Terceiro dia do ENCOAD debate as transformações dos modelos de negócio e a diversidade nesse novo contexto - CRA-SP
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Terceiro dia do ENCOAD debate as transformações dos modelos de negócio e a diversidade nesse novo contexto

Em seu terceiro dia de programação, o Encontro do Conhecimento em Administração - ENCOAD 2022, acumulou mais de 20 horas, transmitidas ao vivo pelo canal A Serviço da Administração, no YouTube. O vídeo do dia, que chegou a 688 curtidas, teve 4.645 visualizações e contou com a interação de centenas de participantes, muitos deles acompanhando o evento desde segunda, quando teve início.

A 13ª edição do ENCOAD, realizada em parceria com os Grupos de Excelência do Conselho, tem promovido debates importantíssimos a respeito das novas tendências e tecnologias que despontam diariamente. Tendo como tema central A [Re]Evolução dos Negócios, o evento pretende colaborar para o desenvolvimento e capacitação dos profissionais e empreendedores e faz parte do propósito do CRA-SP de tornar a sociedade melhor por meio da Administração profissional. 

Confira, abaixo, tudo o que aconteceu neste terceiro dia. 

Metaverso 

Dando início à programação a às faixas especiais do dia, o ENCOAD recebeu Fernando Godoy, CEO da Flex Interativa, para falar sobre as oportunidades que podem surgir para os profissionais da Administração com o avanço do metaverso. Na entrevista, Godoy explicou que o conceito do ambiente 3D, que é utilizado nessa realidade virtual, surgiu a partir das experiências dos videogames, em jogos como Fortnite, que oferecem várias possibilidades às pessoas que entram com seus avatares e jogam, se divertem, conversam, assistem a shows e compram NFTs. “O metaverso é uma somatória de realidade aumentada, virtual e inteligência artificial nesse ambiente 3D. É composto por vários pilares e, abaixo dele, tem uma estrutura de blockchain, que permite a transação”, explicou. 

       Fernando Godoy

De olho nesse modelo de negócio tão bem sucedido no mercado de games, que é uma indústria gigantesca, o varejo, a indústria e o entretenimento se interessaram em trazer essa experiência para os outros negócios. “As marcas começam essas experiências no metaverso, seja no Decentraland ou no The Sandbox, porque ele oferece uma oportunidade de se relacionar com o consumidor de uma maneira jamais vista”, comentou Godoy.  

Embora o termo metaverso tenha ganhado os holofotes em 2021, quando Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, mudou o nome da empresa para Meta, ele surgiu há 30 anos, no livro Snow Crash, do escritor Neal Stephenson. E, na visão do CEO da Flex Interativa, ele é um projeto para os próximos 3 a 5 anos, mas que, até 2024, deve movimentar por volta de US$ 1 trilhão. “É por isso que as grandes organizações estão de olho, no entanto, a experiência é também para as pequenas empresas”, acrescentou.

Outra vantagem para o mundo dos negócios, segundo Godoy, é que o metaverso é inclusivo tanto financeiramente quanto em acessibilidade, ou seja, a pessoa que não tem condições financeiras de ir a um show, evento ou mesmo não tem como se deslocar, consegue ter essa experiência. “Em um show, por exemplo, existe a capacidade do local, no metaverso é infinito”, explicou. 

Outra especialista presente no evento para falar sobre as oportunidades e ameaças desta nova imersão digital, desta vez na área esportiva, foi Ariane Reisier, pesquisadora, consultora e palestrante, convidada do Grupo de Excelência em Gestão do Esporte - GEGE. Na sua apresentação, Ariane disse que o metaverso mudará a forma como assistimos e jogamos e afetará profundamente a forma como a indústria esportiva está estruturada. “A grande ameaça ao esporte que conhecemos hoje é o e-sport, com novas atribuições de imersão, que mudam a forma como os fãs interagem com o setor. É uma indústria que cresce em números exponenciais”, comentou, ao citar a expansão desse mercado no oriente. “Em 2021, a China chegou a 506 milhões de usuários de e-sport, um aumento de 13,5% ano a ano.” 

A pesquisadora lembrou também que, na medida em que as atenções se voltaram para o digital, novas oportunidades surgiram para os clubes de futebol, que mudaram sua estratégia de comunicação, apostando em conteúdos on-line inovadores “Os jogos de simulação dão para o usuário do e-game a oportunidade de replicar alguns dos atributos do futebol ao vivo”, explicou Ariane. 

