Primeiro dia do ENCOAD 2022 atinge quase mil likes em sua transmissão - CRA-SP
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Primeiro dia do ENCOAD 2022 atinge quase mil likes em sua transmissão

O primeiro dia do Encontro do Conhecimento em Administração - ENCOAD 2022 (que vai até a próxima quinta-feira, 15) reuniu diversos especialistas, de inúmeros setores, para debater a [Re]Evolução dos Negócios. Nas mais de sete horas de programação, o evento, que está sendo transmitido pelo canal A Serviço da Administração, no YouTube, com tradução simultânea em libras, reuniu 6.050 visualizações e muitas interações no chat. O vídeo ainda teve quase mil likes durante o dia. 

Na abertura desta 13ª edição do Encontro, o presidente do CRA-SP, Adm. Alberto Whitaker, ressaltou a importância das atuais tendências para o dia a dia da profissão e destacou a programação da semana. “A Administração é um ciência viva, que se adapta a novos cenários e situações, e tenho certeza que durante estes quatro dias todos nós veremos diversas possibilidades de transformação, seja no nosso dia a dia profissional, enquanto pessoas, seja dentro dos nossos negócios”, disse. 

Whitaker também agradeceu aos Grupos de Excelência do CRA-SP, que ajudam o Conselho na produção do ENCOAD desde 2009, e às empresas Deloitte, Itaúsa e KPMG, patrocinadoras desta edição do evento. 

Confira, a seguir, os principais momentos deste primeiro dia do ENCOAD 2022. 

ESG em pauta

A primeira faixa especial do evento contou com a participação de Nelmara Arbex, sócia-líder de ESG Advisory da KPMG no Brasil e líder da KPMG IMPACT. Em sua apresentação, Nelmara abordou a gestão do ESG (do inglês environmental, social, and governance) nas empresas. Ela explicou a necessidade de as organizações se posicionarem em relação aos aspectos que têm origem fora do negócio como, por exemplo, as mudanças climáticas, as secas ou, até mesmo, as questões de racismo. “São aspectos sociais, ambientais e de governança que fazem com que a empresa tenha que se adaptar a responder”, disse. 

Nelmara comentou, ainda, que a empresa que faz a gestão desses aspectos passa a ter acesso a novos mercados, créditos e talentos. “A gente tem um outro momento chamado de ESG na cadeia, que é quando a organização percebe que precisa tratar dessas questões em toda a sua cadeia de valor, gerando maior resiliência ao negócio e mais valor para toda a sociedade”, explicou.

   Anderson Godz

Anderson Godz, expert brasileiro em governança jovial e convidado do Grupo de Excelência em Governança Corporativa - GEGC, falou sobre a economia digital e as transformações globais. Godz ressaltou que a governança, assim como as demais ferramentas da Administração, não foi criada para atuar em ambientes de extrema incerteza.

Diante disso, o especialista trouxe os 10 fatores de pressão da nova economia que impactam diretamente a prática. Entre os itens citados por Godz estão a quantidade e as diversas modalidades de capital hoje existentes, que dificultam o processo de governança, uma vez que as organizações possuem cada vez mais donos, com interesses diversos; o chamado timing to legal, ou seja, a falta de regulação inicial para algumas inovações; além das inúmeras contradições existentes na sociedade. 

Godz também ressaltou que a governança jovial nada mais é do que um olhar mais atual para a prática, que deve estar presente não só nas grandes corporações, mas também nas pequenas e médias empresas. "É preciso inovar a governança, ou seja, tornar a disciplina mais amigável para pequenos empreendedores, e governar a inovação, levando as decisões sobre novos modelos de negócios para os grandes conselhos empresariais", disse. 

Por fim, o Godz exemplificou  que a governança possui muitas matizes e é necessário olhar para a prática com uma visão mais abrangente. "Se você perguntar o que é governança para um contador, ele vai dizer que é prestação de contas. Se questionar um advogado, ele vai dizer que é compliance. Agora, se você perguntar para um empreendedor, ele vai querer falar depois, porque estará dedicado à venda, ao negócio em si e não vai querer pensar nisso naquele momento”, definiu.

        Claudio Andrade

Outro especialista a abordar o impacto do ESG nos negócios foi Claudio Andrade, Chief Sustainability Officer da RATIO IS e convidado do Grupo do Pacto Global - GPG. Ele debateu especificamente as ferramentas utilizadas para mensurar e dar consistência às ações ESG desenvolvidas pela empresa. 

