Interessante notar que diversos autores que procuram compreender e estudar os acontecimentos atuais, atrelados às gerações mais jovens, sempre irão esbarrar nas obras de Bauman e Harari, pois estes autores remetem aos assuntos contemporâneos atrelados às tecnologias e comportamento das gerações atuais. Há que fazermos uma breve explanação sobre a geração dos Nativos Digitais, também conhecida como Geração Z, que remete a um lapso temporal de indivíduos que nasceram no início da década de 2000. Diversos estudos científicos vêm buscando compreender os comportamentos ímpares desses indivíduos quando comparados a jovens de outras gerações como os Baby Boomers (nomenclatura conferida aos indivíduos nascidos após a Segunda Guerra Mundial e compreendidos entre os anos de 1940 a 1965), Geração X (indivíduos nascidos entre os anos de 1965 a 1978) e Geração Y (indivíduos nascidos a partir dos anos 1978 até o final o século XX).
Quando analisamos a geração de Nativos Digitais não podemos deixar de falar sobre a forma como essa geração utiliza a tecnologia para quase tudo em seu cotidiano, esperando também utilizá-la em escolas, faculdades e universidades. Em muitos casos, essa expectativa não é suprida, o que gera grande desinteresse por parte dos alunos. Ideia exposta por Bauman em seu livro Juventude Líquida ou Harari no livro 21 lições para o século 21, os quais podemos correlacionar às diversas interações dos jovens com seus ambientes virtuais que, por meio de algorítimos, determinam quais tipos de relacionamentos, amizades, comidas, esporte e até mesmo parceiro conjugal ideal para toda a eternidade.
Considerando que grande parte desses alunos possui smartphones; estão em contato com computadores e smart TVs; videogames; dentre outros recursos tecnológicos, a forma de aprender desses alunos está ligada quase diretamente à utilização dessas plataformas, além da preferência por utilizarem tais tecnologias em seu processo de ensino-aprendizagem. Tendo em vista esta constatação, é provável que os Nativos Digitais também utilizem a tecnologia como ferramenta primordial na condução de seus negócios.
Por conseguinte, alunos dessa geração cresceram utilizando plataformas digitais para relacionamentos – amizade, namoro, grupo de estudo – e as utilizarão com certeza em seu ambiente de trabalho. Tal fato nos remonta ao início dos estudos de Taylor na Teoria Científica da Administração, de que os indivíduos interagem ou tomam alguma atitude a partir de uma coletividade. Assim, a geração de Nativos Digitais está transformando o networking e coworking virtuais, tão conhecido no mundo corporativo, em formas de interação remotas, para uma nova lógica de mercado no metaverso.
Em um mundo multiconectado, em que os indivíduos ingressam no mercado de trabalho já habituados às diversas tecnologias, a efetiva utilização das ferramentas tecnológicas aliadas à conceitos teóricos aprendidos em sala de aula, podem facilitar o sucesso das organizações futuras conduzidas pelos Nativos Digitais.
Sérgio Adriany Santos Moreira
Professor do ensino técnico e superior em Administração do Instituto Federal do Espírito Santo
Doutorando em Administração pela FEA-RP/USP
Mestre em Administração de Empresas pela Fucape Business School