Inflação de dois dígitos: como ela impacta no bolso do consumidor? - CRA-SP
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Inflação de dois dígitos: como ela impacta no bolso do consumidor?

O administrador André Massaro explica a alta inflacionária e traz dicas de como o consumidor pode reduzir os seus impactos no dia a dia

O IBGE - Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística divulgou no último dia 11 que o IPCA (Indicador de Preços de Consumidor Amplo), indicador oficial de inflação do País, encerrou 2021 em 10,06%, maior nível desde 2015, ficando acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que era de 5,25%.

A alta inflacionária, segundo André Massaro, coordenador do Grupo de Excelência em Administração Financeira – GEAF, do Conselho Regional de Administração de São Paulo – CRA-SP, pode ser justificada, principalmente, por dois fatores. O primeiro é a inflação de custos (ou de oferta), causada pela desestruturação de diversas cadeias produtivas e de distribuição ao redor do mundo por conta da pandemia como, por exemplo, a falta de chips de silício que afetou a indústria automotiva e de eletrônicos. Já o segundo fator é a inflação de demanda, causada pelos estímulos fiscais aplicados por vários governos no mundo todo. 

  André Massaro

“Os dois fatores estão levando a uma aceleração inflacionária não só no Brasil, mas também em diversas economias desenvolvidas que, até então, estavam em situação de estabilidade de preços”, explica Massaro.

Além da alta da inflação, o mercado financeiro prevê também uma redução no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,40% para 1,20% neste ano. Para Massaro, a justificativa é que, além das questões associadas aos efeitos econômicos da pandemia, como a aceleração inflacionária, o Brasil também passa por incertezas internas no campo político, institucional e fiscal, que afetam o desempenho econômico do País.

“Estamos começando a ter uma visão mais clara dos efeitos econômicos de longo prazo da pandemia. E o cenário, definitivamente, não parece animador. Aparentemente, caminhamos para aquilo que se chama de ''''estagflação'''', que é a combinação de baixo crescimento econômico com alta inflação”, opina o coordenador do GEAF.

Como reduzir os impactos da inflação no orçamento doméstico

Uma inflação alta inevitavelmente impacta no bolso do consumidor e saber equilibrar o orçamento, mantendo as contas em dia, parece um desafio. Por esta razão, Massaro traz algumas dicas sobre como reduzir os impactos da inflação neste início de ano. 

"O consumidor pode tentar, na medida do possível, reduzir seu consumo. Além disso, ele deve fazer pesquisa de preços, no intuito de buscar ofertas e condições vantajosas. E, em alguns casos, é recomendável comprar antecipadamente os itens que serão consumidos”, sugere.

Outro problema que aflige muitas famílias, além da inflação, é o desemprego. Nesse cenário, que implica na perda da fonte de renda, o ideal é que as pessoas evitem o endividamento. “É interessante pensar também em fontes de renda alternativas”, aconselha Massaro.

Quanto a dúvida que sempre surge no início do ano, entre pagar as contas à vista com desconto ou optar pelo parcelamento, o coordenador comenta que, em regra geral, o desconto precisa ser de uma taxa igual ou maior do que o ‘custo de oportunidade’.  “Este custo seria a taxa que a pessoa obteria em uma aplicação financeira de baixo risco e pagaria, aproximadamente, a Taxa Selic líquida de impostos, que seria de 7,40% (considerando uma Selic Bruta de 9,25%). Porém, não é uma conta feita de forma direta, aplicando a taxa integralmente ao valor à vista. É preciso considerar os prazos e pagamentos das parcelas”, explica.

A inflação pode recuar no decorrer de 2022? 

De acordo com Massaro, os fatores que causam a inflação de custos tendem a ser transitórios, ou seja, quando as cadeias de produção e distribuição afetadas pela pandemia voltarem à normalidade, os preços tendem a se equilibrar ou mesmo recuar aos níveis anteriores.

“Já a inflação de demanda, causada pelo aumento de dinheiro em circulação e dos estímulos fiscais, é um pouco mais difícil de ceder. Ela exige medidas de contenção como aumento de juros e suspensão de auxílios e estímulos financeiros, que são medidas impopulares e de alto custo político. No entanto, há a possibilidade de recuo da inflação, mas muitos agentes econômicos já trabalham com um cenário em que a inflação não será, apenas, um ‘fenômeno temporário’”, finaliza o coordenador do GEAF.

Dicas para não se endividar no início do ano

Segundo o SPC Brasil, apenas 1 a cada 10 brasileiros se prepara para lidar com os temidos boletos de início de ano. Confira dicas para lidar melhor com as despesas nesse período: 

  • O poder da priorização

Para quem não se organizou com antecedência e virou o ano sem o dinheiro reservado para esses gastos extras, é hora de avaliar quais deles são prioritários e valem mais a pena pagar de uma vez só e quais podem ser parceladas. 

O parcelamento não precisa ser visto como um vilão, mas mesmo assim, não se esqueça nunca de perguntar a si mesmo: vou conseguir honrar com essas prestações já que, ao longo do ano, outros gastos começam a aparecer e se acumular com os existentes? 

  • Use o seu 13º salário

Se você não tem dívidas e nenhum destino urgente para o seu décimo terceiro, chegou o momento de usá-lo. Você, que já evitou gastá-lo com presentes de Natal, com comprinhas supérfluas e com viagens na virada do ano, agora pode dar um bom destino ao dinheiro do benefício. 

Aproveite esse dinheiro, que não faz parte do orçamento mensal, para se livrar desses gastos extras logo que o ano começar. O seu bolso vai agradecer ao longo dos outros 11 meses seguintes, acredite.

  • Suspenda gastos desnecessários

Quem é que não resiste a uma boa promoção? Janeiro já é conhecido pelas “queimas de estoque” pós-Natal. Alguns descontos podem ser bem atraentes mesmo, mas procure pensar duas vezes antes de entrar na loja e comprar: você precisa mesmo daquela TV maior? Ou aquele tênis novo? 

Tudo que não é de extrema urgência pode e deve ser adiado. Pense que esta época do ano é de controle e economia e não de acúmulo de despesas.

  • Pesquise hoje e sempre!

Mesmo com o controle, alguns gastos são inevitáveis. Portanto, nunca deixe de pesquisar e comparar preços. Mesmo com bons descontos, converse com quem está te oferecendo o serviço/produto e procure melhorar ainda mais as condições de pagamento. 

Quem tem filhos em idade escolar, por exemplo, sabe o sufoco de renovar os materiais todo começo de ano. Mas basta se atentar a alguns detalhes para economizar muito: 

  • Analise os materiais escolares que a sua filha ou filho já têm. Se eles estiverem em boas condições, a criança pode usá-los novamente;

  • Vale muito a pena fazer pesquisas de preço em lojas físicas e virtuais, pois é possível encontrar preços muito variados em diferentes estabelecimentos;

  • Entre em contato com mães e pais de crianças do ano seguinte e veja se consegue livros e uniformes em boas condições (dá até pra tomar frente de um grupo de doação, troca e venda de materiais).

Fonte: Me poupe




Revista Administrador Profissional - ADM PRO
Publicação física com periodicidade trimestral
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