   Arlan Roque

Negócios

A gestão e evolução dos negócios, que ao longo dos anos têm se adaptado a inúmeras transformações, é o tema central do ENCOAD 2022. Para falar especificamente sobre o mercado de franchising, o Grupo de Excelência em Franquias - GEF recebeu Arlan Roque, gerente de Expansão e Novos Negócios Cacau Show. Em sua apresentação, Roque mostrou que o Brasil está entre os quatro maiores países franqueadores do mundo e que atualmente existem 170 mil unidades franqueadas em todo o território nacional. 

Ele explicou que muito do que se fala hoje em relação à governança já era praticada no sistema de franchising. Isso porque, desde 1994, a regulamentação do setor obriga o franqueador a emitir a COF (Circular de Oferta de Franquias). “Esse documento congrega uma série de informações para que a decisão por parte do franqueado seja tomada de forma consciente. Nele temos, por exemplo, a relação dos atuais e ex franqueados, o que permite a interação com aqueles que já fecharam o negócio para perguntar o que não deu certo. Há, também, a relação dos processos judiciais contra a marca e tudo isso imprime muita governança e segurança para quem vai entrar no sistema", explicou. 

Roque lembrou, também, que esse modelo de negócios demanda totalmente as capacidades do profissional de Administração, como planejamento de mídia, de produção, de recursos humanos, de vendas, ou seja, tudo aquilo que a área possui em seus conceitos e disciplinas. 

Questionado se a franquia é o sistema ideal para aqueles que deixam seus empregos CLT e querem empreender, uma vez que não é necessário começar nada do zero e sim trabalhar com uma marca já estabelecida, Roque disse que essa é uma boa opção, mas fez ressalvas. “É preciso haver uma identificação com o segmento em que se pretende atuar e deve-se estar disposto a trabalhar muito mais em relação a quando se era apenas um colaborador de uma empresa”, advertiu. 

Já as tendências da inovação em serviços foram abordadas por Antonio Isidro Filho, pós-doutor em Inovação pela USP e convidado do Grupo de Excelência em Processo Prospectivo e Construção de Cenários - GEPC. Isidro trouxe para o debate as dez principais tendências globais de consumo para 2022, de acordo com o Euromonitor International, ressaltando que a inovação, na realidade, é o resultado do valor + impacto, ou seja, a efetivação modificação, para melhor, na vida de alguém. 

Ele mostrou que, hoje, o desenvolvimento de novos serviços não deve mais acontecer de dentro para fora, mas sim de uma maneira colaborativa, envolvendo diversos stakeholders, e que a integração destes serviços em um modelo plataforma é essencial. “Quando a gente pensa em integração, entendemos que as empresas estão cooperando com o governo, com o terceiro setor, permitindo que todos os atores interajam e desenvolvam novas possibilidades de renda, bens e serviços para a sociedade de modo geral”, explicou. 

Isidro também abordou as mudanças que tivemos nestes dois últimos anos, que impactaram as relações sociais e evidenciaram muitas diferenças entre as gerações, muitas delas relacionadas ao consumo. Por fim, o especialista trouxe as quatro grandes diretrizes da agenda de inovação pós-Covid, publicadas recentemente pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE, que são: sustentabilidade, digitalização, inclusão e resiliência.

O mercado internacional também esteve em pauta no terceiro dia do ENCOAD 2022 e Nelson Ludovico, professor da FGV,  sócio-diretor da Ludovico Instituto do Comércio Exterior, representante do Grupo de Excelência em Internacionalização de Pessoas, Empresas e Carreiras - GEIPEC, abordou a disruptura dos modelos tradicionais de negócios globais. Em sua apresentação, Ludovico explicou que com as modificações ocorridas nos negócios em todo o mundo nos últimos anos, as empresas tiveram que reformular seus conceitos, porque o Brasil se tornou um grande parceiro na Nova Economia, em termos de abastecimento das cadeias globais nas áreas de alimentos e indústria. 

Em 2021, o comércio internacional brasileiro teve um recorde ao atingir US$ 500 bilhões, envolvendo importações e exportações, o que levou o país à 9ª economia mundial. “É a primeira vez na história que o País, nas  cadeias logísticas e negócios globais, atingiu esse número fantástico”, ressaltou Ludovico.

O diretor comentou que desde o ano passado as empresas precisaram rever o modelo de negócio ao perceberem as mudanças e a disruptura da economia, que se deu em função do lockdown em várias partes do mundo. Com isso, os modelos tradicionais deram lugar a novas cadeias produtivas globais e, em 2022/2023, passaram a ter outros formatos de contratos, modelos de garantia, convenções, benchmarking, matriz swot, logística integrada, lead time (operação) e serviços adequados.

