é uma consequência do processo de modernização da área financeira, que impactará a gestão do negócio como um todo, conforme explica Carbonell. “A experiência de compra dos brasileiros vai passar por uma nova reformulação. O processo de checkout deve ficar mais ágil, semelhante ao que já acontece no e-commerce atualmente, em diferentes segmentos – quanto mais rápida a transação, melhor a percepção da marca. Além disso, a digitalização proporcionada pelo Pix no meio de pagamento coloca o varejo brasileiro finalmente na rota do omnichannel, ao permitir a integração entre o ponto de venda físico com o eletrônico”, prevê, ao reforçar que o negócio que souber explorar as funcionalidades do Pix terá vantagem operacional ao conseguir, inclusive, reduzir a necessidade de empréstimos. 

Apesar de acreditarem que o Pix tem um amplo potencial de crescimento, especialistas são cautelosos em dizer que essa nova modalidade irá substituir o uso de cartões ou boletos bancários, por exemplo. “A implantação do PIX foi apenas uma parte da agenda do Banco Central visando a inclusão de pessoas no mercado financeiro, a redução do uso de papel moeda e o incentivo à competitividade. Novas funcionalidades do Pix serão importantes para que os usuários se sintam à vontade para mudar seus hábitos de pagamento e migrar de maneira mais massiva para os meios digitais instantâneos. Em países como a China, Inglaterra e Índia, vemos que a migração dos padrões de pagamento dos consumidores é um processo efetivo, porém com duração de alguns anos, além de depender de fatores como infraestrutura de internet e inclusão digital”, explica Bueno e Silva.

Segurança

Apesar das facilidades, é importante reforçar que qualquer novo meio de transação financeira requer cuidados para que a segurança das movimentações não seja afetada. No caso do Pix, a principal preocupação é com o cadastro indevido de chaves, fator que poderia direcionar os valores de pagamento ou transferências para contas de golpistas. Para não cair em armadilhas, o Banco Central informa que não há sites ou aplicativos criados exclusivamente para cadastramento de chaves e realização de transações (tudo isso é feito diretamente na instituição financeira de sua preferência) e reforça que esse cadastramento requer o consentimento do cliente, por meio de uma validação em duas etapas. No caso do uso do número de celular ou e-mail como chave Pix, a confirmação é feita por meio de um código a ser enviado, por exemplo, por SMS ou para endereço eletrônico informado. Já o CPF/CNPJ só pode ser usado como chave se estiver vinculado à conta, informação necessária no momento de sua abertura, comprovada por meio de documento.

Ciente das possibilidades e dos cuidados necessários, é hora de micro e pequenos empresários aproveitarem as vantagens e usarem as facilidades do Pix a favor dos seus negócios, afinal, esse é um caminho sem volta.




Revista Administrador Profissional - ADM PRO
Publicação física com periodicidade trimestral
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