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Comunicar para administrar melhor

As relações nos condomínios nunca foram tão intensas. O isolamento social fez com que administradoras, moradores, síndicos e funcionários compartilhassem muito mais do que o espaço físico, mas também o conhecimento sobre as finanças, a comunicação e a responsabilidade social. A aposta, agora, está em um convívio mais consciente e participativo

A orientação “fique em casa” mudou a rotina dos moradores de condomínios de todo o País. Uma obrigatoriedade que revelou inúmeras demandas, não só para a convivência entre as pessoas, mas também para a manutenção adequada do sistema, que envolve áreas como logística, limpeza, recursos humanos e segurança. Administrar toda a demanda decorrente dos moradores, bem como as necessidades de funcionários, fornecedores e parceiros se mostrou extremamente importante para todos pudessem ficar bem nesse momento tão difícil.  

Para as administradoras de condomínios e os síndicos, esse período trouxe, ainda, a preocupação com as finanças: muitos moradores, com a alta do desemprego, atrasaram o pagamento do condomínio, enquanto as despesas básicas como água, luz e gás aumentaram significativamente devido ao maior número de pessoas em casa. Uma conta que não fecha e que pode afetar diretamente o fluxo financeiro não só de agora, mas também do futuro. 

Para o Grupo de Excelência em Administração de Condomínios - GEAC, do CRA-SP, a pandemia destacou ainda mais a importância do acompanhamento efetivo do planejamento financeiro e também reforçou a relevância das melhores práticas na gestão, como transparência, comunicação, uso de novas tecnologias e a participação efetiva de conselheiros e das administradoras. 

O Grupo de Excelência em Administração de Condomínios (GEAC) do CRA-SP lembra que é  essencial que os síndicos e as administradoras estejam atentas ao controle das finanças, incluindo aí o Fundo Reserva, que também obedece a critérios definidos na convenção do condomínio, na qual é estabelecido um mínimo necessário para situações de emergência. 

Acompanhamento financeiro

Para reduzir os custos atuais e mitigar os prejuízos decorrentes da inadimplência, o GEAC lembra que muitas ações podem ser tomadas, como a redução da jornada de trabalho e salário de colaboradores (de acordo com a MP 936, de 01 de abril de 2020), o cancelamento de manutenções e serviços anteriormente planejados, mas não essenciais, e a negociação com os contratos já firmados. Entretanto, deverá haver um controle maior sobre a falta de pagamento dos condomínios daqui para a frente, de forma a se entender o que já era esperado antes da pandemia e como a situação mudou. Essas informações, de acordo com o Grupo, são muito importantes para que o síndico acompanhe a tendência e o percentual de crescimento, uma vez que o resultado irá impactar diretamente nos compromissos já assumidos para o pagamento das despesas. 

É importante lembrar aos moradores que os valores em atraso acarretam multas e correção monetária, que não poderão deixar de ser cobradas por conta das determinações fixadas em convenção. O síndico deve estar atento a isso e cumprir o acordado para que não seja responsabilizado judicialmente pelo não cumprimento das obrigações.  O GEAC ressalta, porém, que o percentual da correção monetária poderá ser negociado e, de acordo com a justificativa de cada um, é possível realizar acordos e parcelamentos da dívida. 

Por isso, é essencial que os síndicos e as administradoras estejam atentas ao controle das finanças, incluindo aí o Fundo Reserva, que também obedece a critérios definidos na convenção do condomínio, na qual é estabelecido um mínimo necessário para situações de emergência.  A importância do controle de gastos e faturamento está justamente na necessidade de se manter um Fundo saudável, sem que seja preciso recorrer a outras saídas como empréstimos bancários, por exemplo.

 Rodrigo Karpat 

Comunicação e relacionamento 

Além do rigoroso acompanhamento das questões financeiras, a comunicação e o diálogo com os moradores se mostram essenciais não só agora, mas também depois, em possíveis crises ou, até mesmo, na hora de restabelecer as finanças para o mesmo patamar de antes. “Os condomínios que têm os melhores resultados são aqueles que têm uma gestão democrática, que prezam pela participação da massa condominial. Para se ter um condomínio participativo, é preciso envolver os moradores nas decisões e nada como uma boa comunicação para alcançar esse objetivo. É na figura do síndico que isso se concentra. É ele quem poderá fazer a “ponte” entre administradora, moradores, condôminos e funcionários”, alerta Rodrigo Karpat, advogado e coordenador de Direito Condominial na Comissão Especial de Direito Imobiliário da OAB-SP. Ele lembra, ainda, que a boa comunicação é uma obrigação do condomínio, pois é a partir dela que existe a redução no número de conflitos.  

Karpat acredita que um dos legados deixados pela crise do novo coronavírus nos condomínios é a melhoria do relacionamento interpessoal, uma vez que esse período fez com que as pessoas pudessem enxergar melhor o outro. Para ele, as grandes tragédias nos fazem mais compreensivos e humanos no sentido de entendermos que vivemos em uma comunidade na qual boas ações e compreensão em relação ao próximo são fundamentais. “Grandes conflitos, principalmente em relação a perturbação, tendem a ser maior nesse período onde todos estamos em casa. Então, parto do pressuposto que, se você conseguiu passar por esse período, a tendência é que haja mais compreensão pós-isolamento social”, projeta.   

Controle das finanças, engajamento dos moradores, participação nas decisões e bom relacionamento são itens que sempre estiveram presentes dentro dos condomínios. Potencializados pela obrigatoriedade de maior convivência no período de quarentena, eles mostram que esse é, de fato, o caminho para que a administração de condomínios seja ainda mais profissional. 





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