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E-Sports: o mundo dos games

Ele é muito jovem, mas fatura mais do que as indústrias do cinema e da música juntas: só no ano de 2018 no Brasil, foram mais de 1 bilhão de dólares, colocando o país  como o primeiro do mercado da América Latina e o décimo terceiro em todo o mundo. Sabe de qual setor eu estou falando? Estou falando do setor dos jogos digitais que, cada ano que passa, se torna uma área mais profissional, exigindo um crescimento constante de performance não apenas dos seus atletas (como são chamados também os gamers), mas dos gestores que fazem um árduo trabalho no ambiente offline.

Para conhecer mais sobre os bastidores da gestão do mundo dos jogos digitais ou online, o CRA Entrevista Live convidou Lucas Almeida, um ex-jogador desses games que viu nesse universo uma grande oportunidade de empreender. Em 2014, ao lado de um sócio, ele fundou a INTZ, um clube de esportes eletrônicos que atua entre treze modalidades diferentes, além de também promover a difusão na sociedade desse mercado que ainda sofre um pouco com o preconceito. 

O mundo dos esportes eletrônicos é muito vasto. São diversas modalidades, gigantescas competições que chegam a movimentar milhões em diferentes partes do mundo e uma grande oportunidade de negócios que ainda aqui no Brasil é pouco explorada, como mencionou o nosso convidado. Por não ser um mercado tradicional, alguns empresários e investidores mantém o receio em participar, contudo os expressivos números relacionados a ele - mais de US$ 100 bilhões de faturamento anual no mundo -  estão atraindo mais pessoas.

A brincadeira passou a ser coisa séria quando há 22 anos se percebeu que as competições poderiam ser transformadas em grandes eventos e com o avanço tecnológico, os jogos passaram a ficar mais acessíveis a populações de diferentes classes sociais, lugares do planeta, viabilizando, assim, um engajamento maior dos jogadores (até então amadores) e uma maior popularização de jogos como Counter-Strike, um dos pioneiros do mercado.

Mas desde agora é preciso esclarecer uma dúvida. Jogos digitais ou online não é a mesma coisa de E-Games, como explica Lucas: “dentro dos esportes eletrônicos, muita gente acaba confundindo com os games e aí se criou uma sigla que não faz parte do nosso mercado [jogos eletrônicos] , foi até uma visão de quem não conhece o mercado, que é  o E-Games. Tem até uma brincadeira do nosso cenário que acabou virando meme: quando a pessoa usa o termo E-games quer dizer que ela não conhece”. O CEO da INTZ fez questão de fazer essa diferenciação porque muita gente ainda, por conta até da falta de informação massiva sobre esse mercado bilionário, confunde muito essas terminologias. Para ficar ainda mais didático para as 250 pessoas que acompanharam o CRA Entrevista Live, ele fez uma analogia com uma simples bola. De acordo com ele, da mesma forma que uma bola pode ser usada em diversas modalidades esportivas (futebol, vôlei, basquete, handebol), o jogo eletrônico também, surgindo desde versões infantis como o “candy crush” até os voltados para o público adulto, podendo ser apenas uma brincadeira individual, em grupo, valendo apenas a diversão ou uma grande premiação para o vencedor, surgindo daí os esportes eletrônicos, conforme explicou Almeida.

Apesar do mercado hoje ser um dos que mais crescem no mundo e, como já mencionamos, detentor de um faturamento bilionário a nível mundial, ainda é um desafio para os empresários da área do E-Sports, principalmente, aqui no Brasil, investir fortemente, como acontece nos EUA e em alguns países asiáticos, a exemplo da China. Por ser uma indústria muito nova, como Lucas colocou na entrevista, nesses últimos anos estruturas se fortaleceram e os resultados já são comemorados, esclareceu o empreendedor: “em junho de 2014 [quando a INTZ foi fundada], não existia contratos de jogadores baseados em algo que valia juridicamente, não existia nenhum processo jurídico onde consolidava que um jogador de videogame era um atleta de esportes eletrônicos (...)”.

Com o mercado mais consolidado, hoje os atletas de jogos online já podem ter carteiras profissionais assinadas como jogadores profissionais de videogame, sendo respaldados pela Lei 9.615/98, mais conhecida como Lei Pelé, uma norma jurídica que regulamenta a prática desportiva no país. Uma cadeia operacional se forma nos bastidores, havendo a presença da gestão em diferentes áreas. Como vimos, ela começa no gerenciamento de pessoas (jogadores, treinadores, fisioterapeutas, médicos, empresários, nutricionistas), passa pela compra de equipamentos (games, teclados, mouses, cadeiras ergonômicas), manutenção dos CTIs (centro de treinamentos), suporte jurídico, financeiro, marketing, enfim, há muito trabalho no offline que não é divulgado e todas essas demandas podem ser grandes oportunidades de atuação para o profissional de administração.

“Eu venho do mundo das startups, crescimento rápido, lançar o produto quanto antes, conversar com o cliente (...). A gente tem uma gestão horizontal, onde, ainda que eu seja o CEO da operação nós temos grupos de trabalho onde eu possa ser um participante e o assistente de marketing o meu chefe. (...) A gente consegue criar muito mais projetos, com muito menos recursos (...)”, apresentou Lucas o perfil de administração da INTZ maior clube de jogos online do Brasil com pretensões de se tornar o maior da América Latina.

Por fim, falamos também da importância social dos E-sports. Segundo Lucas, usar os games no fomento da cultura, entretenimento e inclusão social da população, em especial das crianças e jovens que vivem em situação de risco, poderia ser um dos grandes pontos abraçados pelo Governo para que esse mercado também seja investido como uma ferramenta socioeducativa. Nesse momento, chegamos em mais uma oportunidade profissional que a área está promovendo para o mercado de trabalho. Contudo, o empreendedor que espera no ano que vem atingir o “oitavo dígito” no faturamento da empresa, afirmou que quem quiser fazer parte desse setor promissor tem que chegar com muita cautela e responsabilidade. No início, o ideal é conhecê-lo bastante antes de abrir uma empresa do ramo ou se tornar um investidor ou colaborador porque é um segmento complexo, aconselha: “se você tem um clt ou uma segurança financeira não acho que deveria largar tudo para empreender. Deveria pegar suas horas extras, ao invés de ficar assistindo TV, tentar empreender nas horas que sobram do trabalho e aí quando esse negócio estiver escalando, tiver dando uma receita (...) eu acho que vale à pena de virar a chave”, encerrando com essa dica a participação no CRA Entrevista Live que está disponível em nosso canal.

Se você quiser rever alguns pontos ou não conseguiu assistir na íntegra a entrevista do Lucas Almeida, clique no link abaixo e não esqueça de se inscrever no nosso canal, onde esse e outros conteúdos estão disponibilizados.

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