ENCOAD 2022 encerra sua programação com quase 20 mil visualizações ao vivo - CRA-SP
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ENCOAD 2022 encerra sua programação com quase 20 mil visualizações ao vivo

O Encontro do Conhecimento em Administração - ENCOAD encerrou a sua 13ª edição hoje (15), após quatro dias de muito conhecimento. Ao todo, o canal A Serviço da Administração, no YouTube, transmitiu ao vivo 27 horas de programação, incluindo palestras, entrevistas e bate-papos que deram aos participantes uma visão ampla e profunda sobre a [Re]Evolução dos Negócios. O evento contou com 5.487 inscrições e, desde segunda, reuniu 19.359 visualizações ao vivo.  

Temas como metaverso, lifelong learning, blockchain, ESG, soft skills, diversidade e inclusão estiveram presentes nas 42 faixas temáticas e foram apresentadas por 46 especialistas, trazidos pelos Grupos de Excelência do Conselho, que ajudam na realização do evento desde a sua primeira edição, em 2009, e também pela própria produção do ENCOAD, que todos os anos busca no mercado de trabalho profissionais de destaque em suas áreas e que trazem uma visão atual das novas práticas e tendências. 

A realização do Encontro faz parte do objetivo social do CRA-SP de colaborar para o desenvolvimento de seus registrados e estudantes de Administração, bem como de toda a sociedade. Por isso, apesar da temática ser pensada especialmente para os profissionais da área, todo o evento é gratuito e aberto ao público. Assim como nos anos anteriores, o ENCOAD 2022 contou com a tradução simultânea em libras e forneceu certificados de participação àqueles que fizeram a inscrição no evento e acompanharam as apresentações ao vivo. 

Confira, abaixo, tudo o que foi destaque neste quarto e último dia de programação. 

    Maristella Iannuzzi

Negócios

Iniciando as atividades do dia sob a ótica da diversidade e inclusão como ferramenta de estratégia corporativa, o ENCOAD 2022 recebeu Maristella Iannuzzi, fundadora da CMI Business Transformation, Conselheira Administrativa e convidada do Grupo de Excelência de Estudos da Mulher Administradora - GEEMAD. 

Na sua apresentação, a especialista destacou a importância de as empresas olharem a diversidade também como um fator gerencial. “Se nós não soubermos falar com quem está do outro lado da mesa, não conseguiremos vender. As empresas com bons programas de diversidade e inclusão comprovadamente têm as melhores práticas de gestão, uma liderança mais efetiva, colaboradores mais felizes, melhor saúde organizacional e melhor performance financeira”, lembrou.

Maristella trouxe, ainda, números que embasam a diversidade existente no nosso país. Ela mostrou que, de acordo com o IBGE, o Brasil possui 52% de mulheres. 56% de negros, 24% de pessoas com deficiência, 19% de jovens entre 15 e 24 anos, e mais de 60 mil famílias homoafetivas. 

Por fim, a executiva ressaltou que esse é um tema que deve permear todas as áreas da companhia e não apenas o RH e que esse novo mindset pode ser criado por meio de inúmeras ações como comunicação interna, mentorias, workshops e, principalmente, pessoas de áreas distintas juntas.

Depois de Maristella, foi a vez de Eduardo Piedade, diretor-geral da Knowledge Comunicação e Gestão e coordenador do Grupo de Excelência em Administração Estratégica e Planejamento - GEAEP abordar a temática de negócios, dessa vez com foco na administração estratégica e no planejamento. Piedade ressaltou que trabalhar com este assunto nos tempos atuais é quase uma incógnita, diante das constantes mudanças e da velocidade digital. E isso tem desafiado os profissionais a melhorarem a gestão de recursos, que são permanentemente escassos. “Cabe aos administradores, aglutinados no status quo da governança, agir, interagir e qualificar para que haja o real avanço”, opinou. 

Em sua apresentação, o coordenador falou sobre as impressões da evolução. Segundo ele, evoluir significa melhorar, melhorar implica em critério de valor, e o critério de valor marca a percepção da evolução ou involução. 

Outro elemento por ele apresentado e que faz parte do atual momento é a dromocultura digital. “Nunca o veloz foi tão valoroso como é hoje. É uma cultura que está impregnada em todos nós. A dromocultura digital, em especial a inteligência artificial aplicada, desafia empresas e sociedades à valorização do veloz como nunca antes se viu”, pontuou.

