Administração da Pandemia – Uma verdadeira inabilidade da gestão pública - CRA-SP
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Administração da Pandemia – Uma verdadeira inabilidade da gestão pública

É fundamental definir o contexto e o objetivo principal deste artigo: Trata-se de uma análise simples e objetiva, sob o ponto de vista técnico, sem a linguagem tecnicista, sobre a administração pública da pandemia e os seus erros, descuidos, para dizer o mínimo, o que gerou uma verdadeira panaceia na gestão.

O staff da administração pública é formado, de modo geral, por profissionais qualificados, em particular na área administrativa. Porém, os gestores em qualquer nível, federal, estadual e municipal são, na sua grande maioria ou totalidade, somente políticos de carreira sem qualquer conhecimento de Administração. Embora muitas vezes bem assessorados, acabam priorizando suas decisões somente pelo aspecto político sem dar ouvidos sequer à área técnica: o contrário é tarefa difícil, às vezes dificílima, mas possível certamente.

Algumas observações precisam ser feitas de modo a contextualizar o cenário desta calamidade:

A primeira é que o país e o mundo foram surpreendidos por este flagelo: um vírus “novo” (talvez), com característica de alta transmissibilidade dentre algumas outras relevantes e sobre as quais a ciência tem ainda pouco ou nenhum conhecimento.

A segunda, de difícil comprovação, mas muito provável, é que a necessária e imediata atenção, sob o ponto de vista da administração, foi relegada a um plano secundário.

Em alguns países, incluindo-se o Brasil, esta crise sanitária e de saúde pública foi intensamente ideologizada e politizada; e os interesses político partidários e eleitoreiros se sobrepuseram às necessidades nacionais.

Em particular no Brasil, ficou escancarado o discurso político, ideológico, radical e individualista como prioridade, ao invés de uma postura minimamente honesta e equilibrada em relação ao exercício do cargo público.

No Brasil, onde o sistema político é anacrônico e corrupto, outras situações e circunstâncias execráveis ficaram ainda mais evidentes.

E, por fim, um verdadeiro “show” de incompetências e pobreza de espírito foi protagonizado pelos praticantes da baixa política travestidos de gestores públicos. 

Feitas estas observações, seguem os quatro erros principais colocados à mostra pela gestão pública:

A)  O papel de gerenciar e cuidar do bem público foi substituído pelo interesse individual e eleitoreiro;

B)  Liderança foi substituída pelo marketing pessoal;

C)  Comunicação com assertividade de modo a informar as ações, planos de ação e diretrizes de como proceder mediante esse infortúnio, praticamente inexistiu;

D)  Um planejamento simples, porém, bem-feito, monitorado diariamente e, periodicamente informado, sequer aconteceu. 

Portanto, se com relação aos erros centrais cometidos, mostrados acima, há algum exagero, a argumentação que os fundamenta é que inexistem indícios que possam comprovar o contrário. Triste afirmação em se tratando de administração pública, tão desprestigiada no nosso país. E, como dito pelos acólitos “mediante tamanha calamidade é muito difícil um desempenho satisfatório da gestão pública”: Ledo engano, porque é na crise que as melhores técnicas, ferramentas e tecnologias precisam, de forma competente e hábil, ser usadas na busca de soluções.

Até parece que a administração pública no Brasil é anacrônica: Certamente não, porque há conhecimento e competência. O que falta, e muito, é habilidade, ação e vocação para a gestão pública.

Adm. Dolor Barbosa Xidieh

CRA-SP – RA 4148

Graduação em Administração - PUC Campinas; Mestrado em Educação - Unicamp.




Revista Administrador Profissional - ADM PRO
Publicação física com periodicidade trimestral
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