Footprint ou pegada ecológica é uma expressão criada por Mathis Wackernagel e William Rees em 1990, no livro “Nossa pegada ecológica: reduzindo o impacto humano na terra”, no qual alerta-se para o uso de forma indiscriminada dos recursos naturais do planeta diante da sua capacidade de regeneração. Isso envolve as emissões de dióxido de carbono, a eliminação de florestas priorizando-se a formação de áreas de pastagens, a fabricação de produtos madeireiros e o crescimento da extensão urbana. Decorridas três décadas, há pouco tempo (agosto/22) num evento sobre tecnologia bancária, os administradores ali presentes discutiam a nova era de transformação cibernética pela qual passa a indústria financeira e sua pegada digital. Tratavam do banco de bolso que cada cidadão possui representado pelos seus aparelhos celulares, dominados pelas tecnologias bancárias com seus algoritmos, inteligência artificial, blockchain, sistemas em cloud e biometrias que garantem a segurança das transações.
Mas, enfim, qual a relação entre a pegada digital e a pegada ecológica de Wackernagel e Rees? Pois bem, diante dos R$35 bilhões a serem investidos pelos bancos em tecnologia digital em 2022 há também uma grande preocupação, que é a adoção pelo ecossistema financeiro de práticas ambientais, sociais e de governança que conhecemos como ESG, objetivando reduzir a pegada de carbono produzida em sua cadeia de valor. O sistema financeiro deve se preocupar, dessa forma, em ajudar os seus clientes na inserção do processo que neutraliza as emissões de gases de efeito-estufa, a neutralização do carbono.
Entretanto, tão importante quanto a preocupação com o “E” (meio ambiente/sustentabilidade) ou com o “G” (governança) do ESG é o “S” de SOCIAL. Nesse evento sobre tecnologia bancária, o baixo investimento no “S” foi uma das preocupações dos administradores de bancos, pois eles concluíram que de nada adianta bons investimentos em sustentabilidade e aspectos de governança se não houver na mesma proporção mais investimentos no “S” de social. Há um gap a ser considerado entre a pegada digital e a pegada social, que deve ser reduzida para que haja uma sociedade mais justa.
Para a consultoria Grant Thornton, numa pesquisa com 255 empresas brasileiras (https://forbes.com.br/forbesesg/2022/08/), 95% dos empresários entrevistados revelaram que têm em sua pauta de planejamento estratégico projetos que envolvem a redução da emissão de gás carbônico e a geração de energia limpa. O levantamento também indica que, diante do ESG, a prioridade para os empresários brasileiros é o pilar ambiental (47%), seguido pelo social (29%) e pela governança (16%).
Cremos que os administradores das empresas que comandam a economia do nosso Brasil com suas inteligências não artificiais, fora das nuvens e focados num mundo real, possam também investir na redução da pobreza e da fome das pessoas contribuindo com suas organizações na formação de uma sociedade forte, com uma boa pegada social!
Esse é o nosso ponto de vista!
Por Adm Djair Pereira
CRASP 8002
Administrador, professor universitário, autor do livro Investimento Social Privado e ações assistencialistas: uma luta contra a pobreza, da Editora Dialética, e coautor do livro Planejamento Estratégico, da Editora IESDE.