Adalberto Seiti Tamura, sócio na SKZ Contabilidade e Serviços e convidado do Grupo de Excelência em Administração de Empresas Familiares - GEEF, abordou os processos digitais para abertura de empresas. Tamura destacou uma estatística do Banco Mundial Coin Business 2021, que mostra que São Paulo é o 14º estado no quesito de abertura de negócios. Tal colocação, segundo ele, traduz que ainda há muito o que melhorar. 

O especialista explicou que o processo de abertura de uma empresa no estado paulista tem, em média, 11 etapas e leva cerca de 13 dias. “Desde 2021 é possível abrir um negócio de forma 100% digital, envolvendo todo o processo de documentação junto aos órgãos públicos e assinaturas”, explicou

Outro comparativo do Banco Mundial que o convidado do GEEF trouxe foi entre São Paulo e o mundo. O estudo mostrou que a América Latina tem uma média de oito etapas, em um período de 28 dias, o que demonstra que o estado de São Paulo está com um prazo mais rápido. Já em comparação à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o processo é feito em cinco fases, em um prazo de nove dias, sendo que o melhor país da Organização é a Nova Zelândia, que abre uma empresa em menos de um dia, em somente duas etapas.

O especialista explicou, também, que o teor principal que se tem que pensar na abertura de uma empresa é em relação ao regime tributário. Ele comenta que o Brasil dispõe de cinco opções: SIMEI, Simples Nacional, Lucro Presumido, Lucro Real e Lucro Arbitrado. “Para escolher um regime é importante pensar em três partes: porte da empresa (faturamento), natureza jurídica (tipo societário) e objeto social (CNAE)”, esclareceu.

          Marco Gouveia

Educação e conhecimento 

Durante todo o ENCOAD 2022, os especialistas alertaram para a necessidade de uma educação continuada. Por isso, Marco Gouveia, professor de Engenharia de Produção e Qualidade, pesquisador na área de Educação e convidado do Grupo de Excelência em Gestão da Qualidade - GEQUALI trouxe esse tema para um debate mais amplo no quarto e último dia de programação. Na sua apresentação, Gouveia lembrou que o lifelong learning é mais do que uma prática, é uma filosofia de vida. 

Ele explicou que essa filosofia é composta tanto pela educação formal como pela educação extracurricular e que, para conseguir aproveitar todas as possibilidades disponíveis hoje, é de extrema importância o desenvolvimento de uma trilha de aprendizagem. “Você é o protagonista do seu conhecimento e não pode ficar esperando a empresa onde trabalha traçar um plano de desenvolvimento. Você é quem define o que é importante para o seu trabalho e para a sua vida”, enfatizou. 

Gouveia também explicou que a aplicabilidade é muito importante dentro dessa educação continuada, pois entre deter o conhecimento e saber colocá-lo em prática existe um longo caminho. ‘Dentro dessa trilha de aprendizado você também precisa estabelecer onde e como será possível exercer esses conhecimentos”, destacou. 

Por fim, o especialista lembrou que o lifelong learning não diz respeito apenas a temas profissionais e que também é importante aprender coisas que não necessariamente estão relacionadas ao mercado de trabalho. “Abrir-se para novos conhecimentos é essencial para nossa vida”, disse. 

Para ajudar no autoconhecimento pessoal, tão necessário em tempos de transformações, Noscilene Santos, coach, mentora de carreira e coordenadora do Grupo de Excelência em Coaching - GEC, convidou os participantes do evento a fazerem uma profunda reflexão sobre o sentido de suas carreiras e, também, da vida como um todo.

Ela mostrou que diante de tantas transformações é normal o sentimento de indecisão, de não saber por onde seguir e que, neste momento, o auxílio de um profissional é fundamental. “Um estudo da Forbes revelou que 70% dos indivíduos que receberam orientação de coaches sérios e profissionais aumentaram a sua performance no trabalho, melhoraram os seus relacionamentos e desenvolveram habilidades de comunicação mais efetivas”, mostrou. 

Noscilene também explicou que o coaching é uma atividade profissional que se dá num processo confidencial, na qual o coach apoia e instiga a busca por entendimento. “O coach tem as perguntas e o cliente tem as respostas. Dentro de nós existem todos os recursos necessários ou podemos criá-los”, lembrou. 