Antes de falar sobre como fazer esse acompanhamento, Andrade explicou de que forma implantar o ESG, que segundo ele, é uma evolução e um despertar de consciência em relação à sustentabilidade. “O primeiro passo é criar uma estrutura, como um grupo de trabalho, que deve ser composto por lideranças representativas. O passo dois é fazer um estudo dos processos internos conforme os tópicos do ESG. Na sequência, deve-se elaborar um plano de ações adequado às oportunidades da empresa, com metas e um orçamento. Por fim, o quarto passo é verificar o progresso e comunicar a evolução conquistada e, aqui, a intenção é a transparência”, orientou. 

Depois dessa jornada, o especialista citou algumas das ferramentas mais utilizadas para acompanhamento dos processos, como o GRI - Global Reporting Initiative, o ISE - Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3, e o Pacto Global, do qual o CRA-SP é, inclusive, signatário. “A consistência das ações é potencializada quando usamos uma ferramenta. Não é necessário utilizar todas, o importante é começar a dar consistência para aquelas práticas que você diz que tem, para que não se caia na armadilha do greenwashing. Com isso, o resultado será uma reputação elevada, um lucro maior  e a inovação de processos”, explicou Andrade.

   Angela Garcia

Sustentabilidade e consciência

Sabendo que a temática de sustentabilidade e responsabilidade corporativa é uma das tendências mais fortes para os próximos anos, o primeiro dia do ENCOAD 2022 também recebeu Angela Garcia, especialista em Sustentabilidade Empresarial, com MBA em Gestão Estratégica de Meio Ambiente, que esteve no evento a convite do Comitê Jovens Administradores - CJA. Angela mostrou que a sustentabilidade empresarial é o sinônimo de uma boa gestão, completa, na qual a empresa olha as questões econômicas, sociais, ambientais e de governança. 

Ela mostrou que todas as organizações, independente do setor de atuação ou do porte, devem estar atentas a essas questões, uma vez que os investidores estão de olho nesses conceitos. Outro ponto apontado por Angela foi a questão geracional, que tem se alterado nos últimos anos. “Os millennials têm um peso econômico muito grande. Atualmente, 20% da população brasileira é constituída por essa geração e, até o final desta década, chegaremos a 70%. Essas pessoas pensam, consomem e investem de maneira diferente e isso, consequentemente, impacta os negócios”, definiu. 

Por fim, a especialista deu dicas para quem não sabe por onde começar essa mudança rumo à sustentabilidade. “O mais importante é fazer uma análise dentro desse novo cenário. Onde eu estou, onde minha empresa está? Em muitos diagnósticos que faço descobrimos que as empresas são sustentáveis, mas não sabem o quanto e, por isso, não comunicam para seus consumidores essas informações relevantes. É preciso entender, também, que a sustentabilidade é uma jornada e não algo que acontece de uma hora para outra, até porque o mundo está em constante transformação”, finalizou.

Outra questão referente à sustentabilidade, dessa vez na hotelaria, foi abordada por Ana Biselli Aidar, presidente-executiva na Resorts Brasil e convidada do Grupo de Excelência em Administração Hoteleira - GEAH. Ana fez uma reflexão sobre a sustentabilidade, tema que atualmente vem sendo falado em todos os ambientes, e questionou se realmente é algo novo, abstrato ou se efetivamente será possível trazer ações práticas no dia a dia. 

Ana contou que fez análises com as ONGs do Brasil por meio de discussões e  vários fóruns. No seu doutorado em Administração de Empresas ela teve a oportunidade, também, de discutir com algumas lideranças quais as práticas de gestão são mais relevantes para o setor de hotelaria. “Fiquei feliz em saber que a sustentabilidade não estava no foco como diferencial competitivo, essa era uma preocupação. Todos nós devemos trabalhar o tema de forma coletiva e com um espírito colaborativo. Não deve ser diferencial competitivo para ninguém, apesar de haver casos de posicionamento dessa maneira. Temos que trabalhar de forma conjunta para endereçar esses desafios, tanto em aspecto ambiental, como social e de governança”, disse.