         Rosely Schwartz

Áreas transformadas nos últimos anos

Um dos temas mais discutidos na atualidade, principalmente após a ampliação do home office, é sem dúvida a vida dentro dos condomínios. Para falar sobre a gestão desse setor e as transformações pelas quais ele passou nos últimos anos, o ENCOAD recebeu Rosely Schwartz, autora do livro "Revolucionando o Condomínio" e coordenadora do Grupo de Excelência em Administração de Condomínios - GEAC. Rosely relembrou muitas das transformações que o setor sofreu ao longo dos anos, especialmente com o aumento do número de moradores de condomínios. 

A especialista ainda lembrou que, com a pandemia, muitas pessoas passaram a prestar mais atenção ao local onde moravam e a chamar a atenção do síndico para algumas coisas que antes passavam despercebidas. Outro ponto que evoluiu muito neste período, inclusive, foram as assembleias, que puderam ser realizadas de forma virtual, sendo que esta modalidade hoje é, inclusive, autorizada por lei. “Isso é muito bom porque as pessoas não têm mais desculpa para não estarem presentes. Quanto mais moradores participarem das decisões, melhor para o síndico, que compartilha essa responsabilidade. Isso é uma grande evolução”, disse. 

Rosely também lembrou que os condomínios estão cada vez mais parecidos com as empresas em relação à sua gestão, o que demanda profissionais capacitados, comprometidos, atentos à legislação e às demais tendências de mercado, como a sustentabilidade, por exemplo. “Esse aspecto é um item muito importante. O gestor que tem essa preocupação traz redução de custos e uma valorização patrimonial muito grande, que impacta, inclusive, no valor de venda dos apartamentos”, ressaltou.

Ainda na esteira de temas que tiveram grande destaque nos últimos tempos, o ENCOAD trouxe para o debate a gestão de projetos. João Camargos, Head Project Management Office na Superlógica Tecnologias, convidado do Grupo de Excelência em Gestão de Projetos - GEPRO, falou que atualmente existem 44 mil instituições financeiras em todo o mundo. Só nos EUA são 18 mil e, no Brasil, até 2020, existiam 601 órgãos financeiros regulados pelo Banco Central.

“Ao comparar esses números é possível perceber que há uma oportunidade enorme no Brasil para a criação de, pelo menos, mais 2.500 instituições. Além dos grandes bancos como Caixa, Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Santander, nos últimos anos surgiram algumas fintechs, como o Nubank, C6, PicPay, entre outras”, elucidou.

Camargos apresentou, ainda, um projeto que ele liderou por dois anos, voltado à implementação da Sociedade de Crédito Direto – SDC. Ele explicou como funcionam as operações de empréstimo, financiamento e aquisição de direitos creditórios da SDC; como foi feita a estruturação da operação regulada; e as etapas de implantação do SDC, a partir da autorização do Banco Central. “Esse projeto me fez perceber que a burocracia pode ser linda. É muito bom um projeto dessa importância ter como regulador o Banco Central. No Brasil temos algumas entidades públicas que funcionam muito bem e o Banco Central é uma delas”, salientou.

   Antonio Vico Mañas

Pessoas e diversidade 

Tem sido um consenso entre os especialistas ouvidos no ENCOAD que as máquinas e a tecnologia são grandes parcerias no desenvolvimento dos negócios, mas que são as pessoas a verdadeira essência das organizações. Por isso, embora muitas temáticas tecnológicas estejam sendo debatidas, também é importante olhar para os profissionais e suas necessidades. Por isso, neste terceiro dia de evento, o Grupo de Excelência em Gestão de Instituições de Ensino Superior - GEGIES recebeu Antonio Vico Mañas, pós-doutor em Administração pela FEA-USP e professor Titular da PUC-SP, para falar sobre o que o administrador precisa dominar nesses novos tempos. Vico Mañas comentou que muito tem se falado de profissões que desaparecerão ou serão substituídas e, também, da necessidade de educar e treinar profissionais para o futuro. Contudo, desde o início dos anos 2000, os autores têm apontado caminhos que os administradores deveriam dominar. 