Por fim, a mentora deu dicas para aqueles que desejam encontrar um profissional sério. “Para não cair em armadilhas é bom conhecer o coach, o seu currículo, a sua experiência, as pessoas já atendidas. Peça referências e pesquise até três coaches, pois essa é uma parceria com sinergia, que precisa de confiança mútua para uma sessão aberta, segura e que gere resultados”, finalizou. 

Já para discutir a educação digital desde a escola básica, o Grupo de Excelência de Estudos em Tecnologia Digital - GEETD recebeu Cristina Moraes Sleiman, advogada, pedagoga e educadora virtual pelo SENAC-SP.  Logo no início de sua fala, a especialista comentou sobre a criação da Política Nacional de Educação Digital, aprovada pela Câmara dos Deputados. A proposta, que segue para o Senado Federal, traz ações que ampliam o acesso à tecnologia  em cinco frentes: inclusão, educação, capacitação, especialização e pesquisa digital. A educadora disse também que essa proposta altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de modo que os currículos da educação básica tratem das competências digitais ao longo das etapas, a partir do ensino fundamental

Cristina explicou que a educação digital não se confunde com inclusão digital ou mesmo com a utilização de recursos tecnológicos como ferramentas, métodos ou apoio de ensino. “Na verdade, eles se complementam, afinal, como falar em inclusão, sem falar em conduta ética, segura e legal? A questão da segurança é a responsabilidade, é saber identificar uma situação de risco quando se utiliza o recurso digital. As pessoas extrapolam seus direitos e só se lembram da  liberdade de expressão”, comentou.

Para fomentar o uso das tecnologias, a especialista afirmou que é preciso políticas públicas e investimento, planejamento de projetos nas instituições privadas e capacitação dos educadores. “No mundo corporativo, muito se fala em campanhas LGBTQIA+ e isso não deixa de ser uma educação, pois é uma forma de orientação para que o profissional saiba e aplique isso em seu ambiente corporativo e vida pessoal”, explicou. 

A advogada salientou, também, que a entrega de tecnologias por si só incentiva exponencialmente a educação informal e até mesmo a desinformação, uma vez que a criança ou jovem vai consumir conteúdos diversos, sejam eles bons ou ruins “Existem vários aplicativos que estão na moda, um deles é o Tik Tok ou mesmo o Instagram, que é bastante utilizado. Se não soubermos usar de forma positiva, ali tem muita informação errada. E se o aluno estiver em uma fase de desenvolvimento é ainda pior. Ele vai se deparar com diversas situações de risco, pois na era digital as testemunhas são as máquinas e tudo é válido como prova”, alertou.

    Alexandre Borin Cardoso

Relacionamento e tecnologia

Abordando a questão do marketing em tempo real e das mudanças do consumidor pós-pandemia, Alexandre Borin Cardoso, Chairman and Co-Founder at Prestus e convidado do Grupo de Excelência do Trabalho na Sociedade em Transformação - GETST, explicou de que forma uma empresa pode manter um contato imediato com o seu cliente, sem fazer uso de formulários em sites, recurso que, segundo ele, não traz mais resultados. 

“Se a empresa for capaz de retornar um cliente em poucos minutos ela pode fechar 391% a mais de negócios”, explicou, ao dizer que se o empreendedor não tem condições de fazer isso sozinho, ele precisa buscar ajuda especializada, seja por pessoas ou até mesmo por serviços de boots, que podem fazer esse primeiro atendimento. 

Dentro do processo do funil de vendas, Cardoso ainda lembrou que o empreendedor deve saber identificar aquele lead que está pronto para compra. “Fazer o cliente que está pronto para compra passar por todas as etapas do processo pode desestimulá-lo, daí a importância do marketing imediato”, reforçou. 

Por fim, o especialista orientou a todos quanto a qualificação do cliente para a entrega da proposta de valor. “Por vezes é melhor identificar que esse cliente não precisa do seu produto, do que vender algo que o consumidor não gostará e correr o risco dele falar mal de você”, ensinou. 

