Liderança ágil e a geração de valor ao cliente - CRA-SP
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Liderança ágil e a geração de valor ao cliente

Eduardo Carmello estreia a segunda temporada da série ADM Tendências  do CRA-SP para falar sobre o papel da Liderança na Era da Gestão Ágil e deixa claro que o sucesso das organizações do presente está profundamente atrelado à sua capacidade resolutiva de problemas

Em uma apresentação clara, concisa e conclusiva, Eduardo Carmello, diretor da Entheusiasmos Consultoria em Talentos Humanos, conduziu a estreia da segunda temporada da série ADM Tendências, realizada na noite do dia 4 de março, na sede do CRA-SP. Habituado a contribuir na formação e desenvolvimento de líderes e empresas inovadoras, em contextos de complexidade e incertezas, o especialista falou para um público animado e ávido por conhecimento, formado por cerca de 130 pessoas, sobre o papel da Liderança na Era da Gestão Ágil

Com uma abordagem baseada em problemas reais e atuais, que ele chamou de fenomenologia, Carmello enfatizou o desafio enfrentado por empresas “transatlânticos” - geralmente startups que recebem aporte e rapidamente passam do gerenciamento de algumas dezenas de funcionários a centenas de pessoas - para manterem a consistência e prosseguirem sem perder a cultura ágil, ao mesmo tempo em que, com a participação ativa da plateia, apontou as razões pelas quais liderar no mundo ágil não é uma das tarefas mais simples para empresas tradicionais: processos, cultura e sistema.  

De acordo com Carmello, o desejo de se tornar ágil é comum a muitas organizações, mas para alcançarem esse objetivo é preciso vencer a força da burocracia interna. “Não basta dar treinamento para as equipes e depois dizer: ‘agora vocês são ágeis, mas precisam ter paciência com as nossas burocracias’. É assim que as empresas quebram. Elas tentam ser modernas, mas o modo de pensar ainda é muito centralizado”, declarou.

Outro ponto destacado pelo especialista durante sua apresentação foi a famigerada questão do conflito de gerações. Para ele, 80% dos conflitos presenciados em grandes empresas não são de gerações, mas de proficiência de conhecimento e de ego, o que representa um grande desafio à atuação do líder. “A diferença aqui não é entre o velho, o novo e o ágil. Até porque, se pararmos para pensar, esse cara jovem que a gente acredita ser o cara ágil, representa apenas 5% no Brasil. A maior parte vive de intenção, não de entrega. Chega querendo 5 mil benefícios e o salário de um presidente, mas entrega como estagiário. O conflito é cognitivo. É ele que a gente tem que resolver. Não dá para jogar isso nas mãos do líder”, revelou. 

Desafios do líder ágil

Carmello reforçou a importância da organização fazer acontecer no universo ágil, por meio de sua capacidade de resolver problemas para o cliente - customer experience e customer success - e embasou essa necessidade no do que ele classificou como quatro dimensões: desenvolvimento de produto, inovação, core e liderança.

Segundo o especialista, no que diz respeito ao desenvolvimento de produto é importante, a exemplo do que motivou o manifesto ágil - criado em fevereiro de 2001 por 17 profissionais do segmento de desenvolvimento de software, com o objetivo de melhorar processos e torná-los mais valorosos, seguros e assertivos para seus clientes - que as organizações façam um exercício de metacognição, ou seja, pensem sobre como estão atuando. “Os maiores conflitos que geram grande tensão entre cliente e empresa surgem no momento de decidir entre o que a empresa prometeu para o cliente e a defesa da sua meta interna, do seu feudo e da sua incompetência. O ideal é aderir ao design centrado no cliente”, decretou Carmello, confiante de que esta postura mais centrada na satisfação do cliente promova uma mudança drástica no princípio do negócio, com a organização disposta a colocar um Produto Mínimo Viável (MVP) nas mãos do cliente para testes.

O quesito inovação, para ele, “anda junto” com o desenvolvimento de produto. “Agilidade na inovação é colar no cliente e aprender o máximo que você pode sobre ele, para aumentar a sua capacidade de validar ideias. Quanto mais você tiver espaço na sua organização para criar projetos de testagem de ideias, maior a possibilidade de ter mais ideias e ideias mais impactantes. É importantíssimo que você entenda e aprenda com o seu cliente o que é valor para ele”, assegurou.

Sobre liderança, Carmello foi enfático ao dizer que se a empresa não tem uma cultura forte, o que ela cultiva é um conjunto de líderes fortes, cada um atuando ao seu modo. “Se a organização quer líderes ágeis, ela precisa capacitá-los para entender o tamanho do seu impacto no todo e para conseguir ter clareza para pensar de fora para dentro. E, mais do que isso, treinar toda a cadeia. O líder ágil tem que dar velocidade no processo. E como é que se dá velocidade no processo? Eliminando o máximo de barreiras que existem dentro da empresa, o máximo de burocracia e de coisas que embarreiram e geram atrito. O líder precisa ser um design thinker para resolver os problemas de cultura e processo. Ele tem que rastrear e saber onde está parando”, definiu.

Para finalizar, Carmello falou sobre a importância das organizações cultivarem um ambiente de extrema confiança, em que os funcionários sejam ouvidos, possam dar ideias e, mais do que isso, tenham liberdade para questionar e interagir com o líder: “A liderança ágil tem alta capacidade de interação para entender o cliente, inovar, desenvolver um produto rápido, realizar um projeto, vencer obstáculos, fazer as coisas fluírem, deixar pessoas inteligentes trabalharem e abrir um espaço de 20 e 30% do tempo para a estruturação de projetos de inovação.”




Revista Administrador Profissional - ADM PRO
Publicação física com periodicidade trimestral
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