“Os administradores do futuro deverão ser mestres em suas ocupações. Eles terão vivenciado tantas variações daquilo que funciona ou não, que raramente vão ficar decepcionados ao se depararem com algo que não seja usual. Esses profissionais deverão saber instintivamente o que fazer, a quem recorrer e como lidar, em qualquer crise ou oportunidade. Devido a sua profunda experiência, eles conseguirão identificar falhas logo no início e liderar suas equipes na avaliação e solução de novos desafios. Os profissionais da Administração vão continuar a mudar seus ambientes de trabalho, de vida e isso os ajudará a desenvolver o domínio em sua profissão”, afirmou. 

Ainda falando sobre pessoas, o ENCOAD recebeu Cristian Welsh Miguens, sócio-diretor da IRON Consultoria e Luiz Lunkes, sócio-diretor da Flowin³ Transformação & Performance, convidados do Grupo de Excelência em Administração Estratégica de Pessoas e Tecnologias - GEAPE/Tech. No bate-papo, os especialistas reforçaram que o grande desafio da gestão moderna é saber administrar o presente criando o futuro desejado e que a complexidade é o novo normal. Para eles, o desafio das organizações é conseguir acompanhar a evolução dos indivíduos. 

Eles lembraram, ainda, que crises locais hoje têm um impacto global e citaram como exemplos a pandemia, que se iniciou localmente, e a guerra da Ucrânia, que afetou os preços de insumos ao redor do mundo. Para atuar frente a essas adversidades, os especialistas recomendaram aos profissionais: abraçar a complexidade, abrir mão das certezas, reconhecer que não conseguimos saber tudo e que somos passíveis de falhas, fazer uso da inteligência coletiva, utilizar a experimentação em processos incrementais e usar a falha como meio de aprendizado.

       Sônia Lesse

Por fim, ocupando a última faixa especial e fechando com excelência a programação do dia, esteve Sônia Lesse, especialista em Diversidade e Inclusão, sócia e diretora de Experiências na Profissas. Na entrevista, Sônia comentou que o gestor que deseja manter seu negócio saudável e competitivo precisa acompanhar as tendências de mercado, pelo menos nos próximos dois anos, para não perder tempo, dinheiro e entrar em “enrascadas” que podem surgir ao longo do caminho. “É importante o gestor garantir que o negócio que ele gerencia está indo para o caminho que deseja e, principalmente, não está resultando em um resultado negativo para o negócio”, afirmou. 

A especialista complementou dizendo sobre a importância de criar conexões com outros gestores e até mesmo com pessoas diferentes, afinal, quando se fala em inovação e criatividade não é possível garanti-las apenas com pessoas que pensam igual. “A gente cria e inova a partir de contextos que são diferentes daqueles que conseguimos construir sozinhos. É importante, também, fazer parte de comunidades, praticar o networking, saber o que está acontecendo e discutir estratégias, pois é fácil para o gestor cair na rotina do dia a dia, se apegar a processos e não falar de estratégia. É preciso ter um planejamento, que envolve o desenvolvimento individual do gestor e do negócio”, orientou. 

Por estar à frente de programas de desenvolvimento e formação de pessoas, Sônia é expert em orientar sobre a implementação de diversidade e inclusão nas organizações. Para ela, o primeiro passo é a empresa reconhecer o seu cenário interno, antes de se lançar em uma mudança cultural. Na sequência, é preciso estruturar seu posicionamento e criar um processo de sensibilização e letramento da equipe. Depois disso, a empresa tem que se direcionar para as lideranças, porque o engajamento deve partir deles. “Muitas organizações podem precisar de apoio nesta etapa. Se não souber como fazer, não vá para a tentativa e erro, busque apoio especializado para isso”, sugeriu.

Participações institucionais

O terceiro dia do ENCOAD também contou com a presença das administradoras e coordenadoras do CRA-SP Noemi Santos (Registro), Aida Rodrigues (Relações Acadêmicas) e Ana Paula de Souza Lima Martins (Fiscalização), para um bate-papo sobre produtos e serviços do Conselho, como a Carteira de Estudante e o Registro Profissional. Durante o momento, os participantes puderam conhecer melhor as atividades desenvolvidas pelo CRA-SP em prol dos profissionais e empresas da área e em defesa da sociedade, bem como enviar suas dúvidas pelo chat. 

Você encontra o resumo do primeiro e segundo dias do ENCOAD aqui no portal da ADM PRO. Todas as apresentações e entrevistas de hoje, dia 14, estão disponíveis na íntegra no vídeo abaixo. Para conferir a programação completa e, também, realizar a inscrição do evento acesse www.encoad.com.br

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