Para ela, a boa notícia é que o turismo, além de poder participar desse movimento tão importante das empresas ao longo do negócio, também é visto como um vetor catalisador dos temas relacionados à sustentabilidade. “Hoje temos, por exemplo, o Pacto Global que tenta traduzir para as empresas como elas podem fazer esse movimento. A gente tem uma organização do diálogo, trazendo os 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). O turismo, hoje, está colocado no centro e pode, de fato, catalisar esses movimentos”, encerrou. 

   Thomas Eckschmidt

Na segunda e última faixa especial do dia, foi a vez de Thomas Eckschmidt, cofundador e ex-diretor geral do Movimento Capitalismo Consciente no Brasil, CEO e cofundador da Conscious Business Journey, falar sobre um novo mindset empresarial. Para ele, é possível perceber uma grande transformação na forma de se fazer negócios. 

Se no século passado o foco era só nos acionistas, hoje essa forma já não funciona mais e as organizações estão entrando em uma era na qual é preciso focar no bem-estar do ser humano. “O que a gente percebe é quase que uma retomada à essência de qualquer empreendimento”, afirmou. O especialista abordou, ainda, os quatro fundamentos desse capitalismo mais consciente: propósito evolutivo, interdependência dos grupos de interesse, cultura responsável e uma liderança de cuidar. 

Questionado sobre a característica primordial desse tipo de negócio, ele afirmou que a grande mudança é na forma de agir. Desde o século passado, a gestão é baseada em metas e números, que ao serem alcançados aguardam pelo próximo ciclo. “Hoje, falamos mais de uma gestão com propósito. Ao invés de ter uma meta, eu busco ser melhor do que fui ontem. Este mês melhor que o mês anterior, esse trimestre melhor que o trimestre anterior e assim por diante. Cada área e cada indivíduo vai caminhar de uma forma diferente, mas a intenção é que sempre estejamos avançando. Então, eu tenho uma meta, um número estabelecido, mas também possuo um compromisso de ser melhor que o meu período anterior de medição”, explicou.

Áreas específicas 

Sempre sob o tema central da [Re]Evolução dos Negócios, o primeiro dia do ENCOAD também trouxe discussões a respeito de diversos setores. Alfredo Passos, partner da Atelier Brasil e coordenador do Grupo de Excelência em Inteligência Competitiva - GEIC, falou sobre a quarta revolução industrial, em especial a indústria 4.0, e os benefícios de se ter uma área, departamento ou profissional de inteligência competitiva na organização, seja ela pública, privada ou do terceiro setor. 

Outro ponto que o especialista trouxe foi a possibilidade da China se tornar líder em inteligência artificial, em 2025. Ele conta que o país asiático forma cerca de 5 mil engenheiros por ano e, com isso, a possibilidade de eles terem alta tecnologia e desenvolvimento é grande. No entanto, a dúvida que surge é: como isso pode impactar as empresas do Brasil? “É preciso que os dados e as informações sejam analisadas para que possam efetivamente ajudar na tomada de decisão, em termos de estratégia, de preços, de portfólios de produtos. É isso que o trabalho de inteligência competitiva procura cobrir”, explicou. 

        Marcos Moreto

Marcos Moreto, administrador hospitalar e integrante do Grupo de Excelência de Administração em Saúde - GEAS, abordou os desafios do setor, principalmente neste momento pós-pandemia. O especialista destacou alguns dos principais fatores que têm impactado a área e trazido inúmeras transformações, entre eles a experiência do paciente, a LGPD, a gestão financeira e populacional, as legislações e as novas tecnologias. 

“O mercado de saúde hoje está se reorganizando, se reestruturando. Passamos por uma pandemia sem igual, que serviu para reconfigurar o modelo. O administrador em serviços de saúde deve estar atento a essas mudanças. Um dos pontos mais críticos é a parte da experiência do paciente, que deve envolver, entre outras coisas, a comunicação, a saúde emocional e a transição do cuidado. Outro ponto importante é a questão financeira, que tem um impacto muito forte diante das reconfiguração no preço de serviços e insumos. O mercado de saúde hoje está sob total revolução", revelou Moreto. 

Sobre as novas tecnologias, o especialista mencionou o enorme número de dados que as instituições concentram e que devem ser utilizados de forma responsável, uma vez que se tratam de informações sensíveis e que estão suscetíveis a ações criminosas, como ataques hackers, por exemplo. Por fim, respondendo às questões levantadas pelos participantes do evento, Moretto mencionou que o mercado de trabalho para os profissionais da Administração na saúde está em expansão. Ele alertou, no entanto, que é preciso estar sempre atualizado, uma vez que as reestruturações na área têm acontecido em uma velocidade muito maior do que há alguns anos atrás. 