Sabendo da complexidade do relacionamento entre as pessoas, principalmente dentro dos ambientes empresariais, Luciano de Souza Godoy, presidente do Conselho Consultivo do Centro de Arbitragem e Mediação da AMCHAM, professor de Direito da FGV e convidado do  Grupo de Excelência em Mediação e Arbitragem - GEMA, trouxe a constatação de que a imagem do Poder Judiciário perante à sociedade não é positiva. Ele mostrou que cerca de 100 milhões de processos chegam a esse sistema e que as empresas do varejo, bancos e planos de saúde são os setores com mais litígios. Para sanar tal problema, no entanto, há 15 anos o Brasil abriu os olhos para algo que vem em paralelo ao Poder Judiciário, que é a arbitragem e a mediação, ou seja, a resolução de conflitos de modo privado. 

Godoy explicou que a arbitragem é um instituto antigo do direito, muito usado nos EUA e na Europa, que tem a função de resolver uma disputa por meio de um juiz privado, pago pelas partes. Segundo o especialista, no entanto, a dúvida entre optar pela arbitragem em vez do poder público é recorrente. Para ele, a arbitragem tem uma vantagem, porque ela tem um horizonte de tempo previsível, enquanto o judiciário brasileiro pode demorar anos para resolver casos mais complexos. “Se não houver perícia, a arbitragem irá terminar em um prazo médio de um ano e meio e o judiciário tem aceitado bem a prática. Em alguns casos, a parte vencida vai ao judiciário tentar anular aquela decisão, mas na maioria das vezes há a confirmação de que o procedimento foi correto”, afirmou.

A mediação, por sua vez, também pode ser considerada como uma alternativa de solução de disputas. Godoy explicou que na mediação existe um terceiro facilitador que vai estimular as partes a encontrar uma solução que seja consensual. “Na mediação, o mediador não julga. Ele simplesmente facilita para que haja um acordo. A vantagem dela é a preservação da relação das pessoas. Em casos de litígio entre sócios, acionistas e administradores de empresa, por exemplo, muitas vezes as pessoas querem preservar esse relacionamento para poder voltar a fazer negócio no futuro”, elucidou. 

        Mary Alejandra Ballesta Estrada

Por fim, encerrando toda a programação do ENCOAD 2022 e ocupando a última faixa especial do evento, esteve Mary Alejandra Ballesta Estrada, Digital Business Director na Stefanini Brasil.  Mary explicou que para identificar se a empresa está ou não no caminho certo da inovação, ela precisa estar atenta em seis premissas que são recorrentes na forma como as organizações inovadoras atuam, conforme apontou um estudo realizado com mais de 400 empresas em toda a América Latina.  

“O primeiro é o propósito. Ele orienta todo o processo do porquê estamos aqui e ele tem que ser maior que o valor transacional, ou seja, a empresa quer ser competitiva e rentável, mas não só isso, tem que impactar a sociedade e o entorno. Outro ponto é olhar para fora, para entender as pressões e as próximas ondas de transformação no mercado. Há também um combo inseparável de três premissas: experimentação, colaboração e empoderamento contínuo. E, por fim, refinar os propósitos, as estratégias, as iniciativas organizacionais. Inovar é muito mais do que trazer só uma tecnologia”, explicou.

A diretora disse ainda que, em uma jornada de transformação, a empresa não pode simplesmente pensar que o digital irá resolver tudo, afinal, ele é um acelerador, um habilitador de escalar capacidades. Por este motivo, ela aconselha olhar como a empresa impacta o processo e as pessoas. “A tecnologia junto com essas condições permite alavancar a inovação, mas sozinha ela não resolve”, explicou.

Outro ponto importante nesse processo de transformação, segundo a especialista, é a resiliência. “Nesse mundo bani (frágil, ansioso, não linear, incompreensível), tivemos que virar um hacker da vida e isso se aplica também para os negócios. Tivemos que reinventar a forma como consumimos, relacionamos e comunicamos, e temos que pensar se realmente estamos atendendo às necessidades com nossos produtos e serviços. Então ser resiliente nessa época significa ser flexível frente ao desconhecido, mas entender que essa é a nova realidade que vamos ter que nos adaptar”, finalizou. 

Você encontra a cobertura completa dos três primeiros dias do ENCOAD aqui no portal da ADM PRO. Todas as apresentações e entrevistas de hoje, dia 15, estão disponíveis na íntegra no vídeo abaixo.

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