Um mundo digital. As organizações tecnológicas têm liderado as transformações na sociedade e ditado novas regras para o mercado de trabalho, deixando empresas e profissionais mais atentos às atuais tendências e necessidades.

Para falar um pouco mais sobre esse modelo de gestão, a Revista Administrador Profissional conversou rapidamente com Fiamma Zarife, diretora-geral do Twitter Brasil, que esteve na sede do Conselho no último mês de março participando da I Semana Mulheres em Foco. Confira:

Revista Administrador Profissional – ADM PRO: Fiamma, como foi a sua trajetória nessa área da tecnologia e do digital?

Fiamma: Minha carreira acabou sendo pautada por uma forte relação entre marketing e tecnologia. Desde a minha experiência no Banco Boa Vista, onde entrei como estagiária, até a vice-presidência de parcerias de conteúdo na Samsung, passando pelos projetos em que participei na ATL (Algar Telecom Leste), Oi, TIM e Claro, essas duas frentes sempre estiveram muito ligadas. Não por acaso, quando tirei um período sabático em 2014, fiz um curso de especialização na Singularity University, em Mountain View, no Vale do Silício. Essa experiência me abriu muito a cabeça, pois aprofundei o meu conhecimento sobre as maiores empresas de tecnologia do mundo. Fiquei encantada pela cultura de startups, com toda sua velocidade e tipo de gestão. Quando retornei ao Brasil, estava decidida de que queria experimentar algo assim.
Em julho de 2015 recebi o convite para trabalhar no Twitter, onde entrei como diretora de agências. Meu papel era desenvolver o relacionamento com as agências de publicidade e ajudá-las a usar o Twitter e todo o seu potencial, alinhado aos objetivos de comunicação e de negócio dos clientes. Em janeiro de 2017, assumi a operação no Brasil.
Meu empenho é em colaborar para que o crescimento do negócio do Twitter no Brasil e o fortalecimento das relações com as marcas e agências de publicidade sejam feitos de forma integrada entre os nossos diferentes times, fazendo com que eles trabalhem de maneira colaborativa e alinhada aos objetivos de negócio e à cultura da empresa no país. 

ADM PRO: É comum ouvirmos que as empresas da área tecnológica possuem mais incentivos em relação a diversidade no ambiente de trabalho. Como isso funciona no Twitter?  

Fiamma: A empresa possui um programa de formação de liderança em diversos escritórios do mundo que aborda as cinco competências que um bom gestor precisa ter - desenvolver, dar coaching, delegar, direcionar e integrar. Em uma linha de um desenvolvimento mais holístico em relação às diferentes culturas e perspectivas, o Twitter tem criado oportunidades de intercâmbios com times globais, promovendo experiências de curto ou longo prazo a seus funcionários.
Nosso mantra é #LoveWhereYouWork (ame o lugar em que trabalha) e queremos garantir que isso não seja apenas uma retórica. Nossos funcionários criam e contribuem para a cultura da empresa e é importante que eles sempre se sintam parte disso. O Twitter é uma plataforma aberta, pública e conversacional onde a diversidade vive. Com isso, procuramos fazer da nossa equipe um reflexo dessa diversidade: o Twitter está empenhado em construir uma força de trabalho cada vez mais diversa, pois isso vai nos ajudar a aprimorar nosso serviço para atender ainda melhor as pessoas pelo mundo.  Nosso compromisso abrange também a expansão dos programas de inclusão e diversidade, o recrutamento diverso, a realização de workshops sobre viés inconsciente e programas de tutoria.

ADM PRO: Você esteve recentemente no CRA-SP participando da Semana Mulheres em Foco e reforçou a necessidade de trabalharmos mais em prol da equidade de gênero. Como você vê essa questão no atual mercado de trabalho? 

Fiamma: Vejo que, de maneira geral, as mulheres ainda são sub-representadas nos cargos de liderança e acho que as empresas deveriam fazer mais para mudar isso. No Twitter, por exemplo, oferecemos a licença parental de 140 dias para todos os funcionários. Ou seja, os pais têm o mesmo período de afastamento que as mães que trabalham no Twitter possuem após o nascimento ou adoção de seus filhos. A iniciativa faz parte de uma série de ações voltadas à qualidade de vida e à equidade de gênero.

Sempre trabalhei em um mercado em que a maioria era de homens e, anos atrás, a discussão sobre o assunto não era tão ampla. Minha mãe me criou sem nenhuma limitação de oportunidade ou capacidade por ser menina, e isso me ajudou muito na carreira. Mesmo com a agenda apertada, faço questão de participar de eventos sobre empoderamento feminino. Fico feliz em servir de inspiração para outras profissionais e mostrar que uma mulher pode sim chegar ao topo de uma grande empresa de tecnologia.