Debatendo o cenário internacional e o comércio exterior, Marcos Antonio Ventura, especialista em Gestão Estratégica de Negócios pelo ITA/ESPM, representante do Grupo de Excelência em Relações Internacionais e Comércio Exterior - GERICE, falou sobre a arquitetura de valor, um conceito que existe há alguns anos e surgiu principalmente devido à evolução da tecnologia na última década, e que faz parte da realidade dos administradores. “Na prática, quando falo em valor, me refiro desde o RPA (robotic process automation - em português automação robótica de processos) até o ESG”, comentou. 

Ventura falou também sobre o valor do uso, que depende muito da valorização que é dada pelo consumidor, que é quem diz o quanto está realmente disposto a pagar para adquirir aquele bem/serviço. “O valor passa a existir por parte dos olhos de quem é consumidor e isso, de alguma forma, tem que ser estruturado pela empresa e ser bem coerente com o plano de negócios, que deve ser flexível, dinâmico e adaptável à realidade do cliente, que vai querer sempre o melhor”, contou.

  Rogério Goes

Administração legal e finanças

Ainda falando sobre áreas específicas do conhecimento, o ENCOAD 2022 contou com a participação de Rogério Góes, administrador e empreendedor social, coordenador do Grupo de Administração Legal - GEAL. Góes disse que há muito espaço para os administradores atuarem em empresas do terceiro setor, que estão cada vez mais profissionalizadas. Segundo ele, uma pesquisa recente revelou que as entidades filantrópicas retribuem quase dez vezes o valor da imunidade tributária recebida. “É de grande valia para o País basear parte do trabalho dessas entidades e cada um se financia de uma maneira diferente”, explicou.

Góes fez, ainda, um alinhamento de ideias sobre os conceitos de cidadão e cidadania. “O cidadão pode ficar isolado esperando os seus direitos serem respeitados. A lei vai garantir a maior parte deles, mas nem sempre garantirá que seus direitos estarão disponíveis no momento necessário e na qualidade esperada. Já o cidadão unido a outros pode perceber que a cidadania implica numa responsabilidade mais ampla e complexa, que vai muito além da responsabilidade que nós temos ligadas à legislação. A cidadania é de certa maneira expressão da sua vontade, do seu propósito de fazer alguma coisa diferente”, esclareceu. 

Por fim, o administrador complementou dizendo que a sociedade civil pode atuar para monitorar o atendimento dos direitos sociais, que são garantidos pela constituição federal, como educação e saúde, de forma que possam ser distribuídos de maneira equânime.

Andre Massaro, professor de Finanças na B3 e na FIA Business School, coordenador do Grupo de Excelência em Administração Financeira - GEAF, debateu a evolução e novas tendências do mercado para a área de finanças. Em sua apresentação, o especialista abordou a desglobalização e a descentralização, o universo blockchain, o empreendedorismo e as fintechs, o novo profissional de finanças, além do trabalho híbrido e da arbitragem geográfica. 

Sempre direto em suas colocações, Massaro ressaltou que o profissional de finanças não deve trabalhar com base em achismos. “Quando falamos sobre administração financeira é preciso manter a objetividade. O que tem valor são fatos, pois qualquer um pode ter opiniões sobre os mais diversos assuntos. Um exemplo é o mundo das criptomoedas, que ainda está cheio de achismos. Hoje, as moedas digitais e os tokens são uma realidade, mas ainda não sabemos se isso vai ''''pegar'''' e desbancar a predominância do dólar”, defendeu.

Massaro falou, ainda, sobre a evolução do profissional de finanças, que tem se tornado mais tecnológico nos últimos anos, até mesmo para poder trabalhar com essas inovação. Por fim, o coordenador do GEF mencionou as transformações trazidas pela pandemia, como a possibilidade de contratar profissionais de qualquer lugar do mundo, obtendo vantagens econômicas, uma vez que a presença física não é mais obrigatória. 

Todas as apresentações e entrevistas do dia estão disponíveis na íntegra no vídeo abaixo. Para conferir a programação completa e, também, realizar a inscrição do evento acesse www.encoad.